quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

BALANÇO 2009

E termina mais um ano...

Em Outubro, ao aproximar-se o dia do meu aniversário, cheguei à conclusão que para mim não existem decisões de ano novo, segundo o calendário gregoriano, mas sim segundo a data do meu nascimento. Após uma auto-análise dolorosa tomei as minhas decisões e avancei com elas. Mas o tempo e as já famosas coincidências levam a que de facto o resultado das minhas decisões comece a ter sinais visíveis apenas no inicio do ano de 2010.

Balanço…

Ano difícil…

Ano de aprendizagem, ano duro, mais duro que 2008.
Pensei eu, que ano mais difícil que a partida do meu pai, seria quase impossível… Pois é, surpresa… Foi mais duro. Para o meu pai tive meses, anos de preparação, ao ponto de, pela sua debilidade, desejar a sua partida. A sua partida foi um momento de paz. E esse ano foi de aprendizagem de um mundo sem a sua presença física, mas com a sensação constante de nunca estar sozinha. Sensações doces, ternas, aconchegantes, novas…

Este ano de 2009, foi o duro, o ano de pegar naquilo que por auto-preservação durante estes últimos anos, deixei esquecido, para resolver num amanhã, ou quem sabe, se poderia resolver-se sozinho. Não se resolveu sozinho e o amanhã é hoje.


Ontem estava eu no carro e tive a ideia de arranjar dois moleskines:

Um moleskine fino para guardar, transcrever todos os meus feitos, todas as coisas boas que acontecem, as palavras de pessoas que me querem bem, para nele poder agarrar sempre que começar a perder um pouco da minha força, para me recordar das coisas boas, de que a minha existência é importante, para alguém.

Um moleskine grosso para guardar, transcrever todos os momentos difíceis, todos os meus defeitos, erros, caminhadas tortuosas.

Mas existiria uma importante regra:
Na capa do moleskine fino teria de existir a mensagem de que o peso material é relativo, que cada entrada nesse livro corresponde ao peso de um moleskine grosso.

Na capa do moleskine grosso a mensagem de que cada entrada tem de conter uma aprendizagem, com menção ao positivo do momento, do erro que não foi erro, ao defeito que afinal é uma qualidade. Só por esse motivo deveria ser grosso.

Resumindo, o grosso são as portas abertas e fechadas durante todo o caminho, durante toda a aprendizagem, e o fino são as portas que por onde passei deixei escancaradas.

De certa forma, já faço um pouco disto, com este blogue e com os emails que coloco com estrela no Gmail. E se for bem a ver, os posts que neste blogue escrevi já são muitos e os emails com estrela não chegam a dez. Pelo menos mantenho-me coerente…

Mas enfim…
Digo tanto e não digo nada…
Mas mantenho-me objectiva e cheia de vontade, mesmo que por vezes, especialmente à noite me assolem os receios… Tudo passa, tudo se resolve, nada morre, tudo se transforma.

Por isso, deixai-me não falar hoje mais de mim, amanhã terá mais graça :)

Desejo aos poucos que aqui me acompanham, mesmo com a mudança secreta do blogue e nickname, um ano de 2010 cheio de paz, preenchido com concretizações pessoais, repleto de sorrisos e inundado de amor. Afinal de contas, uma vida sem decisões, sem procura e entrega de e por amor, é boring.

Não estamos cá para estar sentados no sofá, não é?
Temos tanto para dar ao mundo, tanto para o Admirar.
That’s Life!

Feliz 2010 para todos e para a Azul, Inez, Arvi, Nogs, Maria, Tete, Cristo, Dom Noronha, Voyeur e Egas, que me acompanham há já vários anos por aqui, um OBRIGADA por estarem Sempre.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Mudanças

Toda a mudança custa… O processo de desabituação àquilo que era uma rotina e que por ser assim, previsível, imutável, se torna enganosamente seguro. A prova disso é que na minha cabeça estabeleço objectivos, metas, rotinas, para que num futuro muito próximo me sinta no terreno instável e desconhecido que piso, minimamente segura. Focar no simples, no objectivo fácil e gradual, na rotina que em nada prejudica, que em tudo é alcançável apenas com força de vontade.

1.º Objectivo – Não me corromper;
2.º Objectivo – Não amar ninguém mais do que a mim própria e à minha pequenina;
3.º Objectivo – Acreditar sem a mínima das dúvidas que de tudo somos capazes;
4.º Objectivo – Concretizar as novas rotinas até que façam parte do meu andar.

Hoje, mais do que nunca, ao olhar para a minha filha, nos seus olhos ganho energia…
Na sua atitude incrivelmente elevada, acredito que no meio do difícil ela vai surpreender pela positiva…
Nas suas palavras um voto de fé…
(No outro dia o Pai Natal do El Corte Ingles perguntou-lhe o que queria ser quando for grande e respondeu: “Quero ser uma mãe como a minha mãe”)

Hoje, agradeço aos céus o pai que ela tem. Um pai puro, amigo, dedicado e compreensivo. Um pai incapaz de prejudicar quem quer que seja por egocentrismo. Sinto-me honrada…
Hoje, peço aos céus para os proteger, para lhes dar força para acreditarem neles próprios. E se ainda sobrar para mais um pedido, para me dar força para me cuidar, preservar e cumprir de cabeça erguida o meu caminho.

AMOR…
… hoje e sempre, o de mãe para filha e o de filha para mãe…

E o outro Amor?
Se tiver de acontecer, quando tiver de acontecer, acontecerá…
Quem sabe, um dia…
Ainda acredito em contos de fadas…

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Coisas de mulheres ou dias um pouco mais difíceis

Dizem que quando várias mulheres trabalham juntas os seus ciclos acabam por se aproximar. Ao longo dos tempos comecei a aperceber-me que tem um pouco de verdade. Hoje considero que é uma forma do nosso mundo equilibrar o meio em que vivemos, uma forma de minimizar o número de dias num mês que estamos mais propensas ao melodrama e às preocupações exageradas. Se não consegues combatê-lo, junta-te a ele, não é? Ao que parece as hormonas têm uma tendência nata para se juntar. Fico grata. Grata numa noite sem sono, sem pesadelos, sem sonhos e cheia de preocupações futuras a percorrerem-me todos os circuitos que considerava ser capaz de isolar. Grata num dia cheio de preocupações diárias, mundanas que um dia nem me vou lembrar. Trabalho… Estou cansada de o colocar sempre à frente da minha vida, de adiar decisões já tomadas, porque o trabalho é importante e o resto pode esperar. Não… Não pode… E o resto assusta… E assusta cada vez mais, quanto mais tempo passa sem o concretizar… A indefinição misturada em certezas já mais do que definidas à espera de concretizações materiais para avançar… Não me queixo… Não me posso queixar… Todas as decisões tomadas no último mês e meio aparentam estar a ter um impacto tão menor, tão menos drástico do que o que esperara. Separação e emprego. Pesado! Mas assusta-me mais agora, depois de umas quantas semanas de rescaldo, a falta de capacidade financeira para a minha filha no futuro por decisões de coração, do que outra coisa. O diabinho do material acena com essa possibilidade. O anjinho mantém-se igual a ele mesmo e sussurra-me “É só nisso que ele pode te pegar”. E pegou! E estragou-me este dia por falta de sono, depois de mais uma noite preocupada. Hormonas e diabinhos, perfeita conjunção!

Mas há uma coisa que me intriga… O anjinho também de vez em quando se junta a elas… Quando o diabinho vai ao bar… mmm…

Ok…
Percebi…

Não se junta a elas… junta-se ao coração… elas fazem parte, o diabinho é que não.

mmm…
(tem de certo muitas casas a visitar...)

Xô…! Sei que um dia por mês terei que estar preparada para a sua intromissão. Sei que por muito que me esforce existirá sempre uma brecha… Mas o que são doze dias num ano? Pelos meus cálculos nem chegam ainda a dois por cento dos dias que vivi até aqui.

sábado, 21 de novembro de 2009

Mimo

Cada vez mais me sinto diferente...
Força das circunstâncias, dizes tu...
Força dos caminhos escolhidos, digo eu...

Fecho-me nesta concha...
Penso...
Já não bastam as preocupações diárias que me assolam, ainda tenho de me preocupar e desgastar com as preocupações que os outros têm pela minha filha... No entanto, já todos esperavam por este desenrolar de situações. Pior! Sempre se perguntaram como é que foi possível durar tanto tempo...
Vêem-me como a corajosa, a forte. E sou... Por ela, por mim, apenas... Mas o meu corpo não se equilibra, a corajem esbate-se no momento em que tornam o certo, como dificil, e abundam em correntes de pessimismo... Para pessimismo já basta a minha quota parte de receio, que independentemente de tudo, luto para a anular. Mas assim não dá...

Pergunto-me:
Qual a parte que não perceberam?
Já não basta a dificuldade do momento ainda me arranjam mais sarna para me coçar?
Não percebem que me é dificil ser egoísta?
Não percebem que todos me são importantes? Mas que uns são mais importantes que outros?
Não percebem que a última coisa que quero é tornar a minha vida numa novela venezuelana?
Não percebem que preciso de paz, para fazer tudo em paz, para tornar o dificil no lógico, numa suave, calma e doce mudança?
Tem tudo para correr bem... Para sair melhor que a encomenda.
O pessimismo, o medo e as preocupações exponenciadas são o inimigo desta e de todas as evoluções... Já bastam as minhas... Não preciso de mais, apenas de confiança e optimismo... E amor...

