quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

As deixas...

Porque foi das passagens de ano mais verdadeiras, em sua homenagem aqui ficam as nossas deixas do teatrinho de reveillon:



- Matilde?


- Sim?


- Nunca mais a vejo?


- A mim? Não sei... quem sabe... Os que não morrem encontram-se, não é verdade?


- Não... não basta estar vivo... depende como se está vivo... Não se encontra só o que vem ao nosso encontro mas também o que se procura...


- Continue...


- Nós não somos folhas levadas pelo vento, animais à deriva... somos seres humanos com vontade própria...


- E a sua vontade Luís Bernardo... é voltar a encontrar-me?


- É... Matilde... a minha vontade é voltar a encontrá-la...


- E para quê...? Posso perguntar?


- Nem eu sei bem... talvez... para retomar uma conversa inacabada...


- Há sempre tantas conversas que ficam inacabadas...


- Por vezes porque temos medo do fim...


- Será acertado retomá-las ou deixá-las para sempre no ponto em que ficaram?


- Você faz muitas perguntas mas tem poucas respostas...


- Como se as tivesse Luis Bernardo...




in Equador

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

FELIZ 2009

No ano em que aprendi a voar
Onde desprendendo-me de seguranças
resolvi começar a arriscar
Onde largando verdades absolutas
comecei sem receios a acreditar


Acreditar no inacreditável
Sonhar o inimaginável
Arrebatar-me com o vento
Deixar-me levar voando
Sentindo-me pairar no tempo


Até a morte é doce
Quando se sente que se vive...

Até as partidas são oxigénio
Quando o amor pressiste...

Até os desencontros são felizes
quando sabemos que por amor
o encontro final existe


Voar...
Começo a voar...
Eu sinto-o...
E enquanto plano, vivo...




Este ano não foi lixado...
Este ano, para mim, foi complicado, mas também foi um dos meus anos mais bonitos!

A todos os que dele fizeram parte (especialmente Família, Rita, Rui, Inez, Luis, Maria) trago-os todos comigo, para sempre, na esperança que este seja um dos grandes primeiros anos da nossa vida.



FELIZ 2009 AMIGOS





Pic: MAHDYsayed

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Forum

E assim, numa semana de emoções intensas, saio da casa que foi minha durantes estes últimos 8 anos. Saio feliz por sentir que sempre fui eu, genuína. Saio feliz, por todos os momentos que vivi, sem excepção e sempre com uma enorme vibração. Saio feliz por todos os grandes amigos que encontrei. Saio feliz, por vestir a camisola até ao fim. Saio feliz, por sentir que acreditaram em mim. Saio feliz, por tudo o que fiz. Saio feliz, por esta saída ser parte da minha caminhada pessoal. Saio feliz, por não deixar que frases como "És louca", "És parva" corrompam os meus ideais.

Saio feliz por sentir que quem amo tem orgulho em mim.

Chorei... é verdade, e sendo eu como sou, uma Maria Madalena, é bem provável que me caiam mais lágrimas de saudades. Mas sorrio, confiante nos passos que vou dar em frente. Porque tudo farei com amor, por amor, tudo farei com sorrisos, como sempre.

Para os meus amores, para os meus amigos, para os amigos novos que virão, para toda a gente que me acompanha, que vive a vida com amor e nunca menospreza o coração... Trago-os todos comigo.

Ao meu pai... Sei que olhas por mim...

sábado, 13 de dezembro de 2008

O meu maior medo

Se soubesses e sentisses o que agora sinto
Como me sinto e as palavras que sinto que ficam por dizer
Estou feliz e entusiasmada, fascinada e arrebatada
Sou forte, em tudo o que seja descobrir o meu Eu

Mas confesso, tenho um medo...
O meu único, constante, eterno e grande medo ...

Perder um grande amor
Perder momentos importantes da vida de um amor
Perder sorrisos, provocar lágrimas, por não estar
Perder a paixão e arrebatamento da presença

Porque o meu amor é a razão do meu sorriso
O Amor é a minha vida,
O Amor é a razão do meu existir

domingo, 7 de dezembro de 2008

Tempo

Hoje, mais uma vez, os caminhos, as pedras caminhadas fizeram-me recordar momentos de encanto da minha infância. E preencheu-me tanto...

Recordar com um sorriso.

O percorrer um caminho contínuo, sem portas fechadas, nunca fechadas, de coração aberto para a frente, com curvas e desvios que já ao longe olhando para trás ficam visiveis e recordáveis por acabarem por ficar, à distância, no mesmo alinhamento. A lembrança de momentos escondidos por mais longe estarmos e porque uma ervinha, uma pedra à frente nos fez agradavelmente virar e olhar para trás sabendo, inexplicavelmente, aquilo que pretendemos encontrar e reavivar.

Olho para trás, olho para a frente, e sorrio por ver que torno a cada dia que passa o meu caminho para mim cada vez mais transparente.

Desenho-me mentalmente no vértice do presente que transformo em cada momento, vivência, experiência que passo, num ângulo recto que há medida que o tempo passa, se torna mais abrangente, caminhando no sentido do obtuso, muito para além do presente.

Pondero a hipótese de o passado ser o futuro e o futuro ser passado... São dependentes. O futuro é um reflexo do passado. O futuro é sequência do passado. Sem passado o futuro não existe. Sem futuro o presente é triste. O futuro é o desconhecido, o passado é apenas conhecido naquilo que na nossa memória pressiste, logo também é desconhecido, logo o passado pressiste no futuro enquanto a nossa memória teimar que aquilo que somos é apenas aquilo que hoje queremos ver. E o futuro existe no passado enquanto a nossa memória se permitir relembrar dos sonhos daquilo que um dia quisemos ser.


Alguém sabe como é que amanhã vai estar o Tempo?

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Dreamworks



Está frio é certo, mas hoje nem o frio me prendeu em casa. Depois de uma epopeia gigante para me arrancar debaixo do aconchego do edredão, depois de um banho daqueles que põe o espelho todo embaceado e um cheiro a fruta espalhado por toda a casa. Depois de me vestir como se fosse para a neve, colocar meias e perneiras, galochas, calças, camisolas quentinhas e blusões de penas na minha princesa, almoçámos e pusemo-nos à estrada para ir a casa da 'vuela'! Mas antes uma visita ao El Corte Inglés para nos encontrar-mos com o Pai Natal verde! Uau! ou que medo do senhor das barbas? A Ana Bola divertia miúdos e graúdos e perguntou a todos os meninos quem tinha árvores de Natal verdadeiras ou mentirosas... Cheguei à conclusão que a pequena princesa era a única que ainda não tinha a árvore de Natal montada. Grrrr.... Mas eu não estou atrasada! Estão é todos adiantados! Enfim, a miúda não achou que aquele fosse o Pai Natal verdadeiro, barbudo, gorducho, até querido, mas deve achar (digo eu) que o Pai Natal não se pavoneia, não se mostra, é mistério. Querida...

Lá fomos a casa da vóvó, lanchámos, jogámos às cartas e depois metemo-nos à estrada a caminho de casa. Como muitos outros eu não fui diferente. Parei o carro em segunda faixa e trepámos para ver a árvore de Natal Gigante no alto do Parque. Gira, grande, com música e sempre com um frio de rachar a congelar-me os dedos e o nariz. Mas o que brilhou (e a foto não lhe faz justiça) foi a Lua, no canto superior direito da árvore... Pequena, brilhante, com mais duas estrelas (ou planetas?!?) a acompanharem-na. Uma delas por baixo, quase pendurada, muito em jeito de Dreamworks. E funcionam, não é?

Pic: Skywalker

Corta as amarras que te prendem

Arrisco a mudança
Liberto-me...
Sem nunca me sentir totalmente livre
apenas cada vez mais perto
do que aos poucos parece ser
o meu verdadeiro eu

É essa a mudança
a consciência de nunca estar
verdadeiramente segura
o não planear exaustivamente
o amanhã
porque o amanhã sem hoje
pode não acontecer

Custa-me o desprender
Crio laços, uno-me de paixão
ligo-me a tudo, a todos
percorro o tempo
nunca esqueço
vivo cada minuto
como se fosse o último
vivo cada dia com emoção
Choro?
Muitas vezes...
Não acho estranho...
sorrio!
Tenho medo
por vezes...
Divirto-me?
Sempre

Mas no fim,
sempre consigo
Passo da doce tristeza que sinto
ao cortar das amarras decidida
num segundo de tempo desprendido

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Roma

Centuriões, Papas, Basílicas, Fóruns
Guardas, Igrejas, Fontes e Praças

Sobretudo momentos cheios de história
Momentos solenes, de grandeza e paz

Colosseo chamuscado, pesado
Monumento triste, ardente
Maravilha do mundo por fora
Terror e fogo por dentro

Palatino de ruínas, pedras
Vias romanas, esplendorosas
História, pedras pisadas
Paz, centro do mundo, gente

Santa Maria Maggiore, plena
Arte, silêncio cúmplice
Reflexo de um amor, maior
Procissão de Cardeais, incenso
Música celestial, paz,intenso

Fontana di Trevi, romântica
Limpa, luminosa, brilhante
Quente, em noite fria
Intensa, plena de trovas
Sussurra amor, apaixonante

São Pedro...
João Paulo II para Sempre

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Roma

Ciau

Todos os caminhos vão dar a Roma
pois então...
testemos de Avião...

Baci

sábado, 15 de novembro de 2008

É simples

Tudo complicamos
Tudo parece dificil
Tudo são batalhas
Quando o principio
no final é tão, tão
Simples...

