quinta-feira, 14 de outubro de 2010

36 Luas

Faltam 58 minutos.
58 minutos para acordar o dia em que o sol se coloca exactamente no mesmo sitio do dia em que nasci.
Já passaram 35 anos, 364 dias e 23h02 desde o dia em que nasci.
Balanço de vivência?
Este ano não faço.
Estou cansada de os fazer.
De interpretar.
De me esventrar à procura de soluções.
De racionalizar as consequências dos meus mais puros momentos.
E nisto...
acabo por fazer o que digo não querer.

Não há Balanço.
Apaga as linhas.

Apenas vou fazer uma coisa:
Obrigada, Obrigada, Obrigada.

Tenho tudo para viver um mundo perfeito.

sábado, 21 de agosto de 2010

Vamos falar?

Então Pai,

Vamos a isto.

Ausentei-me de mim, de tudo, disse que não tenho saudades tuas, e não tenho. Mas por vezes, raras as vezes, tenho. Não sei se penso ou se falo, mas sei que sinto que o verbalizo e digo “Tenho Saudades Tuas, Pai”. Mas só o digo, ou penso, quando nos milésimos de segundo antes da saudade, me lembro, vejo, a tua cara, a tua expressão como se não tivesses saído daqui, como se o teu corpo nunca me tivesse abandonado.

A mãe diz-me que é blasfémia quando me refiro a ti como o meu Deus, o meu Guia, o ser mais perfeito. Não é, pois não? Com a tua vida aqui, com a tua partida para aí, com a tua ascensão, com o amor perfeito que és para mim, com a luz que de ti me ilumina, com tudo aquilo negativo que não me fazes sentir, com tudo o que é bonito e me ajudas a ver, é impossível não o seres.
Sei que para o seres assim o teu Deus de agora será muito maior…
Como se fosse possível…

Mas sei que caminhando para ti, mantendo-me unida a ti, partilharemos o mesmo Deus, partilharemos o mesmo chão. Saudades? Claro que não. Estás presente, mesmo quando a minha cabeça se mete numa confusão.

Estou assim agora. Confusa. Preocupada. A tentar encontrar o caminho.

Estás aqui sempre. E começo a tomar as minhas decisões.
Em um, dois, três dias, tomei duas grandes decisões. Uma que já havia tomado várias vezes e deixei escalonar. Sim, trabalho… Sim, eu sei. Não tenho que me preocupar. Sou o que sou. Sou boa em muitas coisas e um dia as coisas irão mudar. Amanhã é outro dia. Sim eu sei, que apenas preciso de chegar à conclusão e aceitar que sou boa porque o sou e não pelo que os outros dizem.

A outra decisão, foi a mais difícil. Mas acho que finalmente cheguei lá. E tens razão, sempre tiveste razão. Ninguém merece as minhas lágrimas, ninguém merece a minha tristeza, a minha dor. Todos merecem o meu sorriso, o meu amor. É isso. Pelo amor não se luta. O amor acontece. O amor existe em nós. E eu fiz a minha escolha. Aceitar isso mesmo. Amar-me, descobrir-me, mimar-me, acarinhar-me. Se por acaso cruzar-me com aquela alma que nos faz tornar-nos maiores, boa! Nos entre tantos vou amar-me, descobrir-me ainda mais, mimar-me e acarinhar-me. Não estou carente, não sou carente, nunca o fui. Mas enquanto não me apercebi disso achei que o fui. Aceito tudo. Aceito o que sou. Admiro-me. Vou para onde estou. E… prometo-me que tudo farei para que na redescoberta do meu Eu, evitarei estragar os Eu’s que não são Meus.
Adoro-te. Adoro-me por ter-Te. Adoro-me por ver-Te. Adoro-me por sentir-Te. Adoro-me por permitir-me a isso. Adoro-me por não me considerar louca, apenas… mais perto de ti.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Pensava ser impossível saber o indicativo do céu

Sabes?

Encontrei uma forma de estarmos ainda mais juntos

mesmo que não te veja, não te toque, não te cheire, não te oiça


[Nestes dias tens estado mais vivo que nunca em mim]


Hoje lembrei-me do nosso triste, curto último dia…

Mas hoje, ao contrário das outras vezes, não foi tão triste…

Assumi que aconteceu curto, porque assim tinha de ser

Ninguém teve a culpa… apenas aconteceu


Ontem percebi que não me lembro dos nossos momentos com saudade...

... cheios de sorrisos…

mesmo que quase todos os nossos momentos tenham sido assim…

Felizes…


Descobri que o nosso melhor momento é eterno

que o nosso melhor momento é infinito

Porque o nosso melhor momento é o amor intenso que existe entre nós

E é isso que, ao som de Claire de Lune… o indicativo

me faz sorrir e vibrar em nós


domingo, 11 de julho de 2010

Tempestades num copo de água

Como tudo é relativo...

Na sexta-feira senti-me mal, uma porcaria, por me ter apercebido que estava tão errada. Teimei que via o outro lado, quando ainda estava cega. Quando percebi que tinha errado, já era tarde, tarde demais para fazer o mea culpa.
Resumindo: Entrada num fim-de-semana preocupada, estupidamente preocupada, por não ter hipóteses de me desculpar.