Sou forte na medida do possível...
Desde que não me cortem o cabelo...
Dêem-nos mimo...
Adoramos carinho.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Paz de mim no meu abrigo

- Tu sabes a resposta…

- Mas pai, o que preciso de mudar em mim, para não me sentir assim, desiludida, irritada?

- Se não mudares, não te iludires… não te irritas…
Sabes filha, nem sempre aquilo porque anseias se concretiza da forma que sonhas. E nem sempre as pessoas que pensas serem as certas, são as certas para ti. Como já descobriste…
Lembra-te da frase do filme que mais gostas. Recorda-te que nem sempre os sonhos gastos do passado são os sonhos de amanhã. Estão gastos… A experiência ensina a sobreviver, a olhar o mundo de outra forma, mas nunca ensina como lidar com o sentimento amor. Não tenhas receio… Sobrevives a tudo menos àquilo que um dia o teu coração se quiser render. Segue, avança, vais bem, tu consegues. Eu acredito e tu também. Hoje é o tempo de pensar em Ti. Desta vez, abre as asas apenas para voar e para proteger a tua cria. É o único voo perfeito, um voo de amor, sem contra-pesos nem em baixo nem em cima… O céu não é o limite e o horizonte é teu. Encontra a ilha em ti, estás tão perto… E acredita, nunca serás Sexta-feira e muito menos contarás os dias.
Sossega…
Há muito que sabes as respostas em ti…
A seu tempo encontrarás as respostas às perguntas que surgirem
Luta pelos teus sonhos, por ti e não desistas.
Nunca estarás só… Tu sabes… Nunca estarás sozinha.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ali

E ali parada dentro do carro, num anoitecer mais que confuso, a mexer no rádio do carro, para ver se desta vez o cd toca, espreito a lua já não cheia de ontem, mas encoberta de véus de nuvens. Teria todos os motivos para chorar, mas dei por mim com os olhos pesados a sorrir. E a agradecer... por perceber que tudo se proporciona, tudo acontece, para me dar tempo, para olhar por mim.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Revolução

Tenho a estrutura óssea que emoldura os olhos, que ontem quase não abriam, dorida.
Tenho o estômago agarrado como uma lapa à garganta.
Tenho toda a barriga em constante convulsão.
Não quero chocolates nem gomas.
Não quero massas nem molhos.
Olho para o cigarro e penso "Já fomos mais cumplices..."
Bebo café e penso "Que exagero!"
Olho para as horas e penso "Hoje vou deitar-me cedo"
Acordo sobressaltada pela trigésima noite às sete da manhã no sofá.

Tenho o corpo dorido...
Tenho o organismo em convulsão pela dureza do impacto dos últimos dias...
Como se me limpasse... como se se preparasse para a grande mudança que vem aí...
Como se regenerasse de anos de desassossego, de prisão dentro de mim...
Como se me expelisse, como um parto prolongado e dificil...
Já quase vejo luz...
Já me tiraram...
Já chorei...

Falta Limpar os olhos, o nariz...
Quero ver a luz que procurei, respirar como há muito não o faço...
Agora só preciso de colinho e muitos mimos
Meus, principalmente

Para a Fada dos Sorrisos serei o renascer da Fada da Alegria, criando espirais loucas de cores fantásticas, em brilhos e arco-iris, com a nossa sinergia...

Vou aprender a andar outra vez, prometo, mas sempre e cada vez mais com mais brilho, por mim e por ti minha princesa mais linda.

Pai e Mãe, obrigada...
Sinto-me orgulhosa da minha coragem, da minha formação, da minha maneira de ser, mesmo que por vezes seja um pouco chorona. Sinto-me orgulhosa de mim, mesmo que ainda me sinta um caco, mesmo que saiba que o pior ainda não chegou... É bom ter-vos aqui...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

E é assim...

que fico...

Sem ar, sem fôlego, com dificuldade em respirar. Cheia de receios, mas com vontade lutar, saltar para fora da redoma para o meu sorriso voltar a abraçar. Que saudades...

Lembro-me de, com quinze anos, olhar para o meu espelho antigo, da cómoda antiga do meu quarto de criança e não reconhecer qualquer beleza ao espelho. Não percebia em que parte do meu rosto viam alguma beleza. Eu não via e pior ainda, não me identificava com o rosto que observava de frente e de esguelha. Ensaiava sorrisos de modelo, para fazer boa figura para as fotografias, mas nunca muito forçados, para não mostrar os dentes de coelhinho, e não gostava. Hoje, olho para as fotos antes do treino de espelho dos quinze e acho-me bonita, natural, criança. O posterior sorriso ensaiado tornou as fotografias ocas, desadequadas, sem graça.

Mas mesmo assim, sem ar, acalmo, aguardando o seu retorno, numa semana em que deito finalmente para o chão a minha maior máscara: o tapete afegã da segurança

Auch...

O que será, será...

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Afinal...

Afinal tudo faz sentido...

O tempo passa, os momentos experimentam-se, a vida corre sem parar, mas temos todos sempre o mesmo objectivo (mesmo sem o sabermos): Encontrarmo-nos.

Não tenho dúvidas que o nosso objectivo é esse, o de resolvermos os nossos conflitos interiores, até encontrarmos a nossa paz interior. O primeiro mistério é descobri-los. O segundo, caso necessitemos, é percebê-los. O terceiro é aceitá-los. E com três passos (apenas) resolvêmo-los...

Parece simples, mas não é...

Parece fácil, mas não é...

A nossa consciência alerta-nos constantemente para as consequências dos nossos actos, colocando-nos vezes sem conta entre a espada e a parede - a procura do nosso eu versus a probabilidade (mesmo que minima) de atingir, não a maçã, mas sim quem queremos bem. E adiamo-nos, sempre, mais uma vez, perterindo a busca de nós, da nossa paz, do nosso caminho, da nossa voz.

Parece parvoíce, mas não é...

Parece altruísmo, mas não é...

É sermos egoistas pelos outros, para nós...


Passei a vida que já vivi até aqui a agradar quem me rodeia, por maneira de ser, por forma de estar, tão natural em mim, ficando feliz por cada sorriso que despoletava. Apenas isso bastava.

Passei a vida até aqui, a tentar minimizar nos outros qualquer dor, tristeza ou desilusão. Saí-me bem, até aqui, mesmo que por cada minimização acumulasse em mim maior tristeza, anulando aos poucos a enorme vivacidade que é tão característica em mim...

Há pouco mais de um ano o meu pai apareceu-me num sonho e disse-me "luta pelos teus sonhos"

Pouco depois questionei-me "e que sonhos são esses?"

Há um ano atrás a minha mãe disse-me "admiro-te muito. e o teu pai de onde está deve estar a bater palmas de pé para ti"

Há meio ano uma grande amiga olhou-me e disse-me "tenho saudades de ti".

Hoje a minha mãe disse-me "não te preocupes. tudo se resolve. há muita gente que gosta de ti"

Amanhã vou-Vos dizer:

"Eu sei";
"Estou aqui"
fazer uma vénia
"Admiro-te muito"
" Já descobri"
e
"Nunca deixei de lutar, acho... mas só agora é que percebi"

Nada acontece por acaso e todo o negativo é positivo se soubermos e quisermos adicionar-lhe um traço

sábado, 17 de outubro de 2009

A caixa do tesouro

Recebi uma caixa antiga chinesa de dois palmos por um palmo e meio que foi da minha avó, cujo nome próprio herdei. A caixa já é velhinha mas tem tanto significado...
O meu tesouro.
E nela não guardei tesouros valiosos, valiosos com valor comercial. Apenas, e os mais importantes, aqueles com enorme valor sentimental.

O relógio do meu pai, um pendente de Jaguar, o teste de gravidez da minha princesa, os seus primeiros dentinhos, foram os primeiros a ter um lugar.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

I wish...

Deixei que a minha princesa abrisse todos os meus presentes, só para ver o seu sorriso de alegria e a abertura dos presentes tornou-os ainda mais bonitos.
Deixei que soprasse as velas com alegria, porque o seu fôlego e alegria são a razão da minha maior alegria.
Não deixei que trincasse a vela.
Trinquei-a em silêncio, fechei os olhos com força e visualizando, repeti o desejo que formulei de manhã.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Tempo

Existem muitos pequenos belos momentos fotografados na nossa memória que correm em flashback durante um pequeno e belissimimo momento recém-nascido no tempo.

Matematicamente falando, na condição de que estas fotografias nunca irão queimar e de que momentos especiais não deixam de existir, quantos mais novos belos momentos, maiores, mais prolongados e intensos serão os flashbacks de cada novo momento... maiores serão os momentos... mais cheia será uma vida.

domingo, 11 de outubro de 2009

"As coincidências são a maneira de Deus se manter anónimo" Einstein

Aos incrédulos, aqueles que dizem que tudo não passa de coincidências, aos discrentes, aqueles que não conseguem nem querem ver que a vida tem pequenos e estranhos mas belos momentos, uma advertência.... Não leiam o que abaixo escrevo. É por conta em risco a vossa passagem de atestado de loucura à minha pessoa.