É mais fácil escrever Simples que Complicado
É mais simples escrever Fácil que dificil
É mais fácil escrever Paz do que Guerra

É mais dificil escrever Mulher do que Homem
Mais dificil escrever Branco que preto
É igual escrever Nada Quando o Nada for Tudo
Tão simples falar Nós e mais simples tornarmo-nos Num

Porque é tudo tão simples

sábado, 8 de novembro de 2008

Switch off

Quando as coisas deixam de fazer sentido desliga-se o botão
Mas nunca se desliga por completo, pois não?
É só o interruptor que mexemos
o circuito, a ligação não quebram…
E assim é o coração…
As nossas decisões de garra o interruptor
O nosso coração a colorida e eterna ligação

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Lareira

Uma sala
Quatro cantos
Quatro paredes
Três lareiras

Um Chão
frio
de pedra

Uma lareira
Moderna
Outra
Pequena
Outra
de Pedra

A pequena
aquece
Sem troncos
Sem acendalhas
Vive Sem nada

A moderna
a gás
A de pedra
a fole
E o chão
Frio…
Frio
de pedra

Muda o chão
Tira a pedra
Põe tapetes,
Arraiolos
Ou Persas

Lareiras?
Sós não te servem
É o conjunto
É a harmonia
Que iluminam
e aquecem

E aí Descobrirás
que tu és lareira
que o teu amor
é fonte de calor

domingo, 2 de novembro de 2008

Para ti

Tenho hoje uma vontade enorme de te escrever
Hoje, mais do que nunca, gostava de te conhecer
Mostrar-te o meu sorriso, dizer-te que é uma etapa
Falar-te que tudo é bonito, mostrar-te que tudo passa

Tenho hoje uma vontade enorme de te proteger
dizer-te que o feio é bonito, quando visto com amor
abrir o meu coração e mostrar-te que todos os passos
todos os actos têm sempre o seu esplendor

E é nos passos difíceis que nos vêmos, abrimos
mostramos ao mundo o quão grande somos
E tu, és Grande, MUITO GRANDE
És Tão grande que mesmo não te conhecendo
Sinto-te e vejo-te perto mesmo que esteja longe

Para ti,
de quem apenas conheço o sorriso de um sonho

sábado, 1 de novembro de 2008

Partidas :)

Começa aqui uma nova secção, lamentavelmente esquecida, mas muito extensa e importante na minha vida... A secção das partidas, gaffes e afins :)

Sempre fui pequena de partidas nonsense, mas sempre com o cuidado de saber a quem as podia fazer, não fosse ferir susceptibilidades. Por isso aqui ficam as últimas partidas feitas ou que não tendo sido executadas, foram imaginadas e ainda me fizeram rir sózinha, feita parva, face à incompreensão dos que me rodeavam.

Partida N+1 (realizada)
No escritório agarrei num daqueles frasquinhos que sobraram das análises da medicina de trabalho, enchi-o com restos de água da máquina de café (côr 2, ph indeterminável) e escrevi em caneta de acetato "urina do carlos". Coloquei em cima da secretária de outro colega que não o carlos. Galhofa total! Ainda por lá anda e muito embora o abra e cheire com o nariz mesmo encostado ao frasquinho, ainda ninguém teve coragem de o cheirar.

Partida N+2 (não realizada e nem a realizar)
No elevador do edificio do escritório, estava eu sózinha e vi uma melga. Tivesse um post-it na mala tinha escrito e colado na parte de dentro do elevador "Está uma melga neste elevador". Saí do elevador a rir-me sózinha, disse "até amanhã" aos seguranças com o sorriso mais traquinas e continuei a rir-me... sózinha.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Todos os momentos contam


Todos os momentos contam
mesmo que esporádicos, curtos, intensos
quando ao invés de olharmos para o lado
nos damos limpos, transparentes, em frente

E nos vêmos...
Sentimos...

Sabemos...





Pic: luana

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Passos

Dei um passo gigante,
um pequenino e mais dois
os próximos são os mais importantes,
a prova de fogo vem depois

Quem não me vê e sente,
quem não me compreende
Não entende...
não entende...

Dou um passo sempre a seguir ao outro,
mas vou em frente, sempre em frente
Para trás vou espreitando,
para não esquecer o que foi importante
para voltar a olhar em frente
sempre com um sorriso renovado
de quem se sente feliz
por cada passo dado

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Pólos

Hoje vi o Todo daquilo que antes via pequeno, apenas e só adaptado a mim. Hoje Vi-o, como um prognóstico do nosso futuro que é já amanhã. O encontro do que desde o ínicio está predestinado. A junção de dois mundos que se tornaram imperfeitos ao serem separados à nascença e que como um íman se aproximam para se tornarem num único mundo, ser, momento perfeito.


Olhar ao espelho é um começo. Reconhecer o espelho de nós, ver o verdadeiro dos outros, lembrando-nos que o nosso não está do avesso.



Hoje compreendi sem o olhar, o quadro "Pólos"

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A Copa

Em todos os nossos locais temos momentos, de todos eles memórias.

Da sala o aconchego e sobretudo o orgulho do meu pai nela. Dizia-me “Li estes livros todos. Duvido que algum dia os leias”. Olhava prolongadamente para os quadros e passeava-se por ela. Mas a televisão que durante muitos anos pouco aparecia por estar socialmente escondida no móvel da televisão, acabou por teimosia ser um dos actores principais daquela divisão.

Do meu quarto, os beijos de boa noite e os momentos de adolescência em que de headphones gigantes punha a música no máximo e sonhava com um namorado que fazia as coisas principescas mais extraordinárias para me encantar.

Do quarto dos meus pais, o refúgio sempre que tinha um pesadelo, o sítio onde jogava uma espécie de andebol com o meu pai, onde líamos revistas e jornais, e local dos doces sorrisos ternurentos e das lágrimas mais tristes, mas sobretudo um local de paz.

Mas há um local que desde sempre tenho boas recordações. A Copa…

A copa onde comíamos por sermos apenas três e não justificar o trabalho de comer na sala de jantar. Não são só lembranças de refeições, são lembranças de conversas, são lembranças de reunião, numa divisão que sempre encantou pela luz, pela paisagem esverdejante que torna a janela num quadro, que encanta mesmo quando chove, quando faz frio, quando anoitece e sobretudo das muitas vezes que há fogo de artificio no alto do parque. Esta copa tem algo de especial… Por alguma razão que não sei explicar… No dia em que o meu pai partiu, o que começou por ser o local de almoço para cinco, tornou-se rapidamente numa sala de estar para uns doze. Se fomos para a sala? Penso que sim, mais para o fim do dia. Continuo a passar mais tempo lá do que em qualquer outro canto da casa, mesmo que o quarto dos meus pais ou a sala me aconcheguem. E ainda ontem, depois do jantar do meu aniversário lá estava eu e 3 das minhas meninas lindas sentadas em doce cavaqueira à volta da mesa, em reunião, como parece ter sido sempre…


À copa!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O melhor presente



Hoje agradeço ao mundo e a Quem faz tudo ter sentido
Que me faz olhar enternecida e maravilhada
Que me mostra sempre o lado doce da vida
Que me permite viver sempre apaixonada

Hoje agradeço Àquele que decide
os encontros e desencontros
o momento certo
o tempo do nosso olhar
a atenção num qualquer lugar
a magia das sensações
e nos apresenta o verbo Amar

Hoje agradeço-Lhe o presente de ontem
que é presente hoje e para toda a eternidade
O Amor dos meus pais


Ei… Papi! conto contigo logo à noite para me ajudares a soprar as velas dos nossos 34 anos.



Pic: skywalker

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Vida


De calças largas e mochila às costas
de cabelo desgrenhado espetado no ar
de quem parece ter saído de uma batalha

De peito erguido a inspirar Este ar
de olhos brilhantes, tez de súbito rosada
de quem se lembrou que há algo por lutar

De sorriso estampado no rosto, cheia de fôlego
Uma enorme vontade de mudar e por mim lutar

Desco em passada calma e saudável o monte
Uma passada larga e de súbito tão confiante
Olho em redor a paisagem linda, encantadora
de repente tão florida e tão verdejante

Olho em frente, sou eu que o procuro
sou eu que por ele luto, sou eu que o sigo
sou eu que o sabe, mesmo sem coordenadas
sou eu que o sinto, ouvindo, olhando, cheirando

O coração aponta-me para Aquela linda Estrela
aquela que não deixa nunca de me piscar o olho
aquela que me diz "vai em frente, tu consegues"

O peito enche-se do ar, que um dia me esqueci de respirar
O sorriso inunda-se com aqueles que não deixam de acreditar
No bolso, um doce Jaguar, para nunca me esquecer de lutar


Bonito o meu caminho que hoje com um coração a transbordar, um peito a encher-se de ar, um sorriso que não me larga o olhar, e um Jaguar no bolso a palpitar, me faz ACREDITAR.



sábado, 4 de outubro de 2008

O Título

Life
HEART
Warrior



Escrevi um post de algumas linhas,
dei-lhe um título
e vi que o título
era exactamente e apenas aquilo
que eu queria escrever.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Truz! Truz!

Hoje os teus olhos azuis fizeram Truz! Truz! à minha porta...

Hoje a lembrança dos teus olhos azuis raramente tristes
trouxeram à tona a saudade gigante que em mim existe

E senti-me por momentos igual à tristeza dos teus olhos
nos meus olhos castanhos que raramente estão tristes


Num momento apenas nosso, onde olho para dentro de mim e aguardo que me digas:

"Vês? É disto que não quero que te lembres e se por um algum acaso te lembrares, que seja para perceberes que esses pequenos momentos tristes que tive, foi por sentir sem o saber, que a terra já não era o meu o lugar. Agora, deste lugar, já não preciso de esperar pelo fim do dia para te encontrar. Vejo-te durante o dia, aconchego-te a roupa à noite, apareço para te afuguentar os sonhos menos bons e, sem o saberes, para te aconselhar. Eu sou o teu coração e os meus olhos apenas estão tristes, raramente tristes como dizes, nunca por desilusão, mas por ver que por algum motivo o teu coração, onde habito, fica apertado. Não deixes o coração apertar por mim, porque eu estou aqui...
Não te esqueças...
Ninguém merece as tuas lágrimas...
De ti o mundo quer sorrisos, que ilumines salas, enchas espaços frios e vazios.
Eu apenas quero ser um dos grandes motivos para a existência constante desse teu lindo sorriso. Já te disse que tens um sorriso bonito?"