O Fim-de-semana prometia. Mas pior que esse sentimento de culpa era impossível.
Enganei-me.
Por outros motivos, completamente imprevistos: Conturbado
Dos meus amores só a minha mãe ficou: intocável
Fim-de-semana cheio de barreiras, intenso, por breves momentos doloroso.
A minha filha...
Queremos protegê-los de tudo... mas... também lhes queremos mostrar que tudo é ultrapassável...
E nas barreiras, para nós pequeninas mas para eles dificeis, por que passam, mãe sofre por dentro... em silêncio...
Como se acumulássemos a má energia para lhes deixarmos só com a boa, para assim conseguirem dar aquele impulso...
E no fim, são eles que nos ensinam...
Com aquele sorriso passadas vinte e quatro horas, de que nada se passa...

Ainda hoje estou triste com sexta-feira, não ferida, mas culpada... mas depois deste fim-de-semana... assimilo que ao menos não é tarde para pedir desculpas. Ao menos ainda me resta isso... A vontade, a consciência, o coração, a capacidade, o direito e o empenho de fazer as pazes. Depois... depois se verá. Eu entendi.

A ouvir "My Love" by Sia

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Exigente...

Mas...
Eu não sou exigente!

Não percebo...

Como o posso ser, quando não peço?
Apenas porque me queixo que tenho falta de carinho?
Eu tenho... falta... de carinho...
Eu sinto a falta de alguém que eu ame e que me ame de volta
Que me mostre, e não se esconda, que sou o seu amor
Que lute, como eu sempre lutei, por manter ligado esse túnel, de amor puro, sem restrições...

Eu sinto a falta de um abraço,
de um carinho,
de um estou aqui,
de um deixa-me ficar assim abraçado para o resto da vida.

de um olhar... "Não estás sozinha"
daquele olhar... "saudades tuas..."

de um entrelaçar de dedos... "vamos à rua?"

... de certo será pedir muito:
de um abraçar terno, sussurado ao ouvido... "dorme bem meu amor".

... de não me sentir sozinha no meio do túnel.

sábado, 19 de junho de 2010

domingo, 23 de maio de 2010

Viragem

Estou em falta, sim...
Mas não tenho conseguido escrever...
Cada vez que me sento ao computador, os dedos parece que travam com pedal e travão de mão. E tenho aceitado mas também tenho tentado. Meia-hora antes de me sentar para escrever lembro-me que o tenho de fazer. Começo a pensar "Por onde começar? Tanta coisa mudou... Se calhar contar nada é a solução...". E penso naquilo que gostava de escrever, sento-me... e bloqueio... Porque, é tanta coisa, é tudo novo, e não assimilei nem metade.
O resumo da minha vida actual é extraordinariamente simples, mas todos os sentimentos que o contornam são tão únicos, são tantos que qualquer tentativa de expressão é insuficiente.
Estou solteira, a minha filha tem sido um amor, o meu ex-marido continua a ser uma pessoa extraordinária, os amigos-amigos continuam aqui, sinto-me mais forte, mas também me sinto a estagnar quando vejo o nosso mundo, o nosso país, a avançar de uma forma assustadora. E depois reflicto e foco-me naquilo que me prontifiquei em abraçar. Parar agora é exactamente aquilo que preciso e que tenho a obrigação de me dar.
Durante anos escrevi metaforicamente todos aqueles sentimentos que tinha que camuflar, para protecção minha, por protecção dos meus, e agora... já limpa, parcialmente resolvida, parece que não sei escrever de outra forma... sem máscaras... e parece que tenho de reaprender novamente a escrever.
Este post é o principio, o recomeço da retirada das camadas.
Ontem, numa esplanada ao sol, de frente para um lago no jardim zoológico, sem computador e com uma caneta e bloco acabada de comprarr na loja de recordações do zoo, fecho um livro e começo outro, apenas porque o outro ficou sem páginas para escrevinhar.
E desta vez... ao contrário de todos os caderninhos que iniciei na escola, vou começa-lo limpinho, organizado, sem saltar páginas e cuidá-lo. Mas espero nunca deixar de desenhar bonequinhos e corações...
E a este novo livro espero que aconteça magia... Por cada página noce que escrever, uma nova página em branco ser-lhe-à adicionada ao fim, limpinha.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Da primeira vez

Da primeira vez que te vi, tu não me “curtiste”
Mas eu, distraída, não liguei. Estranho porque passei parte da minha vida preocupada com o que os outros pudessem se ressentir de mim e a moldar-me, encaixar-me naquilo que os faria mais feliz, porque no final das contas, por os fazer felizes, mesmo que moldada, eu também ficaria feliz. Contigo, distraída, nem o fiz. E entraste na minha vida sem dar quase por isso, como se já lá tivesses estado, como se eu também já te tivesse visitado, aceitando os nossos defeitos e mazelas, sem um pingo de crítica, sem morais à mistura, como se nada, qualquer pecado nos pudesse julgar, pudesse contrariar aquilo que nos aproxima.
Nós somos dois livros, de capa dura, resistentes, diferentes, que se abrem como por magia, um para o outro, numa troca de amor, emoção, experiências, desabafos, dúvidas, apoios, dedicação, tristezas e alegrias. E eu escrevo no teu e tu deixas. E tu… escreves no meu e deixas o meu livro cada vez mais bonito, um livro cuja capa me pertence, mas cujo conteúdo está docemente impregnado de ti.
Hoje é o teu aniversário e queria contar-te uma coisa… a sensação que tenho da primeira vez que te vi é quase igual à sensação que tenho de cada vez que entras pela minha casa a dentro. A única diferença é que é cada dia mais doce.