No ano passado, em Setembro fui de viagem para Trás-os-Montes com o objectivo de visitar a terra onde o meu pai nasceu e conhecer a terra dos meus avós paternos. Concretizei os dois objectivos, mas falharam-me outros dois. Reconhecer-me na terra dos meus bizavós, que ao invés de me darem paz me deixaram confusa e triste e descobrir a casa onde o meu pai nasceu, que ele próprio por ter vindo para Lisboa apenas com um mês de idade, e por não ter nascido na sua casa mas sim numa casa de familiares, nunca conheceu.
Chegada de viagem, provavelmente umas duas semanas depois de ter estado em Murça (a terra Natal do meu pai), insatisfeita naveguei na internet à procura de algo que me desse uma pista. Nas minhas pesquisas encontrei um senhor, estudioso de história transmontana e duriense, que referia num dos seus estudos que um tronco da sua família era de Murça e coincidentemente um outro tronco cruzava com um meu, logo seríamos de alguma forma primos muito distantes. Levei algum tempo a arranjar coragem para meter conversa com este senhor que desconhecia, mas por fim meti a timidez para trás das costas e escrevi-lhe um email a expor toda a situação e complicada história da minha família e a pedir-lhe uma qualquer sugestão ou dica sobre o possível conhecimento de uma casa de família em Murça. Passado um dia respondeu-me dando indicações de como fazer pesquisas genealógicas e onde deveria procurar informações. Confesso que na altura fiquei um pouco aborrecida, por me ter respondido num tom condescendente, como se eu nunca tivesse feito qualquer pesquisa, como se eu fosse uma principiante nestas lides. Não respondi, não agradeci o seu email. Mas uma semana passada, voltou a responder-me a contar que tinha exposto o meu email em conversa com a sua mãe e que ela lhe teria dito que se lembrava de uma família Ribeiro em Murça cuja casa havia sido entretanto vendida e que actualmente era pertença de um senhor, para o qual me deu o nome. Dessa vez agradeci, e disse-lhe que se tivesse sucesso na minha investigação lhe escreveria a dar conta das novidades.

Muita coisa se passou entretanto. Saí da empresa que havia sido a minha casa durante anos. Afastei-me de amigos com quem convivia diariamente. Entrei numa nova empresa. Comecei de novo. Reencontrei amigos. Conheci novos. Chegou a Maio e todo os momentos passados no ano passado começaram a repetir-se nos mesmos momentos, no mesmo tipo de situações, ciclicamente. E à semelhança do ano passado, em que a viagem a Trás-os-Montes me abriu os olhos, a minha mãe ao ver-me a dar um loop e ficar de cabeça para baixo, virou-se para mim no final de Agosto e disse-me: "Queres ir a Trás-os-Montes? No ano passado fez-te bem...".

Em Setembro fui às páginas amarelas na Internet à procura do email do actual proprietário da suposta casa onde teria nascido o meu pai. Suposta, porque a dica poderia ser incorrecta. Mesmo sendo a casa referida da família Ribeiro, poderia ser de uma família Ribeiro diferente. Da mesma forma que escrevi ao estudioso no ano passado, escrevi ao dono da casa um email a expor toda a situação e a informar que planeava uma visita a Murça no início de Outubro. Não obtive qualquer resposta.

A seis de outubro meti-me no meu pequeno carro com a minha mãe e a minha filha e fomos para Trás-os-Montes debaixo de chuva. Um tempo horrível num percurso longo e numa estrada que com chuva se torna assustadora, o IP4, pelo meio da Serra do Marão. Mas os anjinhos ajudaram e chegámos a Mirandela ilesas e sem qualquer tropelia pelo caminho, apenas cansaço.

No dia seguinte, o tempo amainou e fomos a Murça. Disse à minha mãe que queria fazer um reconhecimento à volta dos supostos limites antigos da vila de Murça de carro, antes de nos pormos a andar a pé por todas as ruas sem destino. Lembrava-me claramente dum sonho que tinha tido pouco depois do meu pai falecer onde o meu pai estaria sentado, velhinho, numa cadeira de verga antiga, de costas para as janelas que davam para um campo que se elevava atrás. O sol punha-se do lado direito da janela. O médico, daqueles à antiga que iam a casa de maleta preta, entrava por uma porta junto à janela, como se a entrada da casa ou pelo menos daquela divisão fosse feita por um terraço. Recordava-me dum apontamento de um irmão do meu pai que referia que o meu pai tinha nascido na casa dos tios Ribeiro, com casa e lavoura.
Démos a volta a Murça antiga e entrámos numa rua estreita onde uma camioneta estava a descarregar barris de cerveja. Perguntei ao senhor se saberia onde era a Rua da Independência (havia procurado a morada o suposto actual dono da casa nas páginas amarelas). Ele riu-se e disse-me que estava mesmo à minha frente. Perguntei-lhe se saberia onde era a casa do senhor X e ele riu-se... Apontou e disse "Está a ver aquele terreno baldio? É ali. A casa foi demolida no ano passado". Perguntei-lhe se o senhor X estaria em Murça e ele respondeu-me "Acho que não está. E não sei em que dia volta". Agradecemos e fomos a pé até ao terreno que nos tinha indicado. A frontaria daria para a rua onde estávamos, mas o final do terreno era elevado à altura de dois andares. À nossa frente depois do terreno vazio tínhamos um morro em planalto com uma abertura no meio, como se fosse um caminho para subir e no topo do morro do lado esquerdo um poço. A entrada da casa ao lado tinha umas escadas a céu aberto e subimos. O morro nas traseiras da casa era uma enorme vinha e o sol, pela sua localização, poria-se do lado direito. Fiquei apreensiva. Não tinha certezas, não queria pensar que já tinha encontrado sem confirmação. Voltava à carga que podia e era bem provável a existência de mais uma família Ribeiro.

Fomos à câmara à secção de obras e pedimos informação. Soubemos tudo aquilo que já sabíamos. Que tinha sido demolida no ano em que o meu pai faleceu e que o dono era a pessoa que nos disseram que seria.

Fui à Conservatória, mandaram-me para as finanças, já que sem o artigo matricial não me podiam dizer nada. Nas finanças, estranharam por muito que lhes explicasse o objectivo das minhas perguntas. Não acreditavam que era uma procura sentimental. Mas depois de eu começar a vergar, quase com lágrimas nos olhos a dizer que queria encontrar a casa onde o meu pai nascera, que ele próprio não sabia onde era, já que tinha nascido e vindo logo para Lisboa. Só depois disso e de eu própria me aperceber que eu tinha o interesse que o meu pai nunca tinha tido, de procurar a sua origem, e depois de dizer ao senhor das finanças com uma lágrima ao canto do olho que o meu pai é como um Deus para mim é que me começaram a olhar de uma forma diferente. Levaram-me de imediato para a sala de arquivo e começaram a mexer nos livros mais antigos. Mais uma vez, o que descobrimos não foi diferente do que já sabia. Que a casa era do senhor X, e que havia sido do seu padrinho antes. Mas lá me deram o número do artigo para ir à conservatória e foram almoçar. Chegada à conservatória a mesma coisa... A senhora com pouca paciência, a resposta igual à das finanças e eu cada vez mais desanimada por não conseguir confirmar no papel as fontes e com o senhor X fora de Murça por tempo indeterminado.

Fui ter com a minha pequena e a minha mãe ao parque infantil e resolvemos ir almoçar ao mesmo restaurante onde nós as três (avó, filha e neta) havíamos comido no ano passado. Chegámos sentámo-nos, pedimos a refeição e a dado momento a dona veio ter connosco a perguntar-nos se já lá tínhamos estado. Respondemos que sim e ela disse que se lembrava bem de nós do ano passado, por sermos avó, filha e neta e que a filha dela se lembrava de me ver a conversar com o marido que era professor a dar-me indicações para uma terra chamada Vales. Giro... Perguntou-nos o motivo da visita e explicámos-lhe. Quando lhe falámos do senhor X, ela referiu que ele almoçava naquele restaurante todos os dias, mas que estava para fora, como já nos tinham informado. Continuámos a almoçar e a senhora voltou pouco depois toda contente a dizer que estranhamente o senhor X estava em Murça, o que não era habitual naqueles dias, e que tinha acabado de entrar no restaurante. Uau...