Foste tu ou eu que escrevi?

domingo, 28 de setembro de 2008

Tchim Tchim!

São 01:40 e não me fui deitar (enganei-te!)
Nem vontade tenho de tomar o excêntrico pequeno-almoço da uma da manhã.
Marca-me uma leve queimadura no peito e um telefonema subitamente interrompido.
E da mesma forma que as nossas conversas correm a mil, sem nunca se esgotarem em conteúdo e sensações, encadeando-se subtilmente em assuntos mundanos ou transcendentais, a minha cabeça encontra-se numa montanha-russa de pensamentos distantes e o meu coração numa paz constante.
Dirás - "É natural..."
Respondo-te - "Aliás, nenhuma outra sensação faria sentido"
Dirias... Desculpa! não dirias nada, rias-te!
E eu no meio do sono que me carrega as pálpebras, ria-me contigo.

Existem horas preciosas, que nos trazem o fascínio da adolescência, a pureza da infância e o encontro do conhecimento com a velhice.

Eu, brindo a isso! A muitas horas de vida transversal cheias de sorrisos!


(vês... a vontade de escrever aparece, quando existem motivos para isso... dos mil e 1 drafts este tenho a enorme honra de carregar em "Publicar". À tua!"

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Fórmula Viva

Tira de todo um dia
a coisa mais positiva

Não quantifiques, não faças contas
nem de somar, nem de subtrair

releva apenas o pior
e anota, anota sempre

tira do mau o bom, exponencia o melhor
e o teu saldo ficará, sempre positivo

Porque o lucro existe em diversas formas,
e em alguma vertente, para ti, ele existe sempre...

tudo depende da forma como olhas, ouves e sentes
tudo depende do que queres ver, ouvir e sentir
tudo depende como assumes o teu caminho e vives a tua vida

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Espiral

Alguém fala por mim
quando não sei o que dizer

Alguém aparece antes de adormecer
para não me deixar cair em tentação
dos sonhos que me sinto incapaz de
de um dia tornar capaz de viver

Alguém sente as minhas lágrimas
aquelas que de dentro não saiem
e me grita "Ei! Tu consegues!"
minimizando os momentos fracos

Alguém me põe a mão na cabeça
abre-me os olhos, e faz-me olhar
para dentro, escutando o coração

Alguém me olha de longe
e sente-me longe tão longe...
Inalcansável...
Quando estou...
perto, tão perto...
dentro, tão dentro...
entrelaçada, fundida, unida
sempre, para sempre
em espirais multi-colores
num espaço infinito
de purpurinas coloridas

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

I can still recall...

E é nestas alturas que encho a boca para dizer que ADORO o filme Mamma Mia. Alguns acham-no ridiculo, eu acho-o precioso, pela alegria que traz à minha vida. Porque ri, chorei de emoção com a interpretação de uma das minhas músicas favoritas "Dancing Queen", embalei-me de momentos doces que guardo a sete chaves ao som de "Our Last Summer", arrepiei-me com a interpretação da Merryl em "The winners take it all" e ri-me a valer com os 'meninos' no final.

No carro passa sem parar o "Dancing Queen" e o "Our Last Summer" e sinto-me viva a valer. Se os outros condutores me acham doida, paciência, porque me divirto e enceno a coisa o melhor possível, tendo em conta as limitações da condução.

Entrada directa para a prateleira dos filmes preferidos da minha vida, junto com "La vita è Bella", "Em nome do Pai", "Meet Joe Black", "Braveheart", "O clube dos Poetas Mortos", "Os intocáveis" "Moulin Rouge", "The GreenMile", "Possession", "Jerry Maguire", "Dirty Dancing", "Goonies", "Annie", e como não podia deixar de ser o "ET".

Honey, Honey!

sábado, 13 de setembro de 2008

Onde está o estojo?

À falta da longinqua sensação de mais crescidinhos juntarmos duas cadeiras para dormir aninhados e repararmos que já não há espaço, cresci... caio daqui.

À falta do estojo vermelho cheio de compartimentos, que num dia de Natal tive a felicidade de receber, e que hoje queria dar à minha filha como uma passagem de testemunho, e revirando a casa do avesso fico irritada comigo e com os meus vaipes esporádicos de extrema organização, que me fazem desesperar à procura daquilo que um dia tive a infelicidade de guardar tão bem. Que raiva... não o encontro...

À falta disso, decidi meter numa caixinha tudo aquilo que um dia quero passar para a minha filha. O estojo? Compro-lhe um do género assim que o bolso me permitir, não envalidando o dia feliz em que o descobrir. De certo ficará feliz, felicidade essa que nunca chegará aos calcanhares da minha.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

É aqui!

A descer uma estreita estrada, curva após curva e no meio do nada, avisto umas casas pequenas ao fundo de um vale e do meu lado esquerdo pelo meio da vegetação começa a surgir o primeiro jazigo antigo que vi em toda esta viagem de regresso às terras dos meus antepassados. Um cemitério onde algo em mim me fez parar de imediato o carro, mesmo antes de visitar Navalho. Não sei em quanto tempo me pus à sua frente, mas para mim foi num ápice. Em segundos estava de frente para o jazigo e olhei para a única campa antiga que estava ao seu lado. Sorri de felicidade. A minha mãe ainda a entrar no cemitério perguntou-me se tinha encontrado alguma coisa. Respondi-lhe provavelmente com o sorriso mais feliz do mundo “Está aqui!”. Conhecemos a Tia Maria com quem logo fizemos amizade. Não era natural do Navalho. Contou-nos que depois de vir de Angola foi viver com o marido para ali e mesmo depois da sua morte, no ano passado, por lá continuava. Senhora doce, sozinha e pronta a ajudar qualquer um que lá passe. Disse-nos que nos ía apresentar à senhora mais velha da aldeia, de 94 anos, que nos poderia dar algumas informações para encontrar as casas de família dos meus avós. A minha mãe e tia levaram-na de carro até à aldeia e eu fui sozinha a pé.


Não sei explicar todo esse caminho até chegar à entrada da aldeia. Desci sorrindo, imaginei os meus avós ainda muito jovens, sem saberem o que o futuro lhes reservava a encontrarem-se naquele caminho e a percorrerem-no. Não vi as suas faces, as suas vestes, mas achei-os elegantes e sobretudo sei, tenho a certeza, que sorriam. Pela primeira vez e depois de ter visitado tantas aldeias, senti-me a chegar a casa, absorvida por tudo o que me rodeava.

Nem a visita a Murça, local onde o meu pai nasceu por acaso e onde por lá esteve apenas um mês de toda a sua vida, me fez sentir assim. Em Navalho nasceu a grande maioria dos meus avós, bizavós, trizavós, tetravós e sabe lá quem mais…

Sabia pelos assentos de nascimento que o meu avô tinha nascido na Rua da Igreja e a minha avó naquilo que interpretei como Rua da Farinha. A Rua da Igreja era a rua principal e de Rua da Farinha não havia qualquer sinal. Não poderia saber quais seriam as casas. A Tia Maria, senhora de 78 anos, levou-nos a percorrer toda a aldeia que ao caminhar era bem mais extensa que aquilo que se previa do cimo do vale. Mostrou-nos a aldeia, contou-nos algumas histórias e no final da rua desemboquei numa linda e arrebatadora vista do vale.



De volta para trás a caminho de casa da Dona Carlota, a senhora mais velha da aldeia, passámos por uma rua chamada da Terrincha e prendi-me ali. Só poderia ser ali. Mas qual casa? Mais tarde em conversa com a Dona Carlota perguntei-lhe pelos apelidos dos meus avós e ela explicou à Dona Maria quais eram as casas, que há muito não eram da família, mas que se lembrava de ouvir falar que lá viveram durante muitos anos. Fomos vê-las… [não consigo deixar de sorrir enquanto escrevo isto] A casa da minha avó, como a Dona Carlota dizia era na Rua da Terrincha, no cruzamento com a Rua da Igreja, e a casa do meu avô, na Rua da Igreja mesmo em frente do cruzamento com a Rua da Terrincha, virada para a casa da minha avó. Ambas estão abandonadas, uma delas (a do meu avô) em obras de restauro, mas são as casas dos meus avós.

Casa da minha avó

Casa do meu avô

Casa da minha avó virada para o portão da casa do meu avô



A Dona Maria convidou-nos para sua casa, para comer do seu presunto e queijo de ovelha. Sozinha, senti-a feliz, com os olhos brilhantes de lágrimas, por estar acompanhada, por ter com quem falar. Contou-nos da sua vida e fez tudo, no meio da sua casa pobre, para nos agradar. Pedi-lhe a morada e prometi-lhe que lhe escrevia e lhe enviava fotografias da nossa visita. Metemo-nos à estrada não sem antes nos despedirmos imensas vezes da Dona Maria. Ainda não tinha saído dali e já estava com saudades. Já a subir o vale, depois de passarmos pelo cemitério quis parar para fotografar a imagem do caminho que me havia preenchido. Voltei debaixo de um sol intenso que queimava, toquei na terra e agarrei na pedra mais brilhante que encontrei.
Sem o dizer sei que pensei que um dia ainda ali voltarei. Até lá, guardo a pequena pedrinha em troca do pedaço de coração que lá deixei ficar.


Curiosidades: Chegada ao hotel agarrei no portátil e fui ler de novo o assento de nascimento da minha avó. É Rua da Terrincha, sem tirar nem por. Eu e a minha mãe agarrámos felizes no braço uma da outra como se acabássemos de tirar a última teima daquilo que já havíamos sentido.
Nota: Nunca conheci os meus avós paternos. Se hoje fossem vivos teriam 133 e 131 anos. Esta caminhada foi por mim, para o meu lindo pai e para eles.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Venham...

