terça-feira, 31 de outubro de 2006

Flores para Procellarum

Procellarum…
A escolha de um nome…
A primeira hipotese?
Message in a Bottle... fazia todo o sentido, mas também parece que faz sentido para muitos...
Mensagem numa garrafa que anda à deriva no mar
Pensei na lua... na minha lua...
Mar da tranquilidade?
Não, se há coisa que não tenho permanentemente é tranquilidade...
Oceano das tormentas?
Sim, um oceano na minha Lua, que acumula os meus sentimentos, me equilibra e ajuda a amainar só pelo facto de existir... que não me prende as palavras, não me priva de sensações e me alivia o coração....


O Oceano das Tormentas (Oceanus Procellarum, do latim) é o maior dos mares lunares e se extende por 2.500 km de comprimento, no eixo norte-sul da face da Lua, cobrindo mais de 4.000.000 km². Como todos os mares da Lua, ele também é formado de lava basáltica, que cobre toda a superfície com uma fina camada plana de magma solidificado, mas com a peculiaridade, em relação aos outros mares, de ter em sua superfície muito poucas marcas de impactos de corpos celestes, o que lhe dá uma aparência mais lisa, com poucas crateras. Fonte:
Wikipedia

Imagem: Flower Chaos by
PhysicalMagic

Balanço...


Todos os dias tropeço...
Todos os dias me levanto...
Penso no que não disse
Penso no que deveria ter dito
Penso no que não fiz
No que devia ter feito

Todos os dias sonho...
Acredito no impossível
Todos os dias me desiludo

Todos os dias choro
Todos os dias sorrio
Choro pela desilusão que causo
Choro pela desilusão que sinto
Sorrio pela ilusão
Sorrio por nada, sorrio por tudo

Todos os dias balanço
Sou um turbilhão de emoções
Sou uma confusão de reacções
Sou um balanço equilibrado
Um desengonçado balanço de confusões


Imagem: Libra by Almerys

Amiga Azul


Conheci-te num jantar em Belém e desde o começo que me absorveste.
Não, não tenho aquele sentimento “Parece que te conheço há anos...”
Sinto mais o “Onde é que estivestes até agora!”
Estou poucas vezes contigo, mas de todas elas transmites-me paz, serenidade e confiança...
Sei que me lês, que vez o que mais ninguém vê...
Que lês os meus defeitos...
Não me importo...
Porque sei que és tu quem os lê...
Fazes-me bem quando dizes o que dizes...
Mesmo que não entenda à primeira...
Guardo comigo porque sei que um dia fará sentido
Acredito em ti e sigo-te
És linda e um Ser Maior!


Imagem: "Mãe" por um anjo chamado Rita

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Calma aparente



Hoje a calma enche-me
Hoje a paz acalma-me
Hoje encho-me de sorrisos
Hoje o dia embala-me

Hoje sem nenhum motivo aparente sinto-me tão calma...


Imagem: Calm by Stefano83

domingo, 29 de outubro de 2006

Tela Rara



Dou por mim constantemente a citar frases do meu pai, constantemente a mencionar os conselhos sempre tão certos que me deu...
Digo-o sempre no passado... O meu pai dizia, o meu pai faria... Como se ele não estivesse cá...
São poucas as conversas em que não o menciono...
Ele está cá, ele existe, ele vive...
Mas agarro-me com todas as forças à imagem que tenho dele há uns anos atrás...
Do pai que me conseguia ouvir na perfeição, que me chamava à atenção nas minhas asneiras, que - sem me dizer qual o caminho que tinha de seguir – me conseguia dirigir sempre para o caminho correcto... a voz da minha consciência.
Ele está cá, ele sorri para mim, olha para mim como se eu fosse a tela mais valiosa da sua colecção, aplaude-me pela minha maneira de ser e diz-me sempre que tem pena de não conseguir manter uma conversa com principio, meio e fim...
Ele está cá, estou feliz por isso, mas aquele homem sempre impecavelmente vestido que caminhava elegantemente na rua, aquele homem sempre sorridente que conversava com toda a gente, aquele pai de educação rigída mas carinhosa, aquele senhor paciente e sempre amigo, aquele ser que iluminava todas as salas, já poucas vezes aparece...
Sei que se sente redimido com a idade, sei que se sente um entrave, sei que todos os dias pensa “O que é que ainda cá estou a fazer?”...

Sei que me agarro ao passado porque é assim que te quero recordar pai...