Sabes qual é a sensação?

Fazes parte, sempre fizeste.

Beijo enorme do tamanho da lua, meu colibri.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Às vezes pode ser tarde demais...

Estou em guerra com as palavras que saiem da minha boca...

Mostro diariamente à minha filha que nunca é tarde para nada, que tarde ou cedo tudo acontece, que quando existe amor o amor acontece, as pazes fazem-se, aqueles que nos marcam se reunem... Ainda no outro dia dei-lhe o maior e melhor exemplo quando falávamos sobre as suas suaves brigas com os seus amiguinhos. Contei-lhe que um grande amigo de infância de quem nada sabia desde os nossos 11 anos de idade, que me encontrou no facebook, me tinha escrito um email a pedir-me desculpa, passados vinte e quatro anos, de todas as maldades que me havia feito. Expliquei à minha princesa que fiquei surpreendida com o email, porque... as pequenas maldades que ele havia feito eram minimas comparando com a amizade e cumplicidade que sempre tiveramos e que ele nunca me tinha marcado negativamente, muito pelo contrário. Mas que ele necessitara de me escrever porque não se sentia totalmente limpo. Um pedido de desculpas que para mim era desnecessário, mas que, para ele, pelos vistos era tão importante. Aceitei-o, mas disse-lhe exactamente isso, que ele para mim era uma das minhas melhores recordações de infância e que o seu email me dáva a justificação para este sentimento, porque as suas palavras confirmavam a beleza que sempre havia visto nele, mesmo quando ele fazia das suas. Amizade é isto. Não importa o tempo... Importa sim a pureza de sentimentos. A capacidade de ver o melhor do outro quando ele não se encontra nos seus melhores dias, a capacidade de pedir desculpa, mesmo que com um hiato de tempo gigante, a capacidade de mesmo que não se saiba o que perdoar, de aceitar, para que o outro possa descansar...
E com isto digo que nunca é tarde demais...

Mas ontem, da minha boca proferi a frase "Sabes que às vezes pode ser tarde demais..."

E hoje relembrando-me, fiquei baralhada...


[recordei os meus ensinamentos para a minha mais que tudo e refiz-me das dúvidas que me inundavam]

Mas tarde demais para?
Amar? Nunca....

Se Amar for puro e não persistente, nunca é tarde... nunca...
Quem amarmos no futuro responderá com um hiato de horas, dias, meses, anos:

"Não é tarde... Vê..., só agora amanhecemos... temos o resto do NOSSO TEMPO pela frente"

A resposta está lá, sempre...:
"Mostro diariamente à minha filha que nunca é tarde para nada, que tarde ou cedo tudo acontece, que quando existe amor o amor acontece (...)"

sexta-feira, 19 de março de 2010

SMS (longa) Além-Mar

Tiro a barriga de misérias hoje, quando deveria estar a fazer o trabalho do colégio da minha filha… mas é mais forte que eu… o trabalho fica para amanhã, as mensagens ficam para hoje, não querendo tirar a importância do meu post mais importante de hoje, o do meu pai. Mas de súbito tudo se tornou importante… E a carta além mar tem de partir hoje, para breve lá chegar.
Estive ausente daqui, também de mim, na esperança de conseguir sobreviver sem escrever. Tipo, agora é a minha vez. Descubro que escrever faz parte de mim, que me alivia, que me faz sentir-me e encontrar-me, que é como um membro que não consigo auto-decapitar.
Estive ausente muito tempo, nem consultei os mails do blogue e descubro que hoje, quando retorno, tenho uma mensagem enviada hoje de além-mar.
Também eu muitas vezes me questiono porquê? O porquê de pedras no caminho… Quando supostamente não deveríamos receber tais presentes. A minha reacção normal? Deixo de questionar, tenho de atravessar. Se é uma prova? Não sei… Acho que se pensarmos nisso damos mais razão para as pedras continuarem a existir. Sei que não é fácil, nada é fácil… Imagino que seja doloroso… que nos faça tudo questionar… há muita coisa que não entendo… mas acredito que todos procuramos a nossa paz… e no meio dessa procura passamos todo o tempo em guerra para a encontrar… Se é assim, nunca a iremos encontrar… Mas também sem a existência da guerra nunca saberíamos o que seria a paz. A mente humana é assim. Um quebra-cabeças por desvendar. Quero acreditar que o quebra-cabeças tem solução. E acredito que a chave se encontra na conjunção e equilíbrio perfeito entre a nossa essência e o nosso coração… A frase é “Mente sã em corpo são” e não “Corpo são em Mente sã”. A prioridade está descrita, na mente, no coração.
Não pergunte…
Eu também tento não o fazer… Tento…
Agarre nesta nova batalha com um sorriso, consciente da pureza do seu coração… Siga em frente, acredite em si, acredite no amor que o rodeia, na pureza dos seus actos… e não desista, viva!
Já viu a sorte? O mundo avança e cá estamos nós a dar todos mais um passo, mais um dia, a tornar o dia de outros mais doce, porque sorrimos, porque estamos, porque não baixamos os braços e lutamos por aquilo em que mais acreditamos.
No que acredito mais? Não querendo parecer uma candidata a miss USA, no Amor… É ele, o nosso amor por nós em comunhão perfeita com o nosso amor pelos outros, que comanda a nossa Vida.
Um abraço quente daqui para aí.