Existem paraísos na terra, onde gentes hospitaleiras me presenteiam com simpatia, humildade e simplicidade. Sítios que parece terem parado no tempo e que pedem para que os vejam, como se a dizer:
Venham! - tragam as vossas crianças, mostrem-lhes o bom de mim. Ponho-me bonita, para que o mais puro me reconheça, para que o mais puro a mim volte e me faça sentir ainda mais verdejante e também eu criança.
Assinado: Uma montanha


Entre a aldeia dos Vales e a aldeia de Franco (Valpaços)



Pic: Skywalker

domingo, 7 de setembro de 2008

Inesquecível 2

E outros onde a ternura aquece

Romeu
Restaurante "Maria Rita"


Pic: Skywalker

Inesquecível

Há lugares inesquecíveis e este é um deles



Castelo de Bragança à noite


Pic: Skywalker

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

UM DIA

Um dia vou seguir um impulso forte e levar gente comigo
Um dia vou percorrer um outro mas meu caminho
Um dia vou deixar ser puxada pelo que me puxa
Um dia vou deixar de contar os dias porque o dia chegou
Um dia vou de encontro às minhas raízes

HOJE É O DIA !

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Frases que ficam

tens dois "pelos" - eu, sobre a palavra repetida "pelo" num texto;
a aceitação é necessária naquilo que não controlamos - LRS depois de um almoço;
também foste ao meu algarve? - pequena lua a meter conversa num jantar de 'crescidos';
estava por aí... - Russo
o Mamma Mia estreia hoje - tanta gente
o Natal este ano é em Évora, na quinta - Tias (que bom...)
Tens mesmo a quem sair - Maria

Sabes, tenho de te dizer isto, ainda hoje o disse às tuas tias. Tenho muita sorte, e vou-te dizer porquê, por ordem de chegada. Tive os melhores pais, tão bons comigo. Tenho os melhores irmãos que poderia ter na vida. Tenho muitos, bons e sempre presentes amigos. Tive o melhor dos maridos, que me dedicou a sua vida e foi o meu melhor amigo. Tenho uma filha amorosa por quem tenho uma enorme admiração. E tenho... uma neta linda, linda, linda. - Mãe

E eu mãe, depois das tuas palavras digo-te, que bom é estares aqui comigo. Que bom é ouvir-te a sentir isso. O pai, acredito, está neste momento a sorrir. E eu, sorrindo, penso e relembro-me da sorte que tenho, por passar 33 anos da minha vida rodeada pelo amor que dizes.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

momentos

Tudo tem o seu momento, o seu auge, o seu sentido num momento único no meio de tantos momentos na vida. Ainda há pouco, questão de umas horas, fazia todo o sentido falar sobre o Nesquik em pó, Ucal de chocolate, Nestum com mel e fabulosas e abusadas torradas de pão alentejano a transbordar de manteiga, num dia de inverno, e todas as recordações e aconchego que isso traz. Mas o que aqui escrevo ainda com deleite não tem o mesmo impacto, detalhe e sentido das palavras, linhas, segundos sentidos e histórias que ainda há poucas horas senti tanta vontade e necessidade de escrever. A minha amiga almofada que anda sempre às avessas com a minha impulsividade, também ela minha amiga, quando consegue apanhar os meus desalinhos é a minha melhor aliada na resolução dos meus nocturnos castigos. Descobri que a almofada é o tempo, e o tempo que me oferece para me encontrar em mim. Tanto me ajuda a minimizar as origens da minha impulsividade, reduzindo o fogo, a paixão, a direcção que sinto, como me tira o brilho e o fulgor dos momentos impulsivos que me preenchem a vida. Gosto dela, mas apenas para me organizar e quem sabe, partilhar aqueles sonhos que só ela sabe. É conselheira, é amiga confidente e silenciosa dos meus desejos e vontades mais escondidas. É por isso que não gosto de deixar nada por dizer e resolver durante o dia. Os momentos, sempre únicos, são para ser vividos acordados, conscientes, com impulsividade e amor em quantidades mega industriais, para de noite, limpa, adormecer em sorrisos sem necessitar de organização ou conselhos, prolongando a intensidade dos doces e impulsivos momentos do dia, partilhando-os secretamente com uma amiga.

domingo, 31 de agosto de 2008

Suspiro...

Ouvi o teu suspiro, pelo canto do meu ouvido
relembraste-me num repente que estás vivo
A mãe perguntou-me se estavas aqui comigo
respondi-lhe que não, que o suspiro que tinha ouvido
tinha sido como tantos outros que lhe tinha ouvido
sempre que a conversa telefónica se prolongava
respondeu logo depois - Estará aqui comigo?
racionalizou e disse - foi provavelmente a televisão...

suspiro teu ou não, senti que a mãe não estava sózinha
senti como tantas vezes a tua presença paciente
interrompida tantas vezes com suspiros impacientes

lembrei-me do teu assobio inigualável de chamamento
que tal cãozinho ouve o dono, me fazia olhar em volta
procurando em todas as gentes os teus traços
porque só tu assim me chamavas...
e encontrava-te!

nunca mais o ouvi, nem sei imitá-lo, nem o consigo lembrá-lo em sons na minha cabeça
mas sei que se um dia o ouvir, de uma outra boca, me irei voltar para trás e procurar
incessantemente a boca doce que imite tão querido e doce chamamento

sábado, 30 de agosto de 2008

Vai chover

O ar está pesado...
Não sentes?
O mundo está estranho...
Reprimido, em stand-by...
Não sentes?
Está... esquisito...
As pessoas num corre-corre
sem tempo algum para sentir
sem tempo para se aperceber
que algo está a acontecer


Será que vai chover?
Ou já chove e com as pressas
não deu tempo para perceber

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A caminho...


Voltei ao bichinho da genealogia mas de uma forma diferente. Sem pai para mostrar as minhas conquistas e fazer um brilharete, sem família que sinta o que sinto da forma intensa que sinto.


Voltei ao bichinho por mim e para mim, sem qualquer objectivo final apenas o de sentir o caminho. Fazer o meu percurso, aprendendo sentindo o caminho dos meus ascendentes.


Voltei ao bichinho investigando história, contos e lendas fazendo uma festa e um urra! de vitória com qualquer novo dado adquirido. Mas a festa de arromba é quando me reconheço em traços bem ténues, nas características e vida dos meus ascendentes desconhecidos.

Estranho, mas fascinante...


Faço esta viagem em mim ao mesmo tempo que preparo a minha viagem de reencontro com uma investigação exaustiva que me tira horas de sono. Não quero ir visitar igrejas, catedrais ou outros locais de interesse cultural ou turístico. Quero ver onde nasceram, caminhar nas ruas que percorreram, inspirar o mesmo ar, sentir os mesmos cheiros, alimentar-me das mesmas comidas. Quero sentir o que sentiam. E ontem, no caminho para casa, ao pensar na viagem de daqui a uns dias, o que me completou entre locais a visitar, ruas a percorrer, foi a imagem de mim deitada no chão de um vale, no meio do nada, com as mãos a sentir a terra, a olhar para o céu, inspirando e vendo as serras.




quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Crazy Me

Falta a luz, fazem-se filhos. Há crise, aumenta a imigração. Falta a àgua, o cheiro aumenta, a paciência esgota-se, começa a discussão. A perseguição faz com que os perseguidos corram mais rápido, a descontracção com que outros descontraídos apareçam. O casual desleixo por descontracção dá trabalho quando a rotina diária volta. As férias implicam retorno ao reboliço do trabalho. O trabalho não significa necessariamente férias. Volto de férias, a alegria aumenta pela segurança estranha da organização e rotina, passam-se uns dias, visualizo as próximas e projectando-as abre-me o apetite.

De maluco e louco todos temos um pouco. O pouco de maluco em mim, é pouco ao ponto de me deixar louca... saudavelmente louca. Duh!

domingo, 24 de agosto de 2008

Vazio da casa saudade

Não sei se foi o fotógrafo, o deitar-me tarde dias seguidos, sem descanso diário, o dar por mim hoje a ver nascer o dia, sem ter dado pelo tempo passar. Não sei se é do cansaço da intensidade destes últimos dias, mas os dias dez e onze voltaram a mexer em mim, a tocar-me, revivendo em flashes os únicos momentos que teimo em não me recordar. Digo a boca cheia que não estou triste, e não estou, muito pelo contrário, que até nem saudades sinto, porque te sinto sempre em mim, mas hoje o nascer do dia fez-me engolir apressada a palavra saudade. Sinto, muitas... tantas que se me torna impossível identificá-las.

A saudade de ti é uma casa em mim plenamente habitada. Vives em mim e se sais para dar uma volta, o vazio da casa saudade mostra-me o quanto me fazes falta.

Mas não te preocupes, estou bem, com rumo e vontade de percorrer o mundo, com um sorriso sentido na face. Apenas fico apreensiva quando sais sem dar cavaco a ninguém. O que vale é que as tuas voltas são sempre curtas. Love U

sábado, 23 de agosto de 2008

Paraíso na terra


Porque há dias inesquecíveis e o de ontem foi um deles, mesmo com apenas 3 horas de sono, mesmo com o estômago às voltas, o céu, o mar e a companhia deram cabo de tudo o que não tinha valor.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Frases que ficam

Foi lá fora buscar os ausentes para ver os presentes - Maria
Há-de chegar aos 60 anos impossível - João
Aquele senhor tocou-te mesmo. Reavivou muitas recordações - Azul
Estás um borrachinho, gostei mesmo de te ver - Carlucci
E a miúda? - Dav
Que tu disse? - Pequena lua
Mãezinha, podes trazer o fatobanho cor de rosa? - Pequena Lua
O joaquim anda a conversar comigo - Moi
Dá vontade de mergulhar nas suas vidas - Maria

Uma é sete euros, mais do que uma é 3 euros. Fica mais barato... (...) A Nikon roubaram-me, esta é antiga, mas não nas minhas mãos. - Fotógrafo no Bairro Alto

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Uma pitada...