Sinto que passaste algumas das coisas que perdeste para mim...
Sinto que te tenho dentro de mim...
Sinto-me calma para o que tiver de acontecer...
Mas quero continuar a assistir de primeiro balcão ao teu sorriso, ao teu ar deliciado quando olhas para a nossa princesa...
Quero continuar a ouvir a tua voz aconchegante...
Quero continuar a sentir o calor do teu abraço apertado...
Quero sempre sentir que estás sempre à distância de uma chamada telefónica ou de uma curta viagem de carro...

Para ti e por ti...
Todo o amor de uma filha que olha para ti como se fosses uma das telas mais valiosas da sua colecção


Imagem: skywalker

sábado, 28 de outubro de 2006

Músicas que marcam

A música tem em mim esse efeito... tem em mim e em toda a gente...Nem o ser mais insensível poderá não sorrir ou chorar quando uma música lhe desperta um momento.
Hoje oiço músicas que gostei e, muito antes de me perguntar como foi possível o meu ouvido vibrar, lembro-me dos momentos, das situações e das pessoas que marcaram a minha vida...
Fiz uma lista... a qual tive de reduzir drasticamente... Já ia em setenta e três... Tirei muitas músicas que ainda hoje adoro e que oiço de trás para a frente e de frente para trás... Ficaram apenas algumas das músicas que me lembro e que me provocam sempre a mesma reacção, a mesma sensação ou as mesmas recordações...

E depois do Adeus – Paulo de Carvalho
Pela música que ainda hoje me faz vibrar... por tudo, e por ter sido lançada no ano em que nasci

Era uma vez a vida - Paulo de Carvalho
Pela música... linda e pela série de televisão que devorava

J'aime la vie – Sandra Kim
Música de um festival da Eurovisão da Canção... Na altura Portugal em peso parava... Eu e as minhas amigas de infância chegámos a fazer uma coreografia da música a qual apresentámos à família... Ai! Que desengonçadas...

Paixão – Rui Veloso
Primeiro concerto da minha vida no Pavilhão Carlos Lopes... Uma música especial...

Não há estrelas no Céu – Rui Veloso
Londres! Estranho? As espanholas do colégio estavam sempre a cantar... Eu e a minha amiga portuguesa só nos lembráva-mos desta... Cantámos até enjoar...

The time of my life – BSO Dirty Dancing
Esta música é das mais importantes… Pelas cassettes VHS gastas quase até se partirem...
Pela doideira de todas as raparigas da minha geração...


The Love Boat – BSO The Love Boat
Ainda hoje quando a oiço dá-me vontade de rodar a cadeira e abrindo os braços cantar “The Loooove Boat”... Dá-me vontade não... Faço mesmo...

Na minha cama com ela – Mónica Cintra
Pelo divertimento de três miúdas... Apenas por isso... A música mais tocada no carro na célebre fase de “Música de Qualidade”...

Gaivota
As primeiras palavras que cantei na vida... “Uma gaivota voava voava...”

Todas as músicas da Ana Faria
Brincando aos clássicos e queijinhos frescos... Ainda hoje gosto...

I don't wanna miss a thing – Aerosmith
O dia do meu casamento

Malibu – Hole e Road Rage - Catatonia
Fantásticas férias em Milfontes... Fantástica praia, Fantásticas noites, Fantástica manhã de eclipse...

Don't know much - Linda Ronstadt
Uhm… As festas dos slows e do jogo da vassoura…

Hey Manhatan – Prefab Sprout
Quando a rádio Cidade ainda era pirata... também a única altura em que a sintonizei...

A música do Flip - Abelha Maia
Pois é... Sempre gostei mais desta do que da principal...

Take my breath away – Berlin
Top Gun... Num cantinho do colégio a ouvir a música no walkman

Elevation - U2
Só me lembro e me irrito por todos os concertos que perdi...

One – U2
A música de todos os tempos

It's my life – John Bonjovi
Punho no ar, na Minha discoteca favorita com a minha amiga de sempre nestas investidas

Bohemian rapsody – Queen e Wonderful tonight – Eric Clapton
Festa de Carnaval (assalto de carnaval) em Sintra

Wake me up before you go-go – Wham
Ai! Festa de Natal do Colégio... Onde tínhamos de dançar vestidos de ursos e as minha calças caíram!!! Continuei a dançar... No fim todos pensaram ser propositado...

Um dia uma criança me parou - ?
A música que cantei para os meus avós quando tinha oito anos, sozinha para uma igreja cheia...

Velvetten - Transvision vamp
Que gosto muito mais do que as bebedeiras que aturei...