Feliz dia Meu Pai



Estive tanto tempo sem escrever e logo hoje são dois posts... Depois do Abismo, não posso deixar passar esta data:

Hoje que é dia 19 de Março, dia do Pai

Pai:
Adoro-te, adoro-te, adoro-te...
Houvessem mais expressões que pudessem descrever na perfeição aquilo que és para mim, encheria um livro, as paredes, o céu de palavras e sentimentos que te descrevessem na perfeição. Fico feliz por ver que tantos dizem que o seu pai é o melhor do mundo, feliz por ver que há tanta gente que teve a mesma sorte que eu. Mas sabes? Vou contar-te um segredo, que não conto a mais ninguém para não me acharem presunçosa... Tu, tu meu pai, não és só o melhor pai do mundo... tu és o melhor homem do meu mundo... sabes e eu agora sei de alguns dos teus defeitos... e? Tu também, agora mais do que nunca, sabes dos meus defeitos melhor que ninguém. E continuas aí, e eu aqui... ligados, cada vez mais, num feixe de amor continuo que eu sei que nunca irá terminar. Não quebra, não quero que quebre, sei que nunca o irás quebrar. E não tenho saudades. Acredito em ti. Acredito que para sempre estaremos ligados. E é por isso meu pai que eu sei que TU és o melhor PAI de todos os sistemas planetários.
Sentes o meu abraço?
Eu?
Sinto um arrepio a subir-me pela espinha a apanhar-me as omoplatas que se mantém umas vezes mais frio, outras mais ameno... Frio, frio... e se sorrio mais fria fico...
Beijos doces meu pai. És lindo...

Abismo

Estas últimas semanas têm sido emaranhadas.
Uma teia de emoções, sensações e hábitos nunca experimentados.
Aprendizagens…
Só posso contar comigo e se sonhar nesta fase tenho de ser comedida, para não cair pelo precipício abaixo. Descobri que estou na berma…
Posso olhar em frente, saborear a doce brisa, abrir os braços, deixar-me sentir ali, quieta.
Posso sentir que em frente tenho o mundo todo, o admirável mundo e saboreá-lo.
Não posso olhar para baixo… as vertigens desequilibram-me…
Não posso olhar para trás, o movimento destabiliza-me…
Posso dar um passo atrás, sem nunca olhar para baixo.
Posso ver o admirável mundo um pouco mais longe, um passo atrás…
Posso ficar ali parada e deixar-me admirar por tudo sem nada tocar…
Ou posso ser destemida e saltar…
Paro para olhar.
Não somos nós que conquistamos o mundo é o mundo que nos conquista com o nosso olhar.
Não precisamos de saltar, de ser destemidos com a ânsia de algo agarrar…
Não há nada para agarrar… a não ser em nós próprios.
Somos nós que não podemos deixar cair a essência mais preciosa, o nosso olhar, a nossa capacidade de ver o mundo em múltiplas cores, admirável…
É ele que nos faz construir as nossas estradas e ao vê-las acreditar num novo caminho.
É esse olhar que irá mostrar-me que afinal não estou na berma…
À minha frente está uma estrada transparente que me leva a algum lugar…
Basta acreditar no nosso olhar, na capacidade que temos de sentir as coisas mais incríveis, e ter a firmeza de dar um passo após o outro e caminhar, caminhar…

domingo, 7 de março de 2010

Para ti

Esta é para ti em resposta ao Para ti

Se cada dia é um recomeço, um inicio de um novo dia na nossa vida, gosto de pensar que é um “re” e não apenas um começo, porque sem os “re’s” a minha vida estaria apenas no início, no nada, sem o auto-conhecimento que é nos encontrarmos. Não sei e acho que ninguém saberá o que é uma vida sem nada, nem ninguém. É por isso que cada vez mais acredito em múltiplas vidas, que não há inicio nem fins, apenas recomeços. Tudo passa, tudo se resolve e hoje tenho sim a percepção que estou a arrancar num novo ciclo, como se renascesse. Ontem foi mais um fim, hoje um novo inicio com a mala menos pesada, mas cada vez mais cheia de amor, amor teu, amor nosso, amor meu, numa contínua busca não de felicidade, mas do meu eu, que me responde agora que a felicidade é relativa, varia de pessoa para pessoa, de momento em momento, e que sem me reconhecer primeiro não me responde o que me fará feliz. Por isso… procuro-me… encontro-me aos poucos, aprecio-me cada vez mais sempre que verifico que consigo manter o peso da mala, da minha consciência, menos pesado, mais leve. Aprecio-me… por ver que o meu coração não se aniquilou depois de tudo isto… de tanto trabalho muscular, agora com a mala mais leve, aumenta e aguenta cada vez mais ar. Qualquer dia voo… [sorrio] mas nunca para outro lugar. O ar que respiro é saudável aqui, neste lugar, onde tu existes, onde tenho a minha mãe, a minha filha e sabes? Mais uma mão cheia de doces amigos, que nunca me largam a mão… nunca…

Adoro-te, sabias?