Das férias que ainda não terminaram :)

domingo, 17 de agosto de 2008

Orange


Passamos o primeiro quarto da vida encantados e fascinados com tudo o que é novidade e brilha, o segundo quarto da vida chateados e aborrecidos com a incompreensão dos terceiros quartos, o terceiro quarto da vida saudosista a pensar nos momentos doces do primeiro quarto, a rir das asneiras agora divertidas do segundo quarto de vida e a tentar encontrar o nosso verdadeiro lugar na vida. No último quarto? Com a memória desgastada com tanta hiper-valorização desmedida, agarramos no primeiro quarto e saboreamo-lo. Do segundo quarto até as grainhas engolimos. Do terceiro perguntamos - Quantos gomos é que afinal havia? - e no quarto doce ou azedo, por ser o último gomo da nossa vida saboreamo-lo morosamente como sendo o primeiro e doce encantador gomo da nossa vida.


Quantos gomos tens? Saboreia-los todos por igual? Saltaste um? Ou ainda vais no primeiro? Eu?

Acho que ando a petiscar de todos em igual medida...



Medos

Em pequena via sombras e figuras em todos os relevos que eram levemente iluminados pela luz do corredor que pedia para ficar sempre aberta. Todas as noites tapava a cabeça com o lençol deixando apenas uma nesga para respirar. De manhã quando acordava com a Rosa a trazer-me papa nestum com mel, dizia-me sempre docemente: "oh menina, quando é que deixa de ter medo e de se tapar assim inteirinha? Nem sei como é que respira...". De noite sempre que saía da sala e tinha de percorrer o corredor para os quartos, o método repetia-se... Abre a luz, volta a traz para apagar a última, vira-te rápido, não olhes para trás, passa pela última luz que acendeste, abre a outra, volta atras para apagar a última, vira-te rápido, não olhes para atrás, passa pela última luz e abre a luz do quarto. Era sempre assim... Um dia, anos mais tarde, a Rosa foi-me levar a papa logo pela manhã e a luz do corredor estava apagada e eu com a cabeça destapada. Cheia de orgulho disse-lhe "Vês Rosa? Já sou crescida". Passei a adorar dormir no escuro cerrado, mas a ginástica de luzes do corredor, de vez enquando ainda ocorria. Mas achava que não mais tinha medo do escuro. Mas há poucos dias de repente e no meio do nada vi que tinha. Não do escuro escuro, mas do escuro de lugares desconhecidos. No meio do medo que descontrolavelmente me percorreu chegou a força que o venceu. "Pensa no teu pai, pensa no teu pai!" e aos poucos o medo desapareceu. Não voltei a sentir esse tipo de invasão do meu espaço até há uns dias quando percorria o castelo de Tavira e dei po mim de repente numa rua estreita e subitamente escura durante o dia... do lado esquerdo as escavações arqueológicas do antigo palácio Corte-Real. Primeiro o coração a bater freneticamente e um segundo depois o medo dispersou e virou curiosidade e encanto... sempre me fascinou a arqueologia e mais me fascina pensar que por debaixo das nossas casas existe tanta história, tantas casas e pegadas de alguém.

Agora estou numa varanda debaixo de um céu escuro e estrelado com uma lua cheia que ontem esteve temporariamente vazia e tão igual à minha, e penso - tenho medo? - oh...de tanta coisa! E se calhar o escuro é o menor deles... Mas hoje mais do que nunca sei e confio na mão que me defende e me acarinha.

sábado, 16 de agosto de 2008

Bola de Berlim com creme e afins

De pés enfiados na areia quentinha, a olhar um céu doce azul com nuvens repentinamente colorido com uma enorme e gigante manga a anunciar Martini Rosato, transportada como a medo por um helicopetero e não pelas habituais avionetas, enchi-me de saudades dos momentos de infância em que todas as crianças e adultos/crianças corriam pela praia esbaforidos para tentar apanhar os presentes quentes de verão que caíam do céu. Lembro-me de apanhar de tudo um pouco, desde míseros flyers publicitários, bolas de praia nívea e T-shirts, muitas t-shirts. Tinha a sorte de um dos amigos de longa data do meu pai ser um dos primeiros pilotos a sobrevoar as praias cheio de presentinhos, razão pela qual cheguei a ter uma manga a encher o meu quarto durante uns dias. Mas sem dúvida alguma até um flyer era mais interessante se por mérito o tivesse conquistado. Nessa altura, os pais deixavam-nos correr pela praia fora sem medos. Não sei porque é que deixaram de atirar brindes para a praia, se por uma bola vazia nívea ter acertado na cabeça de alguém importante ou se calhar um flyer golpeou a vista de um outro alguém ou se uma criança menos desenrascada teve dificuldade em encontrar o seu caminho. Nessa altura as bolas de Berlim eram bem apregoadas e as crianças (não os pais) praticamente engoliam o senhor velhinho e queimado pelo sol que com um joelho no chão tentava a custo dar cumprimento a tantas solicitações e ensinando ao mesmo tempo o "quanto custa" e "o teu troco é...". E... haviam bolas de Berlim COM CREME! Não me lembro do dia em que eu ou outro amigo de praia tenha ficado indisposto por a comer... Nessa altura os brinquedos de praia eram raros, balde e pá, ou nenhuns. As brincadeiras centravam-se quase sempre na aventura da descoberta e as misteriosas caminhadas de praia. Ao final de um dia inteiro na praia, estava tudo deitado em grupos pela praia fora.

Em crianças tínhamos o nosso complexo beach linked in tradicional e da forma mais salutar possível. Hoje a praia é cada vez mais um reflexo da individualidade citadina. Leitores de MP3 a rodos, conversa pouca e pouco convívio... a tentativa de reencontro da paz perdida no meio da cidade. Podem já não haver bolas com creme (embora já tenha encontrado algumas, mas não digo a ninguém aonde. É o meu segredo numa tentativa vã de tentar impedir que o ridiculo se propague...), podem não existir presentinhos do céu.... mas graças a Deus ainda há gente que preserva o convívio.

Aos doces dias quentes e sempre supreendentes do verão!

Destruam o lixo, não os doces momentos da vida!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Lovely

Porque é quando não temos tabaco que nos apetece fumar mais.
Porque é quando não temos telemóvel que nos lembramos que temos a quem ligar.
Porque é quando não temos temos computador que nos lembramos do tanto que poderíamos fazer.
Porque é quando não tenho o meu moleskine que me apetece tanto escrever.

Porque é quando não temos aquilo que tomamos como banal e certo na nossa vida, que lhes damos o devido valor... e aprendemos que tudo pode ser tão mais simples e doce na vida se levado com conta, peso e medida.

Nesta noite morna por debaixo de um céu estrelado, encontrei uma caneta no fundo da mala, um canhoto do pingo doce no meio da carteira e quando já não tinha mais espaço para escrever o barman chegou com a conta do café. Um euro e meio que não me importei nada de perder.

Encontra o mais doce nas coisas, mesmo que tudo pareça mal, porque ao final do dia vais ver que a tua vida é tudo menos banal. Apenas depende da forma como a olhas.

(e a escrita parou mas por um ocaso voltou)

Coisas doces? Há segundos atrás, pouco antes das doze badaladas, estava eu a navegar via telemovel pelos meus últimos posts neste blog. Mesmo no começo da leitura do "Sim, foi à tua maneira" o homem ali no palco, que em nada tem a ver com o Frank Sinatra, começou a cantar o My Way. Que melhor final de noite, neste terceiro dia 11? Lovely...

Mirror

Podia falar de imensa coisa sobre estes últimos dias, até porque o livro de cabeceira destas férias de verão é o Coca-cola Killer...

Mas só me apetece dizer uma! A única que não obriga os meus neurónios a funcionar, e que mesmo assim é uma certeza...

Adoro o espelho do elevador do hotel. Faz-me parecer ainda mais alta e tããoooooo magra e elegante! Será por causa do Spa? Lá começa a cabeça a funcionar...

Xau, Fui!!!

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Praia

Estendo a toalha
tiro as sandálias
tiro a camisola
deslizo a saia
Abro o creme
despejo na mão
percorro pés
pernas, coxas
ventre e braços
deslizo as alças
envolvo ombros
percorro pescoço
olho para o lado

Poes-me creme?
Deito-me na toalha
sinto o sol a aquecer
fecho os olhos
e espero...

Sinto um arrepio
do creme a tocar-me
pela primeira vez
Adormeço o corpo
ao sentir o creme
percorrer de vagar
cada vértebra
estacionando em
espinha
de cada vez
em despique lento
com outro polegar
pela via rápida
ansioso por optar
barlavento? ou
sotavento...

um último suspiro
devorando mais um
cornetto de morango
Uma música, o calor
com amigos e livros
Sem trabalho, em paz
sem rotinas, despertador
sem pressa de chegar
a qualquer lado
demorando em lugares
sem relógio, computador
nem conselhos a corações
despedaçados

apenas isso paz, calma
a curtir o meu Eu
que anda sempre
e para qualquer lado
bem acompanhado

ONE

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Da minha praia


Já sonhei com histórias de mil e uma noites, onde dançava esvoaçante ao som da música numa tenda cheia de tantos novos sonhos, brilhos, cheiros e intensos, transparentes tecidos...

Já percorri caminhos sinuosos debaixo de um sol intenso, de vidros abertos, música aos berros, cabelos ao vento seguindo o rasto do que os sonhos me diziam ser o meu destino...



Já não sonho como sonhava, já não espero encontrar o que esperava.
Mas sonho...
outros sonhos
Mas percorro...
outros caminhos
de cara lavada


Desta vez voo de outra forma, voo no mesmo céu com uma asa partida
Mas voo...
noutro sentido
Mas procuro...
a minha praia
a minha saída


Voo e sei que nunca voarei sozinha...
os sonhos nunca me pregariam tal partida...


As jangadas flutuarão sempre... para o mais incauto, o mais azarado, o mais desprevenido.
Eu voarei sempre, sempre atenta a qualquer mudança de correntes acautelando o teu caminho...



Pic: Black-Moon-Kitten

domingo, 3 de agosto de 2008

E digo eu...