That Thing You Do! - The wonders
Um dos CDs mais religiosamente guardados…

Lua - Pedro Abrunhosa
Pelas razões óbvias

Little Red Corvette – Prince
Gazeta a quatro já na faculdade

We are the champions – Queen
Por todos os jogos da seleccção nacional

Smile – Cantada por Nat King Cole
Lembra-me tanta coisa… mas principalmente lembra-me o meu pai

If you’re not the one – Daniel Bedingfield
Pelo lado princesa que há em mim...

So Far Away – Dire Straits
A minha primeira cassette

Hold on my heart – Genesis
Um dos concertos que mais gostei…

Don't Wait That Long – James
Uma viagem imaginária ao Porto

Bairro do Amor – Jorge Palma
Cantada pelo próprio e pelos amigos de sempre das noitadas do Bairro Alto, no Nova...

Self Esteem – Offspring
Lembro-me sempre de uma viagem para o Absoluto, num carro a cair de velho e com a música aos altos berros...

Ouvi Dizer - Ornatos Violeta
Passagem de ano em São Rafael... Mudança de milénio... Chorei ao falar ao telefone com os meus pais minutos depois da passagem... Ufa! O Y2K passou-se...

By Your Side – Sade
Fim-de-Semana em Idanha-a-Nova... enregelei na Serra... amei mais uma vez Monsanto...

Rayando el Sol – Mana
Lua-de-mel

Blue Valentines – Tom Waits
Nem sei o que dizer… Daquelas memórias que não gosto de recordar... mas uma música que adoro...

Ice Ice Baby - Vanilla Ice
Ah pois… esta e outras bem piores tocadas em papeleiras de lata...

Que nome lhe vamos dar – Sara Tavares
A minha filha... a música que a embalava quando ainda não andava... Luzinha!


Imagem: There is Music on Saturn by
hepikied

Lua da mãe


Todos os dias a minha princesa procura a lua no céu...
Quase todas as manhãs me surpreende ao encontrá-la...
- Olha a Ua da mãe! – diz ela (Olha a lua da mãe!)
Há noites em que olha para o céu e pergunta:
- A Ua da mãe? Não há... Tá condida tás nuvais?
(- A lua da mãe? Não há... Está escondida atrás das nuvens?)

Mas hoje ao final do dia, quando íamos as duas ao café, fintando prédios que praticamente não nos deixam ver o céu, começou eufórica e radiante a gritar:
- Mãe olha! Mãe olha! A Ua da mãe tá uiiiiinda!
(Mãe olha! Mãe olha! A lua da mãe está liiiiinda!)

E está...
hoje a lua está especial
está com uma auréola linda...
e exactamente igual à minha...

Será um sinal?

(Quarto crescente - 38% Luminosidade)



Imagem: Moon 38% Illumination by drfrank

Freiria


Consigo percorrer aquela casa e lembrar-me dela ao pormenor...