Fazes parte de TODOS os meus dias.

És especial :) todos os dias.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Dreamcatcher

Como sabem os mais próximos, para aqueles que não tenho vergonha de admitir as minhas infantilidades ou delírios juvenis, sou uma aficionada da saga Crepúsculo, internacionalmente conhecida como Twilight.
Não sei o que me deu…
Não sei como tal foi possível, eu que me considero inteligente, ficar vidrada em quatro livros, os quais já li e reli, e de todas as vezes com igual fome, ficar vidrada nos filmes da saga, não me importando se seriam colados ou não à história original. Ficar apaixonada por toda a banda sonora instrumental, como se fosse uma das bandas sonoras da minha vida.
Como?
Será a minha sede por amor correspondido, será do vazio de amor intenso que sinto… O Dirty Dancing, que marcou a minha adolescência, ficou encandeado com o Crepúsculo…

E com esta a febre, a ouvir Alexandre Desplat, olho-me, e vejo-me, mulher, menina, que volta a sonhar por um amor maior, maior que a vida. Será possível? Penso no meu nick – Lua -, na ordem dos livros, penso na ordem de lançamento dos filmes e vejo como se encaixam na perfeição nas mudanças da minha vida. O Crepúsculo em 2008, a Lua Nova no final de 2009… O Eclipse será em Junho, para quando será o Amanhecer?

Parvoíces…
Parvoíces?

Tonta…
Tonta?

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Cartas de Amor

Antes, ainda no tempo dos nossos tetraavós, só as havia para quem sabia escrever. Muitas palavras ficavam por escrever, por também haver quem não as soubesse ler. Da sorte da existência de dois serem literados, nasceram as mais apaixonadas e vibrantes cartas de amor. Trocadas como bilhetinhos, passadas por aias ou pessoal de confiança, lacradas de amor, impregnadas de sonhos.
O amor existia em todo o lado, mas as cartas de amor, existiam apenas entre os seres mais afortunados.

Passou-se algum tempo, bastante aliás, e a escrita começou a ser o meio de contacto não só das classes mais altas, mas também daqueles cujos entes mais queridos partiam para outra cidade, outro país, por guerra ou à conquista de uma nova e quem sabe promissora vida.
O amor continuava a existir, mas as cartas também elas com amor, transmitiam sobretudo notícias. Para acalmar as saudades, para desanuviar das desilusões, para manter acesas as ligações, de amor e família. Muitas vezes, o recebimento de uma carta era um sinal de que o remetente estava vivo. E demoravam dias, meses a chegar, por barco, cavalo e mais tarde até por comboio. E quando chegavam era um alívio.

Eu ainda sou do tempo em que não existia o correio azul, muito menos o verde e já nem sei se agora há mais cores. Eu sou do tempo em que com quinze anos escrevia cartas a pen pals e sobretudo ao meu namorado. Escrevia numa semana, metia-a no marco do correio redondo e vermelho logo a seguir e passados uns quatro dias recebia uma resposta. O meu coração batia ao abrir a caixa do correio ansiosa pela carta que, quem sabe, naquele dia iria receber. E quando a recebia o elevador era demasiado lento, ainda mais lento que ao costume, para me poder enfiar no quarto sozinha a ler. Guardei-as todas. Aliás, tenho todas as cartas em papel que recebi até me mudar de casa, guardadas religiosamente num baú em casa dos meus pais.
Não as leio há muito tempo, mas tenho a certeza que são puras e doces. Mas não são de certeza apaixonantes como as cartas trocadas entre amores em tempos idos. As minhas são adolescentes, inexperientes de vida. São arco-iris, não são fogo que consome, não são mar que acalma, não são quentes de amor, são pura e simplesmente pink.

Nunca mais escrevi cartas, cartas. Aliás, já são raros os marcos de correio. Visitas aos Correios só para levantar encomendas, cartas registadas ou enviar os já raros postais de Natal. Saudades.

Agora com as novas tecnologia, com a internet, com todas as vantagens que ela traz, estamos todos mais perto. Sabemos todos de todos, basta querermos. Mas ao mesmo tempo estamos tão mais longe…
Até as palavras são comidas, como se o amor, a escrita precisassem de abreviaturas… Como se o amor pudesse ser resumido em “<3”. Gosto mt de ti… Pq é q o mt fica sumido? É -?

Não gosto. Ponto.
Gosto de encher a boca para dizer o que sinto e muitas das vezes parece que o que digo é tão menor do que o que sinto. É imensurável…

Fazem falta cartas de amor entre as gentes. Cartas de amor com destinatário e remetente.

Remetente - Uma carta é um ciclo, um círculo continuo, quem ama envia a quem ama, se o destinatário não responde, não remete, ou não está vivo, ou não ama como o remetente, quebra-se o ciclo.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Estradas de palavras

A vida é feita de uma combinação de coisas inexplicáveis, grandes e pequenas, imensuráveis...
A vida é... são... probabilidades infinitas...
A vida é... feita de tudo.. e quando a queremos exprimir, exprimimo-nos em sentimentos, em palavras...

Palavras...