Dizes tu... e eu digo que a madrugada de Domingo foi das madrugadas estranhamente mais intensas da minha vida. Não estou cansada de copos, música e dança. Fiquei exausta pela intensidade dos momentos, pela complexidade das situações mais simples, pelas decisões simples que se tornaram complexas de tomar, e pela liberdade. A música ao inicio da manhã era uma treta, mas até ela me embalava nos meus pensamentos alucinantes, que ao serem interrompidos por conversas repentinas de estranhos, recebiam um Ya!, desconversando... Sabe bem ser-se quem é, sem preconceitos. E eu, a senhora sempre sorridente, deu-me para em alguns breves momentos, não me apetecer ser o sorriso sempre presente. Ah!!!!!! E soube-me tão bem! Da mesma forma que soube bem o aconchego da manhã a nascer dentro do táxi. Da viagem longa que foi curta. Do silêncio cúmplice que precisava. No momento em que encostei a cabeça na almofada, o meu corpo parou e a minha cabeça continuou a andar... e foi aí que a decisão então complexa, se tornou tão simples de tomar. Por amor...
E sabes, sinto-me com fé na minha decisão e tão cheia em mim por todo o percurso destas horas e acima de tudo por acreditarem em mim. É essa a minha grande vitória... consegui que a guerra acabasse com nenhumas baixas. O Amor conseguiu juntar a Vontade, a Razão e a Responsabilidade, e juntos chegaram a um consenso e começaram a sua caminhada em direcção ao cume daquele monte.

Mistério

Se descrevesse a minha cabeça nestas últimas 22 horas, seria a maior e mais gigantesca confusão. Uma guerra de titãns entre a vontade, a responsabilidade, o amor e a razão. Começou por estar a vencer a vontade, sobrepos-se-lhe a razão e lutam agora juntas a responsabilidade e o amor. A guerra ainda não acabou e já houve vencedores e vencidos. Mas há um que assiste do topo de um monte, ileso, e o qual nunca será vencido, o senhor destino.

"Yesterday is history, tomorrow is a mystery, but today is a gift. That is why it is called the present"
in Panda Kung Fu

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Certezas

Para quê procurar certezas, se fugimos e temos receio da única certeza que temos?
Aceita a grande certeza e aprende com ela.
A vida é essa dádiva. A busca incessante de pequenas certezas que nunca serão totalmente concretizadas. Porque até a maior certeza é inexplicável.
Uma aventura...

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Voa!

Como um pássaro que vai
Quando uma porta se abre
Não olhes para trás e vai depressa

Como a noite quando cai
Abraçando a cidade
Deixa simplesmente que aconteça

Abre as asas e vai
Das tuas asas as minhas também
Abre as asas, eu fico bem

Como um barco que se afasta
De uma das margens do rio
Não há um só lado na vida

Quando um beijo já basta
Corpo quente em corpo frio
Deixa que aconteça a despedida

Abre as asas e vai
Das tuas asas as minhas também
Abre as asas , eu fico bem

E que a despedida
Seja só o recomeço
Livre asa solta
Voa alto, eu não te esqueço

Abre as asas e vai
Das tuas asas as minhas também
Abre as asas, eu fico bem



Letra: “Asa livre” por Pólo Norte (aqui)
Imagem:
Conceptual

terça-feira, 29 de julho de 2008

Não mexas mais

Não é maldade, é cansaço...
é o não ver a luz ao fundo de um túnel que não mais acaba
num momento gigante onde o que mais preciso é de luz

É um pedir "Não mexas mais!" numa ferida que não sara
onde não há alcool, betadine, nem água oxigenada que valha
apenas atenção...

É um "Basta!" de dedos timidos levantados no ar
numa tentativa inútil e continua de dizer "Ei! Estou aqui..."

Não luto por ser a melhor, a primeira, mas também não gosto de ser a última...
Não é por maldade, é cansaço, desalento e desilusão...
Baixo os braços... desisto...
Lutar por nada sozinha? Não...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Porquê?

Porque estou chata, meio-cheia, meio-vazia, meio-triste, meio feliz?
Porque é que desatino num segundo e acalmo noutro instante?
Porque estou um tanto ou pouco diferente e igual ao mesmo tempo?
Porquê, porquê, porquê? O que mudou?

Não vês? É que o meu mundo mudou tanto de repente...
O que me esvaziou por dentro, é o que ainda me vai enchendo
O que hoje não entendo, é o que me vai fazendo acreditar
E aquilo em que hoje acredito é tão diferente do que imaginava...

Aquilo que hoje vejo devoro inexplicavelmente a quatro olhos
Questiono tudo, desde origens de palavras, situações quotidianas
sem pretender respostas definitivas, nem a origem das espécies
Questiono-me a mim, se conseguirei um dia ter forças de leoa
e romper com tudo o que hoje acho completamente imperfeito

Luto contra mim, adaptando-me a tudo para não ter chatices
deixo de dizer o que sinto, porque não entendes como me sinto
Luto contra mim, porque exigem de mim sempre um sorriso

Diz-me...
Qual é o mal de por vezes me sentir triste embalada em saudades?
Qual é problema de por vezes não ter vontade de rir de coisas parvas?
Qual é a dificuldade em entender que ainda não encontrei o meu equilibrio?
Que estou a tentar renascer num mundo que para mim tem um outro brilho...

É que estou tão cansada de me moldar para não ter chatices...
E acabo por ficar mais triste, mais vazia, por não estravasar aquilo que sinto

Sabes?
A única coisa que hoje me equilibra é inexplicavelmente a origem do meu desiquilibrio

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Corta o vento de rajada

Perdida mas cheia de garra lá ia ela outra vez
Teimosa e embeiçada sacudia as suas tranças
cerrava os punhos e numa passada irritada
cheia de grunfs! e cá se fazem cá se pagam
não pensava, não gritava, mas pensava
repetidamente "O que fiz eu desta vez?"

Apenas um dia há muito tempo atrás
tinha dado um soco na barriga de um rapaz
E até esse soco tinha sido a brincar ao era uma vez...

Mas ao andar irritada de passada larga,
a cortar lancinantemente o vento de rajada
queria um saco para descarregar a raiva
de tudo o que acumulou numa só vez

Mas não encontrou...
Não descarregou...
Cortou as tranças...
e deixou para sempre
de brincar ao era uma vez

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Sim, sim! Foi à tua Maneira :)

And now, the end is here
And so I face the final curtain
My friend, I'll say it clear
I'll state my case, of which I'm certain
I've lived a life that's FULL
I travelled each and ev'ry highway
And more, much more than this, I did it my way

Regrets, I've had a few
But then again, too few to mention
I DID what I hAd to Do and saw it through without exemption
I planned each charted course, each careful step along the byway
And more, much more than this, I did it my way

Yes, there were times, I'm sure you knew
When I bit off more than I could chew
But through it all, when there was doubt
I ATE it UP and SPIT it OUT
I GREW tall throught it ALL and did it my way

I've LOVED, I've LAUGHED and cried
I've had my fill, my share of losing
And now, as tears subside, I find it all so amusing
To think I did all that...
And may I say, not in a shy way,
"Oh, no, oh, no, not me, I did it my way"

For what is a man, what has he got?
If not himself, then he has naught
To say the things he truly feels and not the words of one who kneels
The record shows I took the blows and did it my way!


YES, IT WAS MY WAY

My Way do Frank Sinatra uma das favoritas do meu papi, gravado em Nova York no Madison Square Garden três dias antes de eu nascer.
Na fotografia à sua sempre Grande 'maneira' em Paris nos anos 50.

sábado, 19 de julho de 2008

Doce amarelo que aquece

A criatividade ultimamente não abunda pelo menos para estes lados do blog. Defini um objectivo a concretizar no máximo dos máximos até ao Natal de 2008 e tenho-me embrenhado de corpo e alma. O objectivo? Fazer um livro fotográfico e documentado em homenagem ao meu pai para oferecer à minha mami. O titulo já está escolhido "Doce amarelo que aquece" e já vai com doze páginas, as quais não paro de olhar contente com o meu ainda muito inacabado trabalho.

O trabalho que envolve tem os entraves de todas as vidas grandes e preenchidas, o recolher de informação cronológica, complicada de reunir por quase toda a gente desses periodos já ter falecido.
Reduzo-me a factos e pouquissimas fotografias da sua infância, a excertos do livro de memórias de um dos seus irmãos. Pessoas que me contem histórias dessa altura? Nenhumas... infelizmente, e faço um esforço enorme para me tentar relembrar de uma ou outra história que me tenha contado e para a qual tenha a certeza de todos os seus detalhes.
Para os anos vividos em Moçambique safo-me muito bem com um brutal número de fotos e slides, onde reconheço algumas caras mas outras colocam-me inúmeros pontos de interrogação. Aqui não tive dúvidas... escrevi para uma, senão a sua melhor amiga, a pedir ajuda, para me contar uma ou outra história engraçada e pedindo-lhe para escrever umas palavras sobre ele. Mais composto (em termos de ideia de projecto) mas ainda com tanto por fazer.
Para os anos já em Portugal, o meu menor problema tanto em termos de dados, fotos e histórias para contar. Vivi-os com ele. E nestes anos todos aprendi com ele todas as suas vivências e todo o seu bom senso. Mesmo assim, e para não ser imparcial, e porque a vida dele sempre foi bem rodeada de amigos e familiares, faz todo o sentido chamá-los para o livro para dizerem umas palavras.

E é isso que quero tentar e conseguir transmitir. A aprendizagem de vida que ele nos deu. A forma de estar na vida como ele sempre viveu. A grandiosidade dos sorrisos, bom astral, serenidade e conhecimento. A elegância e bem estar na vida contra todas as condições. A doçura, o carinho, o amor, a dedicação e a força de vontade sempre presentes. O conselho sempre útil no momento certo. A capacidade de comunicar em silêncio. O bom vivã, o bom e ético profissional, o bom filho, o querido irmão distante, o maior dos amigos, o bom e cumplice marido e o pai mais fabuloso do mundo.

Uma vida cheia de aprendizagems a imortilizar e cheia de Amor...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Luta de "Galos"

Hoje vi dois pombos a lutarem por um pedaço de comida, quando o sitio de onde um dos pombos o havia retirado estava ali a uns 30 cm e ainda cheio de comida.