Chego ao portão e bato à porta...
Alguém aparece à janela para ver quem é...
A porta abre-se e entro num páteo de granito onde uma laranjeira de laranjas enormes e azedas enche grande parte do espaço. Disseram-me que essa árvore foi plantada pelo meu avô, uma laranjeira enxertada de limoeiro, para que todas as manhãs numa determinada altura do ano as comesse... diziam que fazia bem comer laranjas azedas. Chego ao outro lado do páteo e tenho três opções... Virar à direita para subir as escadas e entrar na casa principal, dirigir-me ao canto do páteo e entrar num corredor de arcadas que me leva a um segundo páteo, ou ir em frente e abrir a porta de um anexo que é provavelmente a parte mais antiga da casa.
Nesse anexo poucas vezes entrei... Lembro-me de entrar nele quando já não existiam mobílias, depois de o meu avô falecer. Tinha o tecto todo pintado sob madeira... coisa antiga dizem... mas todo o anexo era em si muito escuro, muito pesado, muito triste... Saio do anexo que não me traz quaisquer recordações... Volto ao páteo, onde com nove anos jogava futebol com o meu primo de quatro – a porta do anexo era uma baliza, o portão da casa era outra... a minha baliza era sempre a porta do anexo (a mais pequena) – e lembro-me de os meus avós nos olharem da janela do seu quarto que se encontrava na casa principal por cima do anexo. Começo a subir as escadas de granito que me levam para a entrada da casa. “Se é Deus que trazes contigo nesta casa tens abrigo” diz um painel que se encontra no início da escadaria com degraus estreitos e altos que estranhamente nunca me fizeram cair...
Chego à casa, entro na sala de visitas cujo tecto é abobadado e lembro-me do piano, da mesa de centro, dos mapples... lembro-me das pessoas que visitavam os meus avós... se não fossem família raramente ultrapassavam essa divisão... A casa em si, sempre foi muito confusa... De uma divisão passava-se para outra, atrás de uma porta havia uma escada em caracol que me levava para os quartos do segundo piso e ao sotão...
A sala de estar, e não das visitas, era pequena e tinha poucas finalidades... lá víamos televisão, jogávamos às cartas e os primos muito mais velhos que eu e tios bebiam o seu whisky e fumavam um cigarro... Já no final de vida da minha avó, e quando o meu avô já não estava presente, nos fins-de-semana em que eu era a única criança da casa, jogava crapot com ela, tentava-lhe fazer fisioterapia à mão afectada pela trombose, acompanhava-a na eucaristia dominical vista na TV e abria a porta ao padre que lhe ía dar a comunhão.
A divisão onde todos convivíamos era a sala de jantar. Chegávamos a ser vinte e seis à mesa! Família grande... Local priveligiado para Ceia de Natal, encabeçado por uma lareira que na noite de consoada se inundava de presentes. Todas as crianças cantavam, lia-se uma ou duas passagens do Novo Testamento e depois... a euforia! Foi com cinco anos que descobri que o Pai Natal era a minha prima mais velha... Não fiquei triste, porque muito embora os colegas de escola dissessem que quem dava os presentes era o Pai Natal, sempre pensei que era o menino jesus que os oferecia...
A sala de jantar dava para o quarto grande dos meus avós, para o quarto dos residentes (qualquer familiar que habitasse permanentemente a casa por estar na universidade da terra), para a escadaria exterior da casa e para um hall.
Casa confusa...
O hall tinha um relógio alto, um telefone, e dava para a Sala de Estar, Sala das visitas, para a porta de acesso às escadas em caracol que me levava ao andar superior e para a Cozinha e copa de inverno. Na cozinha descia outra escadaria, também ela em granito com degraus estreitos e altos, que me levava à cozinha de verão – pouco ou raramente utilizada na minha época –, à sala de jantar de verão e à porta de acesso do segundo páteo... Que medo tinha eu dessas escadas... Aliás, não era das escadas, era de tudo... Descia-as a correr, subia-as de três em três degraus e sempre a olhar para o chão... Não sei se era das sombras – no alto da parede do fundo das escadas existia uma janela redonda em vitral com forma de uma rosácea -, se era das estórias que me contavam, as quais nem me lembro, sobre a sala de estar de verão... sempre muito escura, não sei... Mas sempre tive medo...
Fui uma vez aos páteos à noite e nunca mais repeti a façanha.
O páteo da entrada era o que menos receava, o corredor desse páteo para o segundo – para onde dava a cozinha de verão – fazia-me confusão, principalmente por causa das arcadas, das imensas portas de divisões pouco utilizadas – casa da costura, dispensa, escritório de verão, casa de passar a ferro, sala de estudo e casa de banho de apoio – que me faziam imaginar algum ser qualquer a saltar lá de dentro. Desse segundo páteo para o terceiro páteo... nem pensar... Era o páteo do poço, das muitas àrvores, da casa do carvão e de mais uma casa que nunca percebi a finalidade... O páteo do poço... Se as estórias que me contaram eram mentira, enganaram todas as crianças desta família muito bem. Nunca nenhum de nós se chegou perto do poço por pensarmos que poderia aparecer um fantasma de um frade a dizer “Vai de recto” e a fazer o sinal da cruz.
Enfim, páteos dos horrores à noite, páteos das melhores brincadeiras de sempre de dia. Percorro a casa em memórias e qualquer coisa me trás boas recordações... Até as nódoas negras, as discussões, a neura de não ter ninguém para brincar nos fins-de-semana em que os meus primos não iam, até os medos me trazem saudade...

Normalmente diz-se que não se devem visitar sitios dos quais guardamos memórias felizes, para que as nossas lembranças se mantenham intocáveis.
Visitei a casa dos meus avós há pouco tempo, pedi ao novo dono para a fotografar, enviei as fotos à minha família, expliquei-lhes as alterações e melhorias feitas pelo novo dono, mostrei-me feliz por ver que a grande maioria das alterações era bem conseguida, elogiei o facto de a casa estar tão bem cuidada, comentei uma alteração que ao principio me chocou e depois me cativou... a mudança do chão do segundo páteo de granito para calçada portuguesa...