A minha mãe que estava de frente para a entrada disse-me que a viu a falar com ele enquanto eu arranjava coragem para ir meter conversa com o senhor que não me tinha respondido ao meu email, que estava todo bem vestido, que falava alto com os companheiros de mesa sobre política e que pior que tudo, estava a almoçar. Arg! Guerra interior entre concretizar um objectivo e boa educação. Entretanto a minha filha já tinha acabado de almoçar e brincava no computador com a neta da dona do restaurante. Levantei-me e fui para ao pé delas o que me punha numa posição priveligiada sobre a mesa do senhor X. Lá arranjei coragem e cheia de pedidos de desculpa pela interrupção disse-lhe: "Não sei se sabe quem eu sou, mas eu escrevi-lhe um email". Olhou de baixo para cima para mim ao mesmo tempo que limpava os lábios com o guardanapo de pano e disse-me "Sei perfeitamente. Peço desculpa não lhe ter respondido mas não tive tempo". Já nem me lembro bem, mas começou de imediato a falar da casa demolida, a dizer que tinha nascido lá e que a casa lhe tinha chegado à sua posse, por intermédio do seu padrinho que a haveria comprado à família Ribeiro no final dos anos trinta. Disse ainda que a casa tinha sido no Dom Diogo de Murça, cujo brasão, em pedra de altura de quase um metro, havia doado à Escola Secundária de Murça antes da demolição da casa. Mas houve uma altura em que os meus olhos brilharam, em que me senti como uma menina que acaba ver o pai natal a colocar os presentes junto à árvore. O senhor X contava a história da casa e disse: "E sabe quem nasceu naquela casa também? O Fernando Vaz, o grande treinador de futebol do Sporting. Mas, não deve saber quem é, já não é da sua época...". Resposta? O brilho dos meus olhos, a grande confirmação de que aquela era A Casa. O Fernando Vaz, muito embora muito mais velho, aliás, faleceu nos anos 80, era, dada a intrincada história da minha família, meu primo direito, filho da irmã mais velha do meu pai.

O Senhor X, muito simpático, e já nada assustador nesta altura, ofereceu-se para nos acompanhar ao terreno da casa e oferecer-nos uma visita guiada. Lá fomos, depois de o deixarmos terminar calmamente o seu almoço, na visita à terra que passei a ver de uma forma descansada e feliz e não apreensiva como a havia visto na nossa primeira passagem. Falou-nos das capelas que haviam existido, da sala de espectáculos que o terreno tinha, mostrou-nos a grande vinha, cuidada. Perguntei-lhe se a casa tinha um terraço, acenou com a cabeça em sinal de sim. Perguntei-lhe o que ia ali fazer, disse que ia reconstruir tudo como de origem, manter o terraço com vista para a vinha já que lhe trazia muitas recordações de infância. Sorri...

No caminho de volta, enquanto o Senhor X e a minha mãe engraxavam os sapatos, na sapataria da rua em frente eu e a miúda de All Star metemo-nos de novo no terreno à procura de pedras. Fui para o monte de entulho de pedras do que restava da casa, encontrei xisto, a pequenita encontrou um quartzo e saímos contentes da lama com as nossas pedras para levarmos para casa, como um marco, como uma recordação de um objectivo cumprido, o de encontrarmos a sua casa.

Depois de nos despedir-mos do senhor X, ainda fomos à escola secundária ver (e fotografar) o brasão e depois metemo-nos à estrada.

No caminho para o hotel e ainda agora enquanto escrevo, penso... Se não tivessemos ido a Murça no ano passado, não tínhamos conhecido a dona do Restaurante. Se a minha tia não tivesse adoecido no ano passado, não teríamos ido almoçar só as três e a senhora não se lembraria de nós. Se não tivesse escrito um email há um ano atrás, não saberia de quem era a casa. Se não tivesse feito uma volta à vila, não tinha encontrado o senhor da camioneta de cerveja. Teria ido logo directa à conservatória onde seriam ainda mais evasivos do que foram. E porque é que o Senhor X afinal estava em Murça quando não deveria estar? Não perguntei... Mas acredito do fundo do coração que todos lá em cima estavam a ajudar e que este dia não iria acabar sem a casa encontrar. E da mesma forma que sonhei e interpretei o sonho como o fim da vida do meu pai no seu começo, no berço, acredito que teria de encontrar mais cedo ou mais tarde a casa que ele não tinha procurado. Senti paz.


P.S. Obrigada EV pela coincidência da citação ;)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Variações

Eram 11:00 AM quando me liguei à corrente e escrevi sem publicar:

“Deitei-me às 5:50am, levantei-me sem despertador às 10:00am. Estou fresca.
Às 5:00am os meus olhos aguentavam-se abertos à conta de desafios, desafios que foram derrotados pelo excessivo cansaço que trazia no corpo depois de um final de tarde de tremendo reboliço no quarto. A terapia... arrumações.

Arrumar para sentir a minha vida um pouco mais arrumada, pelo menos no espaço que me envolve. É um começo. Entre caixas e sacos de vácuo a encher de roupa de verão, gavetas e roupeiros a encher de roupa de inverno, casacos a pendurar para limpar a seco e sacos a encher de roupa fora de uso ou justa (sim, estou menos magra), por onde antes parecera ter passado um vendaval, hoje existe organização. Enquanto quase desfalecia nas arrumações, sim, sou um furacão (o que odeio fazer tenho de fazer bem, mas o mais rápido possível), a cabeça continua a tentava desvendar mais um mistério das minhas investigações genealógicas, provocado por um hiato de tempo sem livros paroquiais, exactamente o período que pretendia investigar. Nos pequenos intervalos de desgaste físico, parava. Sentava-me à frente do computador e ligava à minha mãe para lhe dar as minhas últimas teorias sobre o estranho caso da inexistência de um Abílio nos registos da paróquia. Às 11:00PM decidi jantar, ver o King Kong, só para vegetar. Ainda não totalmente satisfeita de filmes, e sem vontade para me deitar vi o Último Samurai. Sei que estava quase a adormecer mas só uma imagem me vinha à cabeça. Quando falava ao telefone com a minha mãe, no final de tarde, nos intervalos das minhas arrumações, sentada na cozinha à frente do computador, olhava pela janela e via o n.º de telefone de um apartamento à venda no prédio da frente. Houve um momento em que abriram uma das janelas e os cinco primeiros dígitos do telefone ficaram escondidos pela janela não aberta. Restaram apenas quatro dígitos visíveis - 1845. Levantei-me do sofá, decidida a procurar nos arquivos digitalizados do etombo um casamento realizado na paróquia alvo das minhas investigações. Procurava o apelido Ribeiro... Existiram apenas três casamentos nesse ano de 1845 e um deles tinha como nubente um Ribeiro. Fixei-me no nome embora não me tenha trazido nenhuma conclusão para as minhas investigações, a não ser que aqueles deveriam ser os avós do Abílio que tanto procuro que nem familiar directo me é, mas que com o conhecimento da sua família me ajudaria a dar certezas sobre a casa onde o meu pai nasceu. Eram 5:00am, cinquenta minutos antes de me deitar quando comecei a pensar e a preocupar-me com as coisas que tenho de fazer nos próximos tempos no trabalho e que sinto não ter tempo para fazer tudo e cumprir com os meus objectivos... Pensei em ausências e como as pessoas que gosto têm uma forma de dedicação tão diferente da minha, ao ponto de pensar se existe algum equilíbrio na minha forma de gostar com a forma que os outros têm de gostar de mim. Não é que dê alguma importância a isso, mas com algumas, raríssimas, pessoas, talvez as que preencham mais os meus pedaços, isso acontece, parece que falta um pedaço quando não há equilíbrio... Bom, entrei em loop, com suores frios, com o coração a bater a mil à hora. Terminei o que me tinha obrigado a fazer e fui-me deitar, desanimada, com um sentimento de perda e de "o que é que eu ando a fazer à minha vida"... Caí redonda na cama... Acordei com um pesadelo às 9:30am, chorei no sonho (que ainda agora me recordo) e levantei-me às 10:am, com vontade de viver o dia, mesmo com cinco horas estendida e umas duas horas de sono (suponho) descansado. Estranho...
Pequeno-almoço...
Fui arrumar, desta vez, hi hi nova terapia, as últimas cópias de documentos antigos que preenchem mais um pedacinho das minhas investigações históricas. Já há meses que não tocava no meu canto de arquivo de investigações. Fiquei admirada quando dei por mim a verificar o tanto que já pesquisei, o tanto que descobri e os documentos e livros que já criei. Fiquei orgulhosa do que já fiz e alcancei... e mais orgulhosa por ainda continuar, de quando em vez (tem de ser por ciclos, por preservação de sanidade mental), a envolver-me naquela que é uma investigação de vida, a procura do conhecimento de todos os que permitiram hoje aqui estar e ter os pais que tenho e a miúda mais querida do universo.
Terminadas ‘essas’ arrumações, programada para ir mexer em mais um canto há muito não mexido, virei-me para a minha filha e disse-lhe:
- Sabes amor, tu tens um tesourinho... Quando nascestes recebeste presentes e até aos teus três anos reuni coisas que achei que um dia acharias graça... Fica aí sentada que vou buscar...
Trouxe-lhe duas caixas. Uma com os presentes que recebeu quando nasceu e quando foi baptizada. Colheres, medalhas, fios, etc. A reacção da pequena era de "Uau!" e rapidamente confiscou para si, para sempre, para uso diário, um fio com uma cruz. A segunda caixa até a mim me deixou deliciada, por já não me lembrar de tudo o que continha. Os selos emitidos no ano do seu nascimento, as moedas, os seus primeiros desenhos, os anuários de várias revistas do ano em que nasceu, o Borda d'Agua, uma colecção de cromos do europeu de futebol do ano em que nasceu (mais uma bolsinha com os cromos repetidos), uma revista dedicada ao percurso fabuloso mas não vitorioso do SCP na taça Uefa no mesmo ano e duas revistas dedicadas à vitória do SLB no campeonato nesse ano. Orgulhosa, olhei para estas últimas três edições e pensei para os meus botões... "Até mesmo aqui permiti-lhe a escolha. Para salvaguarda, guardei-lhe os dois diferentes tipos de publicações. Gostaria que tivesse escolhido o meu clube, mas desde pequena que ela escolheu. E é essa escolha, o meu respeito pela decisão, que a faz ser uma adepta saudável, que gosta do meu clube mesmo não sendo o do coração dela, pelo simples facto de ser o clube da mãe".