Até os pombos gostam da galinha da vizinha...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

O hábito faz o monge, a quebra de rotina abre a vista

Existem pessoas que marcam pela diferença, quem sabe infeliz... mas que marcam, pela tristeza que ao longe nos enviam.

Ainda ontem ao passar de carro pelo El Corte Inglés, a senhora de carrapito triste a fazer concorrência descarada à Winehouse, cruzou-se à minha frente. A mesma senhora que me prendeu a atenção há umas semanas atrás ao pé do escritório e que posteriormente aparecia sempre à mesma hora no mesmo sitio. Lamentavelmente, pelo aspecto, considero logo uma sem-abrigo, perdida, mas uma coisa é certa, tirando o encontro menos provável no ECI, todos os outros parecem que têm sempre algum destino.

Ao olhar para ela lembrei-me de uma situação semelhante que me aconteceu frequentemente há uns dois anos quando trabalhava na perto da estrada da Marginal. Todos os dias, fizesse chuva ou sol, fosse verão ou inverno, sempre que chegava ao alto da boa viagem e até ao troço para entrar na A5, cruzava-me com um senhor dos seus 30 e alguns anos, de cabelo à Rasta, a competir à descarada com o Marley. Lamentavelmente, pelo aspecto, considerava logo um toxidependente, desesperado, mas uma coisa é certa, todos os dias percorria o mesmo caminho com a mesma perseverança de sempre. Um dia reparei que já não o vi-a há muito tempo e pensei, "Deve ter morrido...". Não o conhecendo, não me fazendo sequer companhia fiquei estranhamente fiquei triste. Bastante tempo depois, numa passagem pelo mesmo local e a horas diferentes, vi-o e disse "Olá" para dentro e fiquei contente... Mudou apenas a rotina.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Vidas...

Tenho 33 anos e sou filha única.
Tenho vícios e quilos de manias
Tenho estórias e histórias de vida.
Tenho sardas, sim tenho sardas!
Tenho alegrias, muitas alegrias…
Mas em igual proporção as tristezas abundam

Tenho dias em que não penso, vivo
Outros dias em que penso e afogo
Outros que nem tempo tenho para isso

Tenho uma fonte insaciável de sorrisos
Para dar e dar e nunca vender
Tenho uma enorme vontade de dar
Mesmo sem pensar em receber

Tenho uma admiração profunda por mim
Em poucos mas alguns momentos
Mas a grande maioria das vezes
A insegurança reduz à insignificância
Esses tão pouco frequentes mas fantásticos momentos

Tenho mesmo?
Não sei se os meus vícios são vícios
Se as minhas histórias são apenas aquilo o que conheço
Tenho sardas? Ou serão meros e salpicados pigmentos?
Tenho alegrias e tristezas? Aonde é que cada uma delas começa?
Tenho sorrisos e vontade de dar?
E os não sorrisos por sem querer em alguns momentos querer receber?
Admiração por mim… Ainda nem me conheço…
Tenho 33 anos, ou será que tenho 1001 anos de histórias esquecidas?
Filha única? Nhã… Cheia de irmãos e quiçá, mãe de muita gente vivida.


Pic: Se1eZnef

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Bom dia?


Doce amanhã que vai chegando todos os dias, estremunhado
percorrendo em silêncio pés, as pernas levemente cruzadas
ancas, cintura, perdendo-se no umbigo, serpenteando o peito
envolvendo ombros, beijando docemente os lábios entreabertos,
coçando carinhosamente o nariz, afagando pestana após pestana
e segredando ao ouvido:


"Ei! Sou a luz... porque não acordas?
São doces os teus sonhos?
Preferes ficar aí?
Vá acorda...
Faz de todos os dias um sonho e todas as noites sorri"


Doce luz que de longe encandeia,
que toca num dedo, um após outro
envolvendo toda uma mão
Lá longe, tão perto, tão perto daqui



Pic: venskab

domingo, 13 de julho de 2008

Confusa? Nem por isso...

Depois de assistir a uma perseguição na estrada em pleno dia, que me pos o estômago pronto a sair pela boca. Depois de me rodear de crianças e mais tarde por gente apelidada por alguns de diferentes, mas que a mim me transmitem honestidade e simplicidade por serem iguais a si próprios, não se banalisando, não se impondo, sendo apenas transparentes.

Depois de devorar filmes atrás de filmes, de profissionais eximios que vivem para tudo menos para aquilo que no final do nosso tempo nos preenche. De evoluções medicinais que apenas preservam a qualidade de vida em termos de aparência, tornando belo apenas aquilo que é estético menosprezando todos os outros sentimentos. De vacinas que salvam a humanidade e que passados instantes, contaminam de forma mais feroz os anteriormente salvos que por sua vez aniquilam aqueles que se mantiveram saudáveis e transparentes.

Depois de uma taça de Kellog's especial K, um gelado de doce de leite, e umas quantas gomas pelo meio. Uns quantos cafés em esplanadas, arranque de projectos pessoais com término no final do ano.

Depois disto tudo...

Relembro-me do último sonho/pesadelo com o meu pai, onde depois de me aninhar a seu lado cheia de carinho, me disse ao ouvido "Luta pelos teus sonhos". Disse outras frases, que não esqueço - anoto -, que não sendo menos importantes, as arrumo ali ao lado, agarrando naquilo que acredito ser o mais importante.

Relembro-me também de uma conversa do meu DG, das sugestões e linhas direccionais em termos de projectos e caminhada de empresa. "Temos de ser capazes de ao final de cada mês ter noção e dizer que fizemos isto e aquilo, mesmo que tenha saído fora do âmbito do inicialmente previsto".

A noção que deixamos algo feito, de que nos orgulhamos mesmo que não tenha sido o nosso primeiro objectivo... É uma mensagem básica mas sempre importante de ser relembrada em termos profissionais, mas acima destes e sempre, em termos de vida pessoal e comunitária.

Não interessam os objectivos pessoais não palpáveis e variáveis que a grande maioria das vezes não conseguimos cumprir, mas sim todos os entraves, barreiras que para os tentar cumprir conseguimos com humildade, amor, dignidade contornar.

É esse balanço, o de chegar a um qualquer lugar, com um "cheguei, estou aqui", não interessa quanto tempo demorei, mas todas as pedras que contornei, muralhas que galguei, todos as encruzilhadas onde me enganei, tudo e todos que encontrei, e o quanto me conheci.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

1001 palavras doces

Para quem em algum lugar não se esquece de sentir.

1001 beijos repenicados
Para quem derruba com sorrisos o mal instalado

1001 abraços quentes
Para quem não tem medo de mostrar que sente

1001 suspiros consolados
Para quem, sendo transparente, transpira amor por todos os lados


.... Para jogos, já basta o da vida, onde apenas o mal viver, o mal perder, o não sentir cada passo, cada poço, cada ponte, cada ave, nos tornará verdadeiramente derrotados.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Obrigada

Um dia, há já muitos anos, a folhear um dos muitos livros antigos do meu pai encontrei uma folha dactilografada num papel fino dobrado em quatro. Desdobrei cuidadosamente o papel que de tão fino colocava as letras em relevo e descobri um poema em françês. Perguntei-lhe o que era e respondeu-me que era o poema de uma das músicas mais belas de sempre. Não duvidando nunca do seu gosto, pus-me a ler e a tentar entendê-lo com o meu fraco e ainda iniciático francês. Agarrou no disco de vinil e pos a música a tocar no gira-discos. Para uma miúda de tão pouca idade, entender tanta dor e vê-la como bela era inatingível. Mas adorava ouvir os érres carregados de emoção e a música de alguma forma me prendeu, tanto que ainda hoje me lembro de cor de grande parte do poema.

Hoje ao atravessar a ponte Vasco da Gama debaixo de um céu estrelado e com a minha Lisboa resplandecente e angelicamente iluminada ao fundo, mudei de estação de rádio e em perfeita sintonia com os sentimentos que me inundavam e em jeito de homenagem ao homem mais luminoso do mundo, 'Ne me quitte pas' começou a tocar. Hoje, vinte anos mais velha, entendo-a, sinto-a e acho-a bela. Hoje, acho-te mais belo que nunca, por te deixares tocar com tanta ternura.

Obrigada por me mostrares mais uma vez e de uma forma tão especial que o amor é o maior valor.

Obrigada por frisares que não é defeito ser transparente.

Obrigada pelo teu eterno amor...


“Não me deixes...
É preciso esquecer
Tudo pode ser esquecido
que já tenha passado

Esquecer os tempos
dos mal-entendidos
e o tempo perdido
tentando saber como

Esquecer as horas
que às vezes mataram
com sopros de porquês
a última felicidade

não me deixes… não me deixes… não me deixes…

Eu te oferecerei
Pérolas de chuva
Vindas de países
Onde nunca chove…

Escavarei a terra
Eu escaparei à morte
Para cobrir o teu corpo
De ouro e de luzes

Eu Criarei um país
Onde o amor será rei
Onde o amor será lei
Onde tu serás rainha

não me deixes… não me deixes… não me deixes…

Não me deixes
eu te inventarei
palavras absurdas
que compreenderás…

Eu te falarei
daqueles amantes
que viram de novo
os seus corações ateados

Eu te contarei
A história daquele rei
Morto… por não ter podido
te reencontrar

Não me deixes… Não me deixes… Não me deixes…
Quantas vezes não
se reacendeu o fogo?
do ancião vulcão
que julgávamos velho…

Até há quem fale
de terras queimadas
a produzir mais trigo
que o melhor Abril

E quando vem a noite
com um céu flamejante
vê como o vermelho e o negro
se casam…
Para que o céu se inflame

não me deixes… não me deixes… não me deixes…

Não me deixes
Não vou chorar mais
Não vou falar mais
Eu me esconderei ali
para te contemplar
a dançar e a sorrir
para te ouvir a cantar e a rir

Deixa-me ser a sombra da tua sombra,
A sombra da tua mão
A sombra do teu cão

não me deixes… não me deixes… não me deixes…”

BRAVO!