Só posso dizer que voltei feliz e com uma doce saudade dos doces momentos que lá passei.

Imagem: skywalker

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Redoma

Escrevi este post ontem, mas não sei porquê, na altura em que ia a carregar no botão "Publish" hesitei e desisti.

Mas hoje, hoje faz sentido publicá-lo.
Hoje um amigo abriu-me uma porta.


"Gosto de ver coisas bonitas, sentir coisas bonitas, estar com pessoas bonitas, rodeada de harmonia...
Gosto de contribuir para a harmonia do espaço que ocupo...
Gosto de acreditar que tudo o que existe é assim, e que no intimo de cada um de nós, por muitos pecados que existam, todos somos bonitos...

Mas não é assim...
Não sei se pela educação, se pelo amor incondicional e protecção dos meus pais, se pela minha maneira de ser, descobri só há pouco tempo que tenho vivido numa redoma de vidro onde só há pessoas como eu...

Tropecei e tropeço muitas vezes, oiço, vejo e sinto muita coisa que não gosto...
Mas aquilo que poderia ferir, se não fosse comigo, se não fosse com os meus...olhava em frente e seguia...
Uma hora depois já não me atingia...

Mas há pouco tempo atingiu-me em cheio...
bastou que me agredissem verbalmente na rua, da maneira mais preversa e cruel possível...
três minutos de um monólogo insurdecedor que me queimou os ouvidos e a alma...
ao ponto de sentir que se respondesse, estaria a por em risco o meu bem estar fisico...
Pensei na minha filha...
Entrei no carro, toda a tremer fui para casa e assim que me sentei no sofá comecei a chorar...
Não por nervos, mas pela desilusão...

Durante dias senti-me assim, desiludida...
Pensei nas coisas tão mais graves que existem...
Que todo o mal que existe seja este:
...Monólogos crueis, preversos e ensurdecedores...
Pensei na sorte que tenho tido...
Sorte só?
Não...
a minha redoma não é minha...
é de todos aqueles que Aqui estão.
É cuidada todos os dias por mim e por todos os que a ocupam e todos os dias aumenta...

Na minha redoma sou feliz...
mesmo quando tudo se embacia...
sou feliz.

E o meu mundo bonito guardo-o na minha redoma..."


Obrigada aos dois... continuo a sorrir...

Princesa 1


Começa aqui a secção Princesa... As evoluções de uma pequenina que é a minha alegria!


Na televisão um casal apaixonado a beijar-se (ternurinha)...
A minha princesa sai do sofá e começa a beijar o casal com os lábios colados à televisão...


Conversa de wc...
Eu a tomar banho, o pai abre a torneira do lavatório e eu queimo-me...
- A foi mãe? (Que foi mãe?)
- A mãe está a tomar banho de água quente e o pai abriu outra torneira, que fez com que a água do banho da mãe ficasse com menos força e mais quente...
- Pai!!!! nã abi a tuneira... (Pai!!!! não abras a torneira...)


De manhã, num Sábado... Depois de eu tossir...
- Mãe, a foi? Pirro? (Mãe, que foi? Espirro?)
- Não
- Catago? (Catarro?) (onde será que ela ouve estas palavras?)



2A10M
Imagem: Ilustração feita por um anjo chamado Rita - Rita Oom

Palavras presas

Todos os dias a minha garganta aperta...
Não quero nunca deixar nada por fazer...
Todos os dias empenho-me em dizer o que sinto
Todos os dias algo fica por dizer...

Orgulho?
Não... essa palavra não existe no meu dicionário...

Digo como se não houvesse amanhã...
Digo para quem me faz sentir...
Família que me acompanha e adora...
Amigos que sorriem comigo e que me abraçam no mesmo momento
Família que adoro
Amigos a quem me dedico

Mas fica sempre tanto por dizer...