Que gostamos de ouvir, que gostamos de dizer, de escrever... ditas, cantadas...
Palavras que nos fazem sonhar ou doer
Palavras não ditas, não sentidas que nos fazem tremer...
Não...
Nunca niguém me escreveu AMO-TE na estrada

Mas enfim, amo palavras, porque as preciso de ouvir, dizer, para encher este peito de ar, de calor, soltar cá para fora tudo o que tenho para dar e com isso... com essa queda de muralhas permitir-me a receber.

Não sei se existes, não sei quem és, não sei se quer onde estás, mas olha... algures no caminho escreverei não a giz, mas gravado em ponta de diamante, rodeada de fogo, para que a vejas, circundada de água, para não ferir ninguém, uma única palavra: AMO-TE.

E se a vires e dos teus olhos cairem lágrimas de felicidade, acredita... o fogo não apagará, o fluxo de água não aumentará, e eu ao sentir gotas de água salgada a cair na minha palavra, saberei... saboreando gota a gota, que te encontrei.

Um dia... Um dia.. algures a meio do caminho.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Querem concorrer?

Dentro de uns tempos, assim que a liquidez me permitir, vou colocar um autocolante em vinil numa parede que vai ficar vazia no meu quarto.

Tempo em conta o facto de ser no quarto, logo pessoal, que vai ser no local onde deveria estar um espelho, desafio a quem me lê, ou me vai lendo, a escrever uma frase que tenha a ver comigo, que me faça sorrir logo pela manhã.

O prémio do vencedor?
Existirá melhor prémio do que ter alguém a ler-nos todos os dias?

:)
Obrigada e até já

sábado, 30 de janeiro de 2010

Fofinha

(para leres quando fores mais crescida)

E é hoje...
Se soubesses como o meu coração aperta agora enquanto te escrevo...
Se soubesses como o coração e a minha cabeça têm estado nos últimos tempos...
Se soubesses como um gigante ponto de interrogação me têm preenchido em todas as últimas noites...
Tudo por ti, por ti apenas, porque tudo o que quero é amar-te, proteger-te, ajudar-te a aprender a viver nesta vida, acompanhar-te e nunca magoar-te. A dúvida que tenho da tua reacção à separação da mami e do papi assusta-me. Sei que no fundo és forte, sei que és doce, sei que és boazinha, sei que és compreensiva e adoro ver-te feliz. Mas sei que vais ficar triste...

Mas não fiques...

Sabes porquê? Porque o nosso amor por ti nunca diminuirá, nunca mudará. Porque a mami e o papi vão estar sempre para ti como estiveram até agora. Porque o céu e a terra quiseram que o papi e a mami se juntassem para darem mais um presente ao mundo, tu. E mesmo que a mãe e o pai continuem com a sua vida, em diferentes caminhos, num caminho havemos de estar sempre juntos, porque somos muito amigos, porque te adoramos, porque queremos o melhor para ti e porque estaremos sempre a teu lado.

Com esta nossa decisão queremos ensinar-te dando-nos como exemplo do que é lutar. Lutar pelo nosso amor próprio, pelo nosso amor pelos outros, lutar pela felicidade, sempre com respeito pelos outros.
E chegou o dia do papi e da mami seguirem esse caminho.
E daqui a umas horas vamos falar contigo.

Agora peço ao teu avô Manuel, que está lá no céu, mas sempre comigo, que me dê força e me ajude a dizer-te as palavras certas, para que consigas compreender que esta decisão é boa para nós os três e que não é de todo um fim, não é triste, é apenas a mudança de hábitos e rotinas, com um único e importantissimo objectivo, de sermos os três ainda mais felizes.

Adoro-te meu amor, minha fofinha, és o maior presente que esta vida me deu e nunca te esqueças, estarei SEMPRE contigo e sei que, do fundo do coração, estas palavras que agora te digo, também são do teu papi para ti.

Tenho muito orgulho em ti!

Um grande beijo da tua Mãe

sábado, 16 de janeiro de 2010

Voltei!

Estas semanas têm sido, digamos que, cheias...
Cheia de tudo! Cheias de intensidade, cheias de emoção, cheias de receios, cheias de fé. Uma confusão.

Ontem tirei o dia!
Pedi a quem se encontra a ajudar-me exaustivamente, espaço. Pedi...
PRECISO de assentar arraiais. Preciso de fazer o meu luto, parar, sentar, vegetar, dormir, tomar banhos longos, cuidar do meu corpo, vestir um pijama novo, ler e escrever. PRECISO de parar e não pensar. Dificil...
Têm sido tantas as coisas e pensamentos surreais que me têm passado pela cabeça. A falta de fé em mim, a falta de vontade em executar, deitaram-me verdadeiramente a baixo e toda aquela confiança constante que me acompanhou a bem ou mal no último ano e meio fez... puff!

Às vezes é preciso encontrar alguém que gostamos e admiramos com o mesmo estado de espírito que nós para arranjarmos força.