Agora, exposta a evolução de temporário bem-estar, vou comer pato à Pequim”

sábado, 3 de outubro de 2009

Ai

Que loucura...
Nem sei bem em que pense...
Se fervo, se relevo, se desculpo ou se esqueço...
Desculpar nasceu comigo...
Relevar depende das situações...
Esquecer... nunca... anoto mesmo que seja num canto meio obscuro do coração...
Fervo...

Falas demais Lua...
Escreves ainda mais...
Expoes-te, desproteges-te...
Colocas-te Nua, Lua
e ainda assim, por muito que te desmintas,
Esqueces-te...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Uma Viagem especial....

Hoje assim do nada, na terapia diária de condução do meu simples carro em marcha moderada pela faixa da direita do IC19 com destino a casa, depois de um dia atribulado de trabalho que terminou com o fecho do escritório a rir de uma qualquer piada, dei por mim, assim, de um momento para o outro com os olhos inundados de água. Não caiam… apenas tornavam os meus olhos vidrados e me turvavam a visão através do pára-brisas sujo por falta de água no depósito do limpa-vidros. Irónico… Excesso de água de um lado, secura de outro. Levei com uma valente e súbita ‘porrada’ de saudades e num misto de tristeza e felicidade inundei-me.

Triste pela falta, feliz por recordar-TE como tu quererias. Pensei e lembrei-me de milhares de coisas ao mesmo tempo, recordei bons e menos bons momentos. E a mil no cérebro e cada vez mais lenta marcha, aproveitei a viagem para estar um pouco mais perto de ti.

A lua espreitava-me pelo canto superior direito do pára-brisas enquanto a minha mente voava e o meu coração te vivia. E se por algum momento ela se escondia em alguma esquina da porta do meu carro, eu esticava-me para a reencontrar, parando por momentos qualquer pensamento fluido, como se a verificar se ainda ali estava. E estava, linda, num anoitecer meio avermelhado.

Lembrei-me do teu sorriso, das tuas saídas perfeitas, da tua atitude altiva mas sempre simpática, das tuas tiradas sarcásticas, do teu olhar de “se pensas que me enganas estás complemente enganada”, da sintonia dos nossos olhados cruzados, do teu sorriso tímido e corado daquelas poucas vezes em que algo (nunca alguém) te deixava atrapalhado.

Lembrei-me da tua missa de corpo presente e sim, podes ficar contente, até pensei em pensar nos últimos dois dias, aqueles… sabes? Mas a velocidade do meu pensamento não me deixou prender a qualquer um desses tristes pensamentos.

Pensei que ainda não tinha entrado naquela que foi a tua casa durante a tua infância e adolescência, mas rapidamente pensei que vou a Trás-os-Montes e que teria de começar a programar uma ida a Moçambique. Senti-me a impor-me um novo desafio, algo que não posso morrer sem cumprir e fiquei nem triste, nem contente, mas com um sentimento de quem acaba de tomar uma decisão definitiva.

Lembrei-me de algumas sensações que tive aquando da ausência por motivos de férias dos meus namoradinhos da juventude. Lembrei-me de ter sentido que já não me lembrava bem das suas caras, que as fotografias que tinha não mostravam bem aquilo que eu queria lembrar, que já não me lembrava bem das suas vozes e lembrei-me do medo que senti… “E se eu me esquecer, e se eu não me conseguir recordar”. Pensei nisso e sorri. É isto o amor maior, é esta a maior prova de amor por ti… Lembrar-me de todos as tuas expressões, da tua voz, do teu abraço, do teu olhar, da tua forma de andar, de todas as respostas que sei que darias em qualquer situação, relembrar-te como querias que eu te recordasse, como se nunca, nunca, tivesses saído daqui, como se hoje fosses comprar comigo o jantar, como se estivesses apenas ali, sentado no mapple, de mãos postas em ‘v’ com as pontas dos dedos encostadas aos lábios a olhar para mim a conversar encantado. Como se tivesses a preparar para me começar a ensinar uma valsa… Como se tivesses hoje aqui, mesmo ao pé de mim, ali no lugar do pendura a acompanhar-me, como se tivesse acabo de tirar a carta. Estás… e hoje deixei-me conduzir-me pelo caminho mais longo, fiz mais um desvio, andei para a frente e para trás, dupliquei a quilometragem de uma viagem normal de carro, para me sentir assim, mesmo com os olhos inundados, mas ao pé de ti. Tão perto…

Enquanto te sentia ouvia a última música (brilhante) do mais recente álbum dos Muse. Agora, enquanto escrevo oiço Freedom (de Braveheart) – a música que ouvia quando estavas doente -.

Agora escrevo-te na tentativa vã de prolongar este meu sentimento, mas com a consciência que um dia este texto que hoje escrevo me vai relembrar aquilo que a vida me tentará com as suas tropelias fazer esquecer… Um único e inesquecível momento.

Love U

domingo, 27 de setembro de 2009

Pulga

E a Pulga casou-se…
Peguei-a ao colo pela primeira vez, recém chegada da maternidade, tinha eu seis anos.
E ontem casou-se.
E ontem, pela primeira vez num casamento, deixei que umas gotas de água e cloreto de sódio, aparecessem timidamente no canto dos meus olhos, numa luta entre a emoção e a futilidade de borrar os olhos excepcionalmente maquilhados para a ocasião.
O tempo passa a correr e sem querermos, preocupados com o sujeito, o tempo, esquecemo-nos de fazer aquilo que nos faz viver. Ser e lutar para sermos Felizes.
À miúda e pirralha mais eléctrica, mais bem disposta, mais simpática e contagiante um grande:
Continua Assim, Feliz

P.S.:
Não me custou deitar às seis da madrugada e levantar às dez, para ir para o aeroporto.
Não me custou o frenesim antes e após fabuloso casamento.
Mas agora estou v-e-r-d-a-d-e-i-r-a-m-e-n-t-e afónica e de rastos.
No próximo fim-de-semana descanso (digo isto em todos, mas enfim...)

sábado, 19 de setembro de 2009

Aviões e túneis de luz

Ausência...
Habituamo-nos, sobrevivemos, mas não esquecemos.
Até é um presente... Apercebemo-nos da importância do que nos é querido, com o vazio que subitamente nos provoca... Como se fosse mais um teste, como se tratasse de um mero lembrete do nosso interno outlook de sentimentos e não de eventos.
Longe da vista, longe do coração... é um dos ditados populares que aprendi a refutar nos últimos anos e que assumi como errado desde o ano de 2008.
Aos viajantes que nunca me abandonam e que teimosamente, saudavelmente e apaixonadamente o meu coração guarda a sete chaves, um beijo pleno de saudades, como se nunca tivessem saído daqui.

Afinal é só mais uma semana ou o final da minha vida terrena que nos afasta do nosso reencontro. Passa a correr :)

Um amanhecer = Renascer
Um dia = Uma vida
Um anoitecer = Morrer

Graças a Deus o anoitecer não me deixa esquecer :)

Até já

terça-feira, 15 de setembro de 2009

I've had the time of my life

Acordei ao som da notícia que Patrick Swayze morreu.
Recebi mensagens de amigas da adolescência tristes com a notícia.
Fiquei triste, enfim... mesmo já sabendo há quase um ano da sua doença...

Pensei que há pouco mais de uma semana disse para os meus botões que a paranoia que hoje tenho com um puto de nome Robert Pattinson era superior a qualquer fanatismo da minha vida (foram muito poucos e subtis, graças a Deus), até mesmo que o Patrick Swayze. E catapum... Morreu.

Cheguei ao escritório e comentei com uma colega de vinte e um anos a perda de mais uma pessoa marcante este ano. Resposta?
- Quem é o Patrick Swayze?
Estupefacta, respondi-lhe:
- Estás a ver o impacto que o Twillight tem para a tua geração? Estás a ver a doideira com o Robert Pattinson? O twillight desta geração está para o Dirty Dancing na minha.O Robert Pattinson desta geração está para o Patrick Swayze na minha...

Só que o Pattinson não dança como o Swayze, não tem o corpo do Swayze e o Swayze não era assim tão bonito. Mas ambos não deixavam as suas amadas a um canto (Nobody leaves baby on the Corner) e são encantadores, cada um à sua maneira, em cenários e épocas tão distintas. O Patrick Swayze marcou uma geração de adolescentes que viviam ainda na época das VHS que lamentavelmente começavam a ficar gastas de tanto visionamento. Foi ele que pelo seu trabalho no Dirty Dancing nos ensinou um pouco sobre a guerra nos EUA, com o seu protagonismo na série Norte e Sul.