Imagem: words by remmi

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Escrever...


não consigo escrever...
mil pensamentos a rolar
quero ir dormir...
preciso de ir sonhar...
mas... quero escrever

estou bem...
mas preciso de escrever

não tenho sono...
mas preciso de sonhar!
agarrar-me à minha almofada
e sonhar...
sonhar tanto ao ponto de querer ficar...

queria não querer
queria sonhar e não escrever...
queria escrever e não me deitar

Imagem: The Pillow by valkea

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Sonhos Rápidos


Se há coisa que me distrai e me faz vibrar é a música.
Oiço música para descontrair, para pensar, para sonhar...
Todos os dias viajo ao quadrado...
A velocidade que conduzo é proporcional à velocidade com que sonho...
Oiço a mesma música vezes sem conta se ela me estiver a proporcionar um sonho agradável...
Chatice o trânsito... Com o carro a 5km hora os sonhos fogem-me...
Estaciono o carro e eles param... os sonhos creativos param...
e acordo de um estado cor-de-rosa onde tudo é perfeito...
Onde danço, onde a alegria impera em todos os que me rodeiam...
Onde há amor... muito amor...
Sonhos muito infantis, muito pontuais e sempre diferentes...
Chego ao final do dia, ligo o carro...
Ponho a mesma música...
Relembro o sonho agradável da manhã e já não tem a mesma piada...
Já não tem a mesma adrenalina
Mudo de música... e outro sonho surge...
E da mesma forma que de manhã e todas as manhãs e finais de tarde
ando para trás com a música e volto a sonhar o sonho de uma única viagem.


Imagem: off to la-la land by Flickerings0ul

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Lembro-me... II

Lembrar é importante... Sorrir com essas lembranças, melhor...

Lembrar momentos passados com aqueles amigos que nos acompanham desde a nossa infância é de chorar a rir pela graça, pela vergonha - O quê, fizemos isto? -, pelas brigas... por tudo. Mais engraçado é ver que todos nos lembramos de momentos diferentes, cada um à sua maneira valoriza momentos diferentes, e por isso, juntos conseguimos compor a nossa vida, o nosso passado comum em várias conversas ao longo do tempo. Muitas amizades acabam por se aguentar assim... pelo passado comum... Não pelo que somos hoje, não pela nossa personalidade, mas apenas e só por partilharmos os mesmos momentos. Em cada encontro as mesmas conversas, os mesmos momentos, a mesma risota, talvez mais uma ou outra estória entretanto esquecida e por fim o mesmo Até já.
Não tenho muitos amigos de infância... Tenho amigos de hoje e de sempre... enchem a minha mão e enchem o meu coração com a sua capacidade inabalável de estarem sempre presentes, com o apoio inquestionável em qualquer situação e com o abraço e carinho quando impotente...

E os momentos? Aumentam a cada dia que passa... porque aos meus Amigos levo-os comigo para todo o lado... Trago-os Aqui.
Assim, e desculpem se falho momentos, mas sei que se importantes o puzzle se há-de compor com a vossa ajuda, aqui ficam alguns:

Lembro-me de andar de bicicleta com "my friend from the bosom" em plena rua, e "alguém" passar por cima de uma lomba e estatelar-se em cima de um carro ;)...

Lembro-me de trepar às balizas do campo de futebol da escola e molhar quem jogava com as bisnagas... claro que bem acompanhada...

Lembro-me de brincar no confessionário da igreja da escola...

Lembro-me do clube dos Patetas (seria mais o clube das Patetas, enfim...)... Afinal qual era o objectivo? Sócios? Muitos... 2
Lembro-me de célebre simulação de acidente na praia, que teve direito a ligaduras, muito molho de tomate e pensos... No fim acabámos todos na água...

Lembro-me daqueles bilhetes da escola. Acho que o objectivo primordial dos professores (stôres!!!) era apanhá-los... Numa das vezes, na altura com doze anos, uma das minhas amigas escreveu-me "Apareceu-me a Coisa... Tenho de ir ao WC"... O bilhetinho foi apanhado, fomos as duas a prova Oral, tivémos ambas insuficiente e no fim da aula quando a professora leu o bilhete (cusca!) ficou de todas as cores...

Lembro-me de andar a fazer Ski pela Rua Augusta com mais três amigas...

Lembro-me das célebres festas de Slows... O jogo da vassoura... dos cortinados... das luzes fechadas... Agora que penso, e tirando um caso específico, quase todos os rapazes namoraram várias raparigas do grupo, mas o inverso não se aplica... ou sou eu que já estou esquecida?

Lembro-me... aliás como me poderia eu esquecer, ainda hoje estou marcada... Do jogo do quarto escuro a correr a mil e às escuras, a saltar camas e a cair com o rabo em cima da mesa de cabeceira nova... Vá lá a mâe não se zangou... ficou a cicatriz até hoje e a proibição do jogo lá em casa também até estes dias (vou perguntar à minha mãe se posso voltar a brincar! :P... )

Lembro-me das investidas ao retiro da escola... Sempre escondidas, para não sermos apanhadas, com o coração a mil, com as pernas bambas sempre que algo se aproximava e quando lá chegávamos eramos recebidas de braços abertos... quase que parecia um prémio pela prova superada!