Tive uma quinta-feira estranha depois de uma quarta-feira brutalmente cinzenta. Uma quinta-feira que começou apenas como mais um dia e que de um momento para o outro mudou. A levar uma manhã calma após deixar a princesa no colégio. Café da manhã com um ou dois amigos, levantar uma encomenda, tudo pacato, como deveria, mas com um desolamento triste da memória e recém chegada menos boa experiência do dia anterior, triste e assustador. Entro no carro, céu cinzento, ligo o rádio e toca Tokio Hotel. Deixei ficar a música, afinal de contas, alguém um dia dedicou-me o titulo daquela música no MSN, e essa lembrança fez-me sentir diferente, melhor, relembrou-me que não sou uma ninharia. The Sun will Shine for you. E o céu abriu, as nuvens dissiparam, o sol brilhou e o telefone tocou. Agendamento para dentro de uma hora para a visita de uma casa que havia gostado no site de imobiliário. Liguei à minha mãe. Estava na missa por alma do meu pai e pela primeira vez tinha-se esquecido do telemovel ligado. Fomos ver a casa e ao contrário das casas do dia anterior que me tinham deixado completamente deprimida esta inundou-me de luz e fez-me ver que afinal podem existir hipoteses de ser feliz num outro sitio que esta actual casa. E o dia continuou luminoso, o sol continuou a brilhar e o telefone, nessa tarde, com tantas outras coisas novas para fazer, não parou de tocar. Mostrar a casa... No meio disto tudo também tenho de mostrar a minha actual casa, para a vender. Pronto! Foi mais um Puff! O nada de definitivo de casa para ir, e o nada de definitivo de conclusão, fecho de venda da casa, deixou-me no meio, no vácuo e mais uma vez triste e a gritar por dentro "Dêem-me espaço!!! Dá-te espaço!!!".

E foi assim, em que numa sexta-feira, parei e disse-me, hoje não marco, nem faço nada! E até nisso o telefone me ajudou. Não tocou. E o dia foi todo manhã, morning... Não saí. Só saí às cinco da tarde para ir buscar a pequenina. E a calma até aí foi pertinente, o problema foi ter saído quando o dia já começava a escurecer, deprimindo-me e assustando-me todo aquele céu nebulado, cinzento, triste.

E mais uma vez as preocupações surgiram, não as logísticas, mas as de fé nos seres em que quero e preciso ter perto e que não são certos. Devia pensar e assimilar que só posso contar comigo, mas a vida assim, como a conheço não faz sentido. Sou dependente do sorriso e da presença da minha filha. Sou dependente da presença da minha mãe. O meu pai, sei que está sempre comigo. E os outros? Aqueles que fazem parte de mim, aqueles poucos mas bons amigos, que considero complemento da minha alma, que fazem com que tudo pareça perfeito na comunhão perfeita da nossa essência? Esses, sim... Vão estar se eu precisar? Vão-me abraçar quando me apetecer chorar? E a dúvida assolou-me. E essa dúvida fez a perfeita divisão entre aqueles que são mesmo meus amigos e aqueles que partilham ou partilharam comigo apenas alguns troços do mesmo caminho. Apenas a um liguei e perguntei. E liguei por ser uma das almas que me acompanha e mais adoro, e por insegurança precisei de ouvir "Sim, podes contar comigo". Acalmei... E minutos depois, abracei a minha filha. Perfeita uma hora de sentimentos.

Chegar a casa para depois, arranjar-me para jantar com amigas, coisa que não fazia há mais de duas semanas. Confesso, não me apetecia sair de casa. Queria ficar no choco com a minha mais-que-tudo enroladas no sofá debaixo do cobertor, como frequentemente fazemos. Mas por ser uma amiga que não via há mais de um ano, arranjei coragem e fui. Para além de que ela também se encontra numa fase de vida muito semelhante à minha. A separar-se. A frase "Também a ti te dizem que vai tudo correr bem, que tu és forte e cedo vais endireitar a tua vida?", foi a que atenuou tudo. Não sou a única. E se acredito que ela se vai endireitar, mesmo sem filhos, também eu consigo. Muito embora, tanto eu como ela, nos sintamos desencantadas com o nosso actual estado de espirito. São tudo fases, tudo irá mudar, é apenas questão de me habituar. E acima de tudo e de uma vez por todas, deixar de ser mimada e aprender a lutar.

Pensava eu que era uma lutadora... Agora é que o tenho de mostrar...
A mim própria.

Vamos a isso!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

E hoje?

Hoje sinto que tudo se resolve e que o cérebro e noites mal dormidas nos pregam grandes partidas, desviando-nos do nosso eu e tornando-nos animalescos, medrosos e egocêntricos.
Sim hoje dormi e não tremi.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A intuição tem razão

Esta primeira semana de 2010 tem sido uma semana de alivio misturada com tremenda emoção.
Alivio por sentir que soltei tudo o que prendi até ao final do ano de 2009.
Pressenti e descobri que afinal de contas soltei tudo mesmo e que me deveria ter preocupado menos com os outros. Os meus prognósticos confirmaram-se mais cedo do que o previsto. E sinto-me feliz por isso. Mas no meio dessa felicidade impressionantemente antecipada aos tempos por mim previstos, surgem os meus receios e a minha auto-estima de repente dá um catapum.

Gostava de poder dizer que não tenho medo de ficar solteira para o resto da vida. Hoje não consigo.
Gostava de conseguir hoje acreditar que existe algures no mundo um homem que me vai amar, mimar na mesma proporção que eu a ele. Hoje não consigo.
Gostava de conseguir não pensar nisso e apenas pensar que o que tiver de acontecer acontecerá e não me melindrar minimamente com isso. Hoje não consigo.