Há tempos, em honra de doces memórias, comprei o DVD com extras e vi o filme pela enésima vez com supostos olhos de adulta, de mãe. Comecei por vê-lo com um sorriso trocista, comentando interiormente com a simplicidade, banalidade e qualidade do filme. Sim, não tem argumento que fique na história, é um enredo já tão batido... Mas poucos minutos de filme bastaram para que entrasse em toda a trama e me esquecesse das criticas destrutivas que fazem de nós os adultos chatos que somos e virei uma simples adolescente. E da mesma forma, ao terminar de ver o filme, repeti a última cena umas três vezes. Uma delicia...

Cantou "She's Like the Wind" mas teve sempre a sua namorada de sempre ao seu lado. Foi e é, a doce memória de tantas, mas tantas, hoje mulheres.

Espero que de onde está possa cantar "I've had the time of my life", porque a mim ajudou a preencher com ainda mais cores o arco-iris da minha adolescência.

Ao Patrick!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Um tributo memorável

Gravei o VMA 2009 da MTV para ver a preview de New Moon.

Mas o momento alto, o momento que me arrebatou, me deixou pregada ao sofá foi o arranque do Video Music Awards sob um pano preto, com uma cada vez mais bonita Madonna vestida de negro a falar de Michael Jackson.

Seis minutos de ternura, que nos fazem pensar e aplaudir de pé, mesmo que sós numa sala, como se tivessemos lá, rodeados de toda gente, a aplaudir todos juntos uma mulher que se ultrapassa a si própria num tributo a quem também ele é, inultrapassável.

sábado, 12 de setembro de 2009

A resposta

O tempo, cinzento...
A vida, num corre corre
O tempo, curto...
A vontade, num canto...
O amor, algures...

Até este blogue está chato...

Quando me lembro tento descobrir o que se passou, quando aquela janela para um sonho me mostrou a minha filha com três anos e o meu pai ainda doente. Foi há dois anos e meio... e se me puser a ler dois anos e meio de posts para tentar encontrar alguma resposta, chego à mesma conclusão que chego agora. Ando a reviver ciclicamente momentos que se passaram há um, dois anos. Basta-me uma questão, para a qual interiormente sei a resposta e exteriormente me falta a coragem para a acção. O que ficou por fazer?

O que não fiz, abala tudo o que concretizei, questionando-me sobre tudo o que alcancei, baralhando-me na resposta para o "onde falhei".

A questão é que eu sei o quê, o onde...
A questão é que depende de mim...
A questão é que... tenho receio...
mesmo tendo a resposta Aqui

Sim

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Raio de Sol Luz Maior

Hoje, que supostamente existiriam duas luas no céu
Hoje, que estranhamente, ainda sei de cor
Hoje, algo estranho, inexplicável me acalmou
Me fez flutuar
Num minuto de paz

“De olhos bem abertos
percorro a paisagem
E guardo o que vejo
para sempre…
numa clara imagem

Um manto imenso de água
um pingo move o mundo
Corrente forte exacta
de um azul…
quase profundo

Um sopro de AR
faz girar
um mundo real

Raio de sol
luz maior
para partilhar

Um espelho nunca mente
fiel como ninguém
Faz da vida…
PAIXÃO
Energia
que toca sempre mais Alguém

Vai…
espelho de água
Trata e Guarda
o que é Nosso afinal…

Em NÓS…
vive a Arte
de ser PARTE
de um Mundo Melhor

Eu sei……
que os gestos BANAIS
parecem Pouco
mas talvez sejam fundamentais”




Letra e Música – Paulo Gonzo “Espelho de água”

terça-feira, 25 de agosto de 2009

ai...

QUE SAUDADES...

domingo, 23 de agosto de 2009

Repenso

Estou há muito tempo fora da minha zona de conforto
Deste sofá saltam molas que me ferem as costas
Os cantos ganham teias de aranha de aranhas que desconheço

Onde está a almofada companheira que me aconchega os sonhos?
Parece-me a mesma mas não me ajuda.

Sonho, quando durmo, que percorro casas que desconheço e sonho com janelas de coisas minhas de casas que reconheço mas estou sempre do lado de fora.

Repenso?
Tenho saudades do meu sorriso...

:S

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Afinal são Seis


Toldados os sentidos
Visão e audição
mesmo sem tacto, olfacto e paladar
resta sempre um
a memória


na recordação de um olhar
na lembrança de uma voz
a sensação de um toque
a inspiração de um cheiro
num beijo


Pic: skywalker

Uma janela num sonho

Uma janela para onde olhei
que me chamou a atenção de relance
Logo depois...
Uma, duas ou mais fotografias
onde miraculosamente apareces
por trás de nós
Uma de frente apanhado desprevenido
Uma de esguelha de sorriso malandro

Ah! Ah! Apanhei-te!!!
Numa das janelas dos meus sonhos...

No meu sonho corri a mostrar as fotos à mãe!
- Vês?!? Acredita...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

auch!

é triste quando a tristeza não desiste...
quando a confiança começa a falhar
quando o medo teima e pressiste
mesmo com um sorriso no olhar

today é isso que sinto
Hoje defendo-me de lutar dolorosas guerras
today guerreio para conquistar um espaço para construir ameias

Hoje, ontem e amanhã,
Sempre... Balança...
Sempre... Lua...
Sempre...

Forbidden to remember, terrified to forget

Onde estás?

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Pescador sem linha

Jogo de palavras que se esquece, troca de pensamentos que flui, como um pensómetro que recolhe todos os sentimentos e pensamentos verbalizados, catapultados para um espaço, para o ar, dentro de um cubículo enclausurado. Como uma varinha que suga ao de leve, suga continuamente como se pescasse uma sereia sem a querer magoar, libertando novelos de linhas de raciocínio a pesar. Há medida que as palavras saiem, sem nelas pensar, sem pescador com isco, sem um pingo de malícia, a cabeça menos cheia começa a flutuar e o coração persistente, graciosamente teimoso, bate aceleradamente bombando todas as veias, reanimando todos os órgãos, enchendo o cérebro de ar.

Sim, porque esse pescador não pesca, não sabe o que é pescar, nem mesmo sabe que pesca, nem como se faz para pescar. Sente que uma sereia lhe canta, lhe enche o mundo de palavras, de pensamentos altos meio tolos, de palavras impensadas, de películas fantásticas nunca imaginadas e lhe fala melódica e celestialmente do meio do lago: O mais romântico que poderia fazer na vida, caro inconsciente Pescador, era sair destas águas e andar. E tu? Sabes nadar?


A ouvir: Yiruma - River Flows in You

sábado, 1 de agosto de 2009

Um sonho...

Sou a maior arquitecta e ao mesmo tempo a maior demolidora da pequena grande muralha que me envolve. Não sou perfeita… Não hei-de ganhar qualquer prémio Valmor na cobertura deste grande edifício. Terei possibilidades de ganhar se o mostrar completo sem muros, nem panos. Mas mesmo assim serei sempre imperfeita…

Vale a percepção de que as qualidades e defeitos tornam uma pessoa única, rara e portanto valiosa.


Destapei-me mais uma vez…
de noite…
a sonhar com um jardim de um palácio…
desci a pesada porta presa nas muralhas deste edifício que afinal não é um simples retiro mas sim um luminoso castelo… e passei o dia que entretanto nasceu a sorrir.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Need for Peace

São palavras ditas docemente, arrastadas ao ritmo do movimento de olhares...
Tons baixos, honestos, interrompidos numa compreensão silenciosa de pensamentos...
Palavras não ditas, faladas em olhares prolongadamente pousados...
A sensação de que o nosso é o único espaço, respirá-lo deliciosamente...
como se o ar não fosse um bem raro, nunca escasso...
como se hoje fosse o último dia, como se hoje a terra acabasse...

Olhar para tudo o que nos rodeia e sentir que o amor vale... tudo
Que não há motivos para vivermos assim...
autómatos
dependentes
sem esplendor
sem arrebatamento
opacos

- E agora, sentes-te em paz?
- O importante é o momento...
- Agora é o momento que importa...

- Boa noite
- Bons sonhos

segunda-feira, 27 de julho de 2009

TEAM EDWARD !

Que se lixe!
Sim!
Admito!
ESTOU ADDICTED!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Onde estás?