Lembro-me da Nucrema (agora Nutella)... Um pote para cada uma, comido integralmente com o dedo durante o intervalo para votações do "Agora Escolha"... que baleias... Só me lembro de dizer "The plane, the plane!"

E vou continuar a lembrar-me todos os dias... e todos os dias vou estar presente para daqui a uns anos mais me lembrar!


Imagem: friends by
Mejjad

Não tenhas medo de te mostrar a quem não te conhece

Há alguns dias atrás uma amiga virou-se para mim em pleno jantar e disse-me "Não tenhas medo de te mostrar a quem não te conhece". Confesso que falar com ela me ilumina, que estar com ela me faz bem e que ela é capaz de me ler por inteiro... por tudo isto, todas as palavras que saiem da boca dela são para mim do mais angelical que pode existir...
No entanto, essa frase ficou a latejar na minha cabeça até hoje... não a compreendia... não se encaixava na minha maneira de ser... e mais confusão me fazia pelo facto de ter sido dita logo por ela que me conhece tão bem...
Mas hoje fez-se luz no regresso a casa... Desde que aqui comecei a escrever que me sinto mais leve... sei que escrevo banalidades, trivialidades, mas faz-me bem... escrevo para quem não me conhece... Era isto que me querias dizer? Na realidade estou melhor...

Imagem: Face the Light by stotty

domingo, 22 de outubro de 2006

Mistério Juvenil

Iniciei este blog influenciada por dois amigos...

Iniciei este blog com o objectivo de descrever estados de espírito...

Normalmente escrevo quando as coisas não correm tão bem, escrevo para me acalmar e quando escrevo tudo acaba por ser um pouco triste... ao ponto de puxar a lágrima...

Mas agora apercebo-me que este blog vai ser uma salganhada de melancolia, saudade, tristeza e gargalhada...
E vai ser assim, porque é assim que eu sou... Mesmo triste, sorrio... E quando melancólica mais propensão tenho para a palhaçada... Defesas? Não sei... Mas que afasta pensamentos tristes e que me faz sentir viva... faz...

Uhm... Então hoje, enquanto vasculhava no meu arquivo de email aqueles poucos emails que recebi e que achei fazer sentido guardar, redescobri um link para uma página que há muito não visitava - "Mistério Juvenil" - . Descobri-o à questão de um ano e já na altura fiquei fascinada. Não pelo layout mas sim pelo conteúdo. O conteúdo relembra-me muitos momentos da minha infância, momentos esses que recordo com um enorme carinho e com um sorriso do tamanho do mundo. Já na altura quando visitei o site fiquei eufórica! E como eu ficaram amigos e colegas de trabalho... Ridiculamente a abanar a cabeça e a cantarolar as músicas da Abelha Maia, Era uma vez o Espaço (linda esta música...), Marco, Vitinho, o anúncio das canetas BIC e do Corneto (que agora ganhou mais um T)... Tantas... Geração fantástica! E hoje, qual não foi a minha surpresa quando entrei no site e a lista de titulos brutalmente alargada! Antes era só ficheiros de audio, agora até videos tem! Lindo! Belo trabalho!

Só para deixar água na boca:

- Ana dos cabelos ruivos;
- Banna e Flapi;
- Candy Candy;
- Era uma vez o espaço;
- Marco;
- Tom Sawyer;
- Vitinho;
- Barriguitas;
- BIC;
- Coca-Cola (Sensação de Viver);
- Fantasias de Natal;
- Amigos do Gaspar;
- Roda da Sorte
- O Tal Canal
- TV Rural

Espreitem o site
Mistério Juvenil, andem uns anos para trás e ... sorriam!

sábado, 21 de outubro de 2006

Lembro-me...

A minha experiência...

Queria escrever sobre a minha experiência de vida e não consigo...

Queria escrever sobre as coisas que já fiz, as barreiras que ultrapassei, as novidades que deixaram de ser novidades, as asneiras que cometi e só penso no que quero fazer daqui em diante... Aquelas coisas que não quero morrer sem antes experimentar... fobia de viver... Estou com uma fobia de viver!

E quando me ponho a pensar na minha experiência, nas recordações do que fiz, não penso em objectivos cumpridos, crescimento pessoal ou qualquer situação extraordinária... Lembro-me apenas de momentos...