Hoje sinto-me substituível.
Hoje sinto que não sou amada por nenhum homem.
Hoje sinto que nunca ninguem me vai querer.
Hoje sinto-me uma qualquer.
Hoje sinto-me não especial.
Hoje sinto-me esquisita e sem vontade de nada fazer.

Tremo, ainda não parei de tremer.
Mas nesta misturada de sensações consigo sentir-me feliz por quem quero bem.
Confuso e assustador.

sábado, 2 de janeiro de 2010

A carta

Na noite de 26 de Dezembro no bar mais cool em Évora, um bar marroquino grande mas aconchegante, com várias salinhas, em conversa com o meu primo lembrámo-nos de uma carta que o nosso avô deixou escondida no seu cofre para que os seus filhos a pudessem ler após a sua morte. Soubemos da sua existência num almoço de família em Évora em finais de Março de 2006, quando por altura da celebração do centenário dos meus avós (se estes fossem vivos), uma nossa tia se levantou e a começou a ler. Uma outra prima que estava connosco no mesmo bar não se lembrava nem do momento, nem da existência da carta. Lembro-me que quando a ouvi pela primeira vez, me tocou bem fundo. Mas aquelas quase dez páginas manuscritas em algo, naquele momento, me fizeram sentir mal comigo, por conta do momento e fase em que na altura me encontrava.

Voltámos para Lisboa depois das festas natalícias, lembrei-me uma ou outra vez da existência da tal carta, mas sempre que estava com a minha mãe esquecia-me na totalidade de lhe comentar a conversa com os meus primos no dia a seguir ao Natal e de lhe perguntar se teria uma cópia da carta para a reler.

No dia 31 de Dezembro fomos almoçar com a minha mãe no restaurante onde quando o meu pai estava vivo e de saúde íamos almoçar quase todos os dias.

A passagem de ano foi passada calmamente em casa de amigos, em Lisboa e a da minha mãe com todos os irmãos e alguns sobrinhos em casa de uma irmã.

No primeiro dia do ano fomos almoçar com o avô paterno da minha filha, e ao telefone com a minha mãe senti-a triste.

A minha princesa foi brincar para a casa da sua vizinha e amiga Rita, e eu agarrei em mim à hora do lanche e fui a casa da minha mãe. Quando lá cheguei a casa parece que se iluminou, a sua tristeza desvaneceu-se e abraçou-me. Disse-me que lhe fazia confusão estar o primeiro dia do ano sem mim. Que se sentia sozinha, que agora só me tinha a mim e à pequenina. Respondi-lhe que não era verdade. Que ela ao contrário tinha irmãos que se adoram. Eu não tenho nenhum. Eu sim poderia utilizar as suas palavras de só a ter a ela e à minha pequenina, mas não as utilizo. Os meus amigos, aqueles, com que sei sempre contar, aqueles que preenchem cada dedinho da minha mão, são como meus irmãos e o meu pai está sempre comigo.

De repente, lembrei-me da carta e falei-lhe. Ficou intrigada por eu saber da existência da carta. Mais intrigada por ver que eu era a única. Relembrei-lhe que a carta tinha sido lida por ocasião do centenário de nascimento dos seus pais, mas parece que esse momento passou por muitos familiares como um vazio e só poucos se lembram. Comentou-me ainda que nunca eles, os filhos dos meus avós, revelariam a existência da carta. Fiquei intrigada. Perguntei-lhe se a carta tinha alguma revelação especial ao que ela me respondeu que não, que a sua estranheza era porque a carta tinha apenas sido escrita para os filhos e que por isso não faria sentido revelá-la. Explique-lhe que os netos são os filhos dos filhos e que fazia todo o sentido partilhar a experiência e palavras do avô. Que decerto seria isso que ele pretenderia, que os seus princípios e vontades fossem prolongados por várias gerações. Disse-lhe ainda que aquela carta era um exemplo daquilo que eu quero levar em frente, como projecto.

Levantou-se e foi buscá-la. Disse-me para a ler em voz alta. E li…

Aquilo que me feriu em 2006 não me magoou nem um pouco, nem passou ao lado. Fez-me sorrir. Por ver que afinal de contas, tirando o facto de não ser uma católica praticante diária, sou não só por sangue, neta do meu avô. No final da carta, sem dar por isso comecei a assumir a carta como se fosse o meu pai a escrevê-la para mim e comecei a engasgar-me e as lágrimas começaram a cair-me docemente como o haviam feito na missa por sua alma a 30 de Junho no Hospital de São José.

Abracei-a quando saí de casa. Agradeceu-me por lá ter ido, por aquele momento e disse-me que me adorava. Retribuí com o mesmo amor.

O caminho para casa a conduzir, foi estranho. Já noite, com o tempo carregado, as lágrimas caíram-me de novo. Mas não de tristeza. De paz e arrebatamento.

Assim que saí do carro as lágrimas enxugaram e o sorriso tomou o seu lugar.

Terminei o final da noite já a entrar no dia dois de 2010, a ver uma comédia romântica que adorei, me fez bem, de título “Proposta” com a Sandra Bullock.

Acho que foi um bom começo de ano :)

E amanhã IUPI!!!!… A minha mais que tudo faz seis anos. Tão crescida… :)