Tradução de "Ne me quitte pás" - Jaqcues Brel

Ver video

domingo, 6 de julho de 2008

Happy Birthday 7 Wonder

Para ti
que me ouves no silêncio e que sem palavras sabes quem e como sou
que estás sempre longe e mesmo assim, a milhares de kilómetros de distância me alegras com um simples trim seguido de "Olá... Sabes quem eu sou? O meu nome ainda não aparece?"
que quanto mais longe estás parece que mais te aproxegas...

Para ti
a quem por vezes reconheço-te como igual, mesmo sendo tão diferentes
a quem admiro em todos os momentos, mesmo que sejam de tristeza
com quem danço e abraço, me divirto e disbundo fazendo-me rir e aproveitar cada momento

Para ti...
que sendo brilhante iluminas tanta gente.

Já te disse que me fazes lembrar alguém, não já?
Pois disse-o e cada dia que passar tenho a certeza que algo mais irei encontrar... e esse é o meu maior "Para ti", para ti...

Beijos enormes daqui para aí, onde o por do sol faz justiça à tua presença!

sábado, 5 de julho de 2008

Uma palavra apenas

Há sentimentos mais fortes que tudo
que precisam de palavras para se comunicar

Há palavras que mudam o mundo
reduzem problemas a insignificâncias
Há palavras que mudam tudo
que apagam e tornam ridiculas
quaisquer que sejam as inseguranças

Palavras ditas em segundos
com sentimento e confiança
que num instante mudam tudo
e nos fazem voltar a sentir crianças


Amor Acredito Esperança Sonho Paz

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Let's fly away


A minha geração nunca passou por grandes dificuldades.

Olho para a vida do meu pai e vejo como foi cheia, plena. Foram 88 anos que cruzaram com um final de uma 1ª grande guerra, uma crise financeira de impactos dantescos, uma 2ª grande guerra com impactos de racionamento, uma guerra colonial e uma linda revolução de Abril que rompeu com os seus melhores anos, aqueles que viveu em África. Depois disso nasci eu. Foram-se os tempos áureos e gloriosos, chegou o tempo do amor e terna dedicação à família.

Esta imagem, este percurso, faz-me acreditar que sim, de facto depois da tempestade vem a bonança. É só saber vê-la. Principalmente, abraçá-la.

Olho para mim, olho para o que me rodeia e depois de crises como a da paralização dos transportes, confirmo aquilo que há muito sentia. O quão vulneráveis estamos. Presos a uma falsa segurança que não nos permite defender, lutar por um mundo melhor. Sou optimista, mas preocupo-me. E preocupo-me porque a mudança tem que começar em cada um de nós. E eu, pouco ou nada tenho feito para mudar, a não ser pensar que algo tem que mudar sem nunca conseguir apresentar soluções.

Sinto que é a nossa geração que vai fazer a mudança, que tem de ser ela a dar a volta a um ciclo que está a terminar, ajudando um outro novo a começar.

Sinto que a nossa geração preocupa-se mais com o futuro e não com a satisfação imediata, as conquências futuras dos seus actos.

Sinto que a nossa geração é mais tolerante... mas no entanto, por não termos nunca passado por dificuldades de maior, estamos inertes e causamos sem querermos, por medo ou receio, atrito à mudança.

A dificuldade em programar num futuro breve a nossa vida pessoal, deprime-nos. Essa dificuldade, cria-nos insegurança. Essa insegurança torna-nos inertes a qualquer mudança. E vamos ficando, a ver o mundo a rodar, com sonhos de futuros mais breves que breves, na esperança que alguém no mundo o mantenha a rodar.

Apetecia-me ser irresponsável e mudar a minha vida de lugar.

Apetecia-me ser irracional e não me prender ao meu lugar, que não é meu, mas por rotina, hábito e segurança, o reinvidico por uso capião.

Apetecia-me sentir que sou portuguesa de origem, mas pertenço ao mundo de coração.
E sentir-me bem em qualquer lado, em qualquer parte, como parte não de um pouco mas de um todo.

Apetecia-me dar um murro na mesa com um "Basta!" e sentir que todos o sentem.

Acima de tudo, queria ter coragem para voar e ajudar e ensinar outros a voar... Porque voar sozinha não tem graça. E haverá sempre alguém em baixo a visitar. Se mais ninguém voar, quem nos arrancará do solo para voltar a voar?


Se estou deprimida? Um pouco, mas continuo sempre optimista... há espera que alguém mantenha o mundo a rodar. :(



terça-feira, 1 de julho de 2008

Quantas xs

lembras-te de me dizeres um dia que me havias observado pela janela de nossa casa quando eu ía a caminho da faculdade, e que a minha passada era ritmada e elegante?

pois sabes? saí hoje do escritório, um pouco triste, um pouco farta, um pouco cansada e já quase a chegar ao meu carro, senti a minha passada. olhei pelo canto do olho não para um quarto andar onde antes estavas, mas para o céu, e sorri.

pensei... 'havias de me ver agora' e olhei para o lado.
mas como tudo o que é doce... durou pouco.

momentos passados a ultima frase que utilizaria era essa. não queria que me visses.
porque teimo em me expor a quem não me vê.
dar demais a quem não me sente.
mostrar-me a quem não me compreende.
para quê?

o valer a pena, é algo que é mais intenso e valioso que qualquer dor, qualquer pena, qualquer perda.
não me canso de me expor para me encantar com a pureza e transparência de relações. mas eu própria não meço a minha transparência e ofusco-me em ilusões.
valerá a pena expor-me?
exteriorizar as minhas emoções?

Ninguém merece as minhas lágrimas? merece pois! Tu, eu e quem me deixa ser quem eu realmente sou, sem barreiras, seguranças nem prisões. sem parvas e constantes avaliações. E por esses vale a pena, por esses exponho-me. não é pena nenhuma. por esses dou-me. os outros? cada vez mais me protego, me escondo.

escrito isto...
quantas vezes mais terei de me esconder até conseguir aprender?
quantas vezes mais terei de escrever para interiorizar os meus erros?
quantas vezes mais irei cair nesta repetição?

domingo, 29 de junho de 2008

Papi

Sinto TANTO a TUA falta...

catapum

Hoje catapum...
Hoje em silêncio as lágrimas cobriram-me a face numa calma e triste tempestade que teimava em não terminar.
Hoje chorei como não chorei em anos...
Sem soluços, mas como uma torneira perra que teima em não fechar.
Hoje não foi possível esconder as lágrimas da minha princesa...
E hoje não me perguntou nada...
Sentou-se ao meu colo, aninhou-se ternamente, afagou-me o cabelo, e no meio das minhas lágrimas sorriu e ficou calada... num momento interminável de silêncio onde as lágrimas que me escorriam eram o único ruído numa igreja pouco iluminada.
Não me senti nem fraca, nem complexada por a pequena princesa assistir às minhas intermináveis lágrimas... Antes preferia que não as visse, que me achasse sempre a mulher mais forte em quem se apoiar. Mas ao mesmo tempo, mostrei-lhe todo o meu eu, e nessa amostra senti que nos completava-mos.

Hoje foi catapum...

sábado, 28 de junho de 2008

Era assim...


Era ao som de músicas apaixonadas, cheias de momentos épicos, em italiano, a passear de gôndola, a sair com um vestido esvoaçante, olhar brilhante a correr por entre um pequeno cais, a entrar num edifício lindo envelhecido, subindo escadarias de mármore de passadeira vermelha...

Era a passear por pequenos rios, rodeados de belas e verdejantes montanhas, sair a cavalo por estradas sinuosas de pedra, rodeadas de ovelhas, cruzando-me com gente em tweed e kilts, a cavalgar, cavalgar... ao som de gaitas de foles, a olhar para longe, bem longe para a um daqueles medievais castelos encantados chegar...

Era ao som de música das arábias, numa tenda branca gigante encostada a um oásis, recheada de tapetes vermelhos, tecidos multicolores a provocarem um doce e elegante jogo de sombras à luz de lamparinas mágicas, misturas de aromas quentes e adocicados...


Era a assistir ao tal pôr de sol vermelho e único que os meus olhos dizem que um dia viram...



Era assim...

(nos meus sonhos é assim...)



sexta-feira, 27 de junho de 2008

It's true...

All of these lines across my face
Tell you the story of who I am

So many stories of where I've been
And how I got to where I am

But these stories don't mean anything
When you've got no one to tell them to
It's true...I was made for you

I climbed across the mountain tops
Swam all across the ocean blue
I crossed all the lines and I broke all the rules
But baby I broke them all for you

Because even when I was flat broke
You made me feel like a million bucks

You do…I was made for you

You see the smile that's on my mouth
It's hiding the words that don't come out
And all of my friends who think that I'm blessed
They don't know my head is a mess

No, they don't know who I really am
And they don't know what
I've been through like you do
And I was made for you...

All of these lines across my face
Tell you the story of who I am
So many stories of where I've been
And how I got to where I am

But these stories don't mean anything
When you've got no one to tell them to
It's true...I was made for you



Brandi Carlile - The Story

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Doce sombra


Inexplicavelmente
encho-me de lágrimas, violentas cataratas que me afogam por dentro.

Inexplicavelmente,
por fora sorrio e os olhos que mostro apenas mostram esporádicas lágrimas resultantes de bocejos e falta de dormir.

Inexplicavelmente,
tanto me sinto admiravelmente e radiosamente feliz, como num fragmento e repentino momento o nada e questões impossíveis de responder me assolam em tempestade.

Inexplicavelmente
tanto me sinto feliz como triste.

E é no auge da minha felicidade que a sombra da tristeza cresce e me diz olá com um sorriso.

Não choro... por fora.

Afogo-me por dentro... com um sorriso em resposta à simpatia e graciosidade e grandeza da tristeza.

Porque até ela,
inexplicavelmente,
me consegue fazer, de uma forma que desconhecia, feliz.





Pic: omrx

domingo, 22 de junho de 2008

Sapatinhos vermelhos


Porque com eles, consigo sempre dançar, mesmo que a cabeça já ande no ar, o coração a flutuar...



Pic: Skywalker