Lembro-me de descer a rua de mão-dada com o meu pai a tentar apanhar as bagas das árvores... Ano após ano... Até que um dia já a minha cabeça tocava nelas...

Lembro-me de estar na casa de uns amigos dos meus pais a brincar no jardim, num pneu improvisado de baloiço e de repente cair a noite e eu não conseguir encontrar a porta da casa...

Lembro-me de estar a comer um yogurte de sabor a banana junto ao ringue de patinagem do zoo...

Lembro-me de os meus primos me darem rebuçados às escondidas...

Lembro-me de me perder numa praia deserta... de ter por fim encontrado a base... e a base estar vazia... levei um raspanete!

Lembro-me de um presente de natal... De um embrulho enorme que pensei ser para mim e de os meus pais dizerem que era para a minha avó... fiquei feliz por a minha avó ter um presente tão grande... fiquei mais feliz quando soube que era para mim e que era aquele boneco pelo qual tanto tinha pedido e tanto tempo tinha esperado...

Lembro-me de ter cantado para os meus avós, com uma plateia imensa... lembro-me da vergonha que tive enquanto cantei... lembro-me da alegria e orgulho que senti quando terminei...

Lembro-me de agarrar na mão da minha avó e beliscar-lhe levemente a pele para vê-la muito lentamente a passar de ruga a lisa...

Lembro-me de cair vezes sem conta das escadas em caracol de casa dos meus avós...

Lembro-me de ir para o sotão da escola nos dias em que chovia...

Lembro-me de por malaguetas nos olhos com o meu primo... um dia sem ver...

Lembro-me da vontade de voltar para a escola em Outubro... reencontrar os colegas... falar das férias...

Lembro-me do candeeiro da sala de jantar cheio de balões em todos os meus aniversários...

Lembro-me da minha primeira bicicleta... usava-a como se fosse uma BMX... era uma pasteleira... a certa altura já era eu que remediava os furos nos pneus...

Lembro-me do meu primeiro beijo como se fosse ontem... e como tudo mudou desde aí... Mudaram-se as conversas, os sonhos, os desejos...

Lembro-me do sentimento da primeira paixão... A não existência de jogo... a pureza de todos os sentimentos...

Lembro-me da dor da primeira ruptura... que consegui ultrapassar...

Lembro-me do dia em que decidi passar a fazer de cada dia uma autêntica festa...


E escrevo e vejo que esta lista é interminável...
(a continuar... ad eternum)

Smile

Há músicas inesquecíveis...
Há músicas intemporais...
Há músicas que são um eterno conselho e consolo...

Smile
Letra de John Turner e Geoffrey Parsons
Musica de Charlie Chaplin

"Smile though your heart is aching
Smile even though it’s breaking
When there are clouds in the sky, you’ll get by
If you smile through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You’ll see the sun come shining through for you
Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That’s the time you must keep on trying
Smile, what’s the use of crying
You’ll find that life is still worthwhile
If you just smile

That’s the time you must keep on trying
Smile, what’s the use of crying?
You’ll find that life is still worthwhile
If you just smile"

Amor incondicional


Filha,

Com este presente podes perceber o que realmente é importante…
A saúde é essencial, mas sem amor nada tem sabor…
Criamos laços, afinidades, dedicamo-nos e com isso somos felizes.
É bom ser amado, é bom sentir que somos amados… aquece-nos, conforta-nos…
É bom sentir que tudo o que fazemos, tudo o que dizemos, tudo… tem impacto no que nos rodeia… principalmente naqueles que gostam de nós.

Ser feliz é o objectivo de uma vida.
Ser feliz e fazermos felizes os outros é uma elevação.

Sê feliz, sorri para quem te sorri, dá a mão a quem necessite, ilumina todas as salas com a tua felicidade, luta pelos teus sonhos, pensa em ti mas nunca te esqueças dos outros, ri-te… ri-te muito… diverte-te a valer, faz de cada dia um novo dia e aproveita-o muito… o tempo passa a correr…

Sabemos que a vida nem sempre é um mar de rosas… também tem os seus espinhos…
Se um dia picarem? Tratas da ferida, ficas mais forte e vais em frente, sempre em frente e sempre com um sorriso nos lábios. Vais ver que é mais fácil. Com um sorriso e um bom coração tudo se consegue.

Nós? Estaremos SEMPRE contigo e sabes porquê?
Porque quem AMA, ama incondicionalmente, quem AMA tem o coração sempre quente, quem AMA como a gente, está sempre presente, para todo o SEMPRE!

Beijos


Mãe