Aninho-me à socapa na tua cama sem ninguém ver...
Enquanto ao fundo se ouvem vozes e pratos de quem prepara mais um almoço na copa, na tua cama enrolo-me por segundos em posição fetal com as lágrimas a encherem-me os olhos e numa luta para não deixar que alguma escorra perdida, que os olhos fiquem esverdeados de choro, para ninguém me apanhar...
Tudo porque ninguém pode ver que choro... por ti, por saudades do teu corpo, aqui.
Tenho saudades... tantas...
Tento lembrar-me de ti saudável, mas a melhor e mais terna memória ao contrário do que desejarias é a de ti velhinho. Velhinho, sim, mas muito doce e a sorrir. Lembro-me de cada nota da tua voz, como se nunca tivesses saído daqui e como em criança é a ti que me socorro e da mesma forma em silêncio, em reconhecimento por um unico olhar, sempre que algo me faz mal, me preocupa, me faz chorar.
Aconchegas-me a roupa à noite ao deitar?
E se a meio da noite gritar, levantas-te e vens-me aconchegar?
Diz-me no teu tom de voz sábio que tudo irá passar...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Long time no see

Se me desse agora para escrever, oh! Estou a escrever agora… Perguntar-me-ia “que baboseira escreverei agora”. Estou impregnada de vícios sem querer… Pequenos prazeres que me fazem apagar por momentos aquilo que quero esquecer. Afasto-me deste blogue sem vontade de escrever, por necessidade de fechar os olhos ao que não está perfeito, mudar um pouco da rotina, para olhar de fora com olhos de ver. Não tenho vontade, necessidade, prazer de escrever e muito menos inspiração. Sinto-me oca de sentimentos puros, transparentes e românticos. Vazia de profundidades que tanto ocupam o meu ser. A vantagem ou as vantagens… apenas penso no necessário, apenas penso no momento. Os sonhos que se haviam apagado das minhas noites voltaram mais confusos que nunca, com personagens reais há muito desligados, com cenários dantescos ou de sonho. Embrenho-me nos vícios, novos vícios, que descubro agora enquanto escrevo, que preenchem o que na realidade vou perdendo… Romantismo, amor puro, apaixonante, coração galopante e menos importante, mas mesmo assim necessário, conquistas e dinheiro (ficticio, uma ilusão). Tornei-me numa fã tipicamente adolescente na leitura da saga “Luz e Escuridão”, encantada com um jovenzito de 26 anos com sotaque muito British e ainda por cima vampiro! Ainda há amor assim? Bom, a OST passa sem parar no leitor do carro com Muse a abrir, o DVD é o especial e os quatro livros, mesmo a arrebentar de trabalho, foram lidos no espaço de duas semanas e meia. O escape e livros de ajuda a adormecer por força do cansaço. O outro vício, Mafia Wars, que em nada teria a ver comigo até o primo Ju, de coração puro, me transmitir a vontade de envolver nestas andanças. Novo escape... E assim balanço… Uns dias a Saga, outros dias a Máfia… conforme as necessidades.
Não quero pensar demasiado fora da hora de trabalho. Não quero não ter vontade de me deitar. Não quero rebolar na cama com preocupações. Não quero sonhar acordada com resquícios do passado. Com ontem aprendo, com hoje vivo, amanhã é uma incógnita. Se hoje me dá para não pensar demasiado, para não sonhar com o inalcançável, é porque algo em mim me força a o fazer, nem que seja para me proteger. A teimosia é uma qualidade até à altura em que começa a roçar a burrice. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura… com que consequências? As gotas lutadoras escarrapacharam-se na pedra, os seus restos evaporaram-se… e a gota vencedora perde-se num escuro e fundo buraco!

Isto é o resultado de escrever sem vontade.

domingo, 5 de julho de 2009

Vazio

Não ando com vontade de escrever
Fujo a mil pés dos sonhos que me embalavam ao adormecer
Leio sempre que posso, o máximo que posso
Dedico-me ao trabalho o máximo que me permito
Fujo de conversas deprimentes
Fujo das conversas em geral
Fujo, ausento-me de quem... por rotina fala mal
Fujo de tudo!
E se algo me impoem... fico danada!

Ando brutalmente sensível
A precisar do meu espaço
Por automatismo a minha já velha capa rigida
Ergue-se, tapando-me, protegendo-me dos bichos
que de noite teimam em preocupar-me, assustar-me
Quebrando os supostos sonhos que antes me embalavam
e que agora no meio de pesadelos não consigo lembrar-me

Vazio

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Decode











How can I decide what's right?
When you're clouding up my mind
Can't win your losing fight...
All the time…


The truth is hiding in your eyes
And its hanging on your tongue
Just boiling in my blood
But you think that I can't see
What kind of man that you are
If you're a man at all…
Well, I will figure this one out...
on my own

(I'm screaming "I Love You So...”)

(But my thoughts you can't decode)


How did we get here?
I use to know you so well
How did we get here?
Well, I think I know…

Do you see what we've done?
We're gonna make such fools of ourselves ...

There IS something
that I SEE in YOU
It might kill me
I want it to be true



Music by: "Decode" - Paramore


Pic: Twillight

sábado, 27 de junho de 2009

MAD II

onde estás, como estás e o que se passa contigo?
nunca nos intervalos anuais sem o teu contacto me senti assim...
preocupada...

porque me ligaste?
porquê assim?
porquê a mim?
porque depois desapareceste deixando-me sem nada saber?
como?
assim...

Prometeste-me que me davas notícias...
que me farias saber que estás bem...
Refraseei "Olha que o prometido é devido"...
disseste que não foste tu que o disseste...
mas riste-te...
reconhecendo algo nosso...

Espero que a frase te recorde o Nicolau da Viola
e te lembre que depois da chuva vem o sol
e no meio do tempo o arco-iris...

Adoro-te mano

quinta-feira, 25 de junho de 2009

carvão

... e se disseres que me esqueço
sabe que
Nunca!
... o meu coração é dotado de um lápis continuo anotador
... Já o meu cérebro filtra após a dor

... e se disseres "já não me tens aí"
pois, sabe que
Nunca!
... o meu peito mesmo pequeno é dotado de elásticos de amor
... com o cérebro encolhe, mas incha com a ajuda do lápis anotador

... e se me disseres que desistes
pois, sabe que
... o lápis também pica, rompe e nem o cérebro filtra a sacanagem do pressuposto doce lápis continuo anotador


mudaria de lápis ou até deixaria de o afiar...
mas só ele escreve, moldado e criado com o meu amor
e afiado é quando escreve com todo o seu esplendor...

domingo, 21 de junho de 2009

Após "Amanhecer"

Estou aqui mas nem tanto
Vidrei-me em contos fantásticos cheios de amor
Voltei a sentir-me adolescente por encantamento
por entregas puras, sem perguntas, com luta e fulgor
… e soube-me bem…
Refugiei-me em algo não meu…
Não me pus em comparações…
Vivi e reencontrei o meu desejo
Sem nunca pretender retirar lições…
Agora não começo do zero…
Mas fechei-me tanto que quase não me sinto

Mas sei o que procuro…
Sei o que me faz correr…
Também sei o que me faz sofrer…

O meu Amor e o meu Ofício

Mas dos dois apenas um me faz sentir viva e sobrevive para além da vida...

AMOR

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Frio

Inexplicavelmente estou excessivamente calma tendo em conta o caos em que me encontro.
Não sei se desisti de algo, porque tal como um burro acho que estou a por palas para apenas olhar em frente. Mas não caminho atrás de nenhuma cenoura... Apenas caminho com pressa para ver se me livro depressa do chão irregular cheio de pedrinhas irritantes.
Arg! Que humor/amor gélido...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Adolescência

Tirando a idade do armário, as birras onde achamos que os adultos (achamo-los velhos então) não nos compreendem, não têm razão. Tirando essa característica que nos faz sentir vitoriosos, corajosos, inconsequentes e com uma enorme falta de raciocínio lógico, como se fossemos imortais e tudo fosse relativo, a nossa capacidade de ver o brilho no mais puro, de nos apaixonarmos como por magia, torna esta fase na segunda mais bonita da nossa vida. É o primeiro beijo que define o intervalo de beleza onde os próximos se irão encaixar e muito dificilmente existirá um outro que o possa ultrapassar.

Se ultrapassar então existirá uma necessidade intrínseca de viver uma nova adolescência, fora do tempo, intemporal, mágica, corajosa e imortal.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Re-Canto(S)


Serpenteando pela estrada ao som de Rob Pattinson, fundindo sons, cores e cheiros, esqueço-me de horários de antibióticos, anti-inflamatórios, moinhas e preocupações. Se a minha cabeça se ocupou de algo foi por osmose com o ambiente romântico que me rodeava. Palácio de conto de fadas, jardins que puxam ao mais puro romantismo, cada canto e recanto um possível e imaginário inesquecível beijo… Quantos já se beijaram ali? Será que ainda existe um canto que se sinta sozinho, virgem, nesta serra que expira amor por todos os seus poros? Um canto que pense “Qual casal enamorado beijará aqui?”. Deverá ser precioso pela sua pureza, pela sua longínqua e desde sempre indiferença. Deverá aparentar ser simples, pobre e tornar-se-á belo, rico, brilhante pelo mais puro amor que nele se encostar. Acredito que esse canto existe… Pergunto-me se algum assim ainda espera por mim, eu que já me encostei em mais do que um canto nesta serra enigmática e que hoje pouco os valorizo, não me lembrando sequer do seu local, apenas de quem me beijou, não como, em que época e nunca do sitio. Irremediavelmente romântica, por muito que o tente esconder, sonho com o mais puro, o mais simples… E deixando-me de sonhos, racionalmente vejo que só complico e é tudo de facto tão linear, tão simples… basta deixar-me sentir e seguir-me… Tola! Tola apaixonada pela paixão e amor na vida!!!
Pic: Skywalker

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Vês?

As portadas daquela janela abanam
Ora uma
Ora outra
Ora em simultâneo
É bonito…
aquilo que quase vejo!
Abre uma, abre outra
Ao sabor do vento

Estou sentada no chão
Perninhas à chinês
E olho encantada
O pouco que vejo
De quando em vez

Parada, mole
Inclino a cabeça
para a direita
Para espreitar
mais uma vez

Para a esquerda
Encosto-me
Para a direita
Deleito-me
Embalada ao som de
Era uma vez…

É bonito o que vejo…
É puro o amor que sonho
É maior que o mundo
É terno e doce
É silêncio no horizonte
É calmo e pleno
É nuvens de múltipla cor
Sol azul, Lua laranja
Céu cor de esmeralda
Mar brilho de prata
É solo branco, puro
E dois seres transparentes
A criar arco-íris em cada gesto
A escrever Amor num celestial tecto
A compor musica em cada toque
Uma pauta por cada aproximação
Do mais profundo e terno beijo

domingo, 7 de junho de 2009

Nada

São aqueles momentos em que o mundo parece que pára, que a luz do outro lado da rua me prende, me foca no nada. São esses os momentos em que não penso, não me preocupo, não sonho, não passa nada. São esses onde até as preocupações do mundo, hoje, não me ocupam, não interferem, não me incomodam, não me moem nada.

São esses momentos no nada, que me fazem sentir como se tivesse oito anos, mas desta vez sem medo, sem receio de nada. Na altura a sensação do vazio assustou-me, fez-me questionar a diversão que perderia, fez-me olhar para mim. Hoje, olhando para trás, vejo que me ouvi sem o saber, que em tudo, mesmo nos menos bons momentos, tenho vivido a valer. Nada tem ficado por dizer ou por fazer, tudo tem sido intenso.

Por isso nado no nada, sem medos, apenas um… o da profundidade do mar, o nada mais desconhecido de todos que pode ser tudo.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Parabéns Pai !

Sei que hoje no céu mil e uma estrelas vão-te mimar
Mil e dois anjos vão cantar para ti
Cá de baixo tem a certeza que existem anjos que pensam em ti.

Parabéns Papi!
Feliz 89 anos de ti....

Adoro-te muito :)

sábado, 30 de maio de 2009

Se...

Se me desse ao luxo de ser eu pura, o que faria?

Dançar na rua porque me apetece
Passear sempre de mão dada
Ir para a praia e nadar nua
Galgar as ameias de um castelo

Namorar no topo de um monte
Adormecer ao relento sob o olhar da lua
Acordar de manhã iluminada por raios de sol

Vestir-me de branco e passear de barco
Balançar sobre águas limpas divertida
Cair no lago toda vestida
Erguendo-me rindo às gargalhadas

Atirar bolas de neve, rebolar no branco
Tomar um banho quente, enrolar-me na toalha
Aquecer-me junto à lareira, em conversas doces
De se eu fosse uma personalidade quem seria

Andar pela cidade à chuva
Beijar no meio da rua
Com cabelos em madeixas a pingar

Apanhar um comboio porque me apetece
Ir para ali porque é o caminho
Descobrir novas caras, novos mundos
Sem qualquer pressa de chegar

Andar em cavalo em pelo
Parar numa clareira e descansar
Montar o cavalo mais doce e voar
Até aquela casinha lá longe chegar

Estender-me na praia ao final do dia
Sentir a areia quente debaixo do corpo
Adormecendo quase voando
Enquanto o sol me beija os ombros

(aparentemente não parece muito dificil... mas...)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Thanks!

Quem me vê num almoço ou jantar
Quem me vê num café em qualquer lugar
Leva de mim risos e palhaçadas
Trocas malandrecas de olhares e palavras
Numa mistura explosiva de humor subtil
Saídas Naïf, Humor Inglês e Partidas
Trocadilhos a roçar o Burlesco
Risos exponenciados sem palavras
com expressões silenciosas disparatadas

Acima de tudo
Quem comigo está e partilha disparates
Comigo ri a bandeiras despregradas
E relembra-me no final de tudo
Que mesmo que existam lagrimas
Que mesmo que por vezes me ausente

Nasci, vivo e morrerei palhaça

Thank God!


Poucos me conhecem do outro lado
O das lágrimas, tristeza e saudade
Da transparência, romantismo e sonhador
Da doçura, da entrega e da serenidade

Mas também para quê serem muitos a partilhar esse lado?

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O > Bem

Existe um mundo paralelo onde a moeda de troca se chama amor, onde só é pobre quem não se dá e entrega, onde a taxa de câmbio não é apresentada em salas de mercados, onde nada se compra, nada se vende, nem se troca... partilha-se quando se sente.

O mercado existe, já dizia o CdaPluma, e também tem as suas flutuações, e acima de tudo nunca fecha, nunca!
Contém nos seus jardins um tesouro a céu aberto, sem cadeados, sem portas de chumbo, grades ou feixes.

O jardim?
O local onde todos passeamos...

O maior tesouro?
O maior bem da humanidade...
O mais brilhante
O mais cintilante e perfeito

A nossa existência, a nossa capacidade de sentir e amar, tudo, todos, sempre.... Inesgotável!


Inevitável:
A existência de mercado negro :S

domingo, 17 de maio de 2009

Custa…

O tendão parte mas dói enquanto rasga
O tronco abre-se a meio rompendo a árvore

Não há palavras…
Mau pressentimento que sinto…
Para mim, apenas em mim…

Bons pressentimentos para alguém...
hoje algures um rebento de árvore nasce

Deixai-me ser egoísta e ficar assim…
por momentos triste…

Tudo passa…
Faz sentido…
Tudo morre, tudo nasce…

sábado, 16 de maio de 2009

As respostas

Todas as palavras que hoje me apetece escrever quase que são obrigadas a passar pelo passador.
Tira as natas, passa o leite... Então, para quê escrever? Se são as natas que me fazem debitar neste blogue com todo o fulgor.

Com o coração e a cabeça em gigante conflito, os dedos continuam a dedilhar o teclado sempre com a interrogação: Publico?

Gostava de entender como me sinto. Se calhar nem é o como me sinto que me deixa desconsertada. Se calhar é o que fazer e não fazer, o ficar mais ou menos aliviada.

Assolam-me questões como prioridades, necessidades da vida. Procura de significados em padrões inquestionáveis que me perseguem. Sinais, tantos, que não entendo...

Tantas perguntas...Sempre com a resposta na ponta da lingua. Mas... as respostas assustam-me pela falta de tomada de decisão e firo-me.


As Respostas:

"Sim. Escreve... e sem passador! Este espaço é teu e não de ti para os outros."

"Sim. Olha para e por ti e segue a tua vida, dá-te espaço e mima-te."

"Sim. Não podes obrigar ninguém a ver o mundo como vês. Todos têm o seu caminho. E se por algum motivo estiveres no meio desse caminho, até o teu silêncio poderá ser importante."

"Sim. O teu coração é gigante, mas não deixes que falte espaço para ti."

"Sim. Não deixes que te façam sentir pequenina. Não o és... de todo"

"Sim. Liberta-te do que te fere. Está apenas e só nas tuas mãos. És prova viva de que o consegues... Sobrevives com brilho à minha ausência fisica e não imaginas o quanto me orgulho disso. Todos os dias demonstras o quanto me amas com o teu sorriso e com o teu amor pela vida. Força meu Amor..."

"Pois se calhar não. Mas não chores... És tão bonita... E se não for nesta, há-de ser numa outra vida."


"E sim, minha filha... Leio-te todos os dias, mesmo quando não escreves... E quando pensas que não estou contigo, toco piano nos teus dedos para te dizer que estou aqui, para te dizer -Não desistas-, para te dizer que te amo, que és a minha vida. Nunca te permitas deixar de acreditar. Porque também eu preciso de ti, para manter-me vivo na tua vida, para continuar a fazer parte do teu caminho, para manter o nosso amor vivo e saudável nos nossos corações, em comunhão e perfeita sintonia como sempre o fizemos."

terça-feira, 12 de maio de 2009

Quando...

Todos seremos culpados de tudo
Se formos culpados por existirmos
Se a nossa existência é culpa
Então porque existimos?

Se calhar para descobrir
Que Ninguém tem a culpa
Que a culpa somos nós que fabricamos
Para explicar o que não conseguimos

Tem sempre de existir um bode expiatório
Porque assim o exigimos
Porque não nos damos ao trabalho
De procurar a sua origem

Quando te derem um presente, não devolvas, agradece.
Quando te deres, não receies um não, se te deres de coração.
Quando obtiveres respostas não refutes, acredita.
Quando te doer, permite a transfusão de litros de amor
(afinal é o único curativo sem contra-indicações, desde que não contaminado na origem)

O soro da minha verdade
A transfusão de amor contínua
É o elixir da minha vida

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Pino

Faz hoje um ano que partiste

Guardei estes dias para ti, para me sentir mais perto de ti, para te homenagear em todos os meus pensamentos mas o mundo quis que a minha mente se entristecesse com tudo menos contigo. O mundo não me deu tréguas, cobrou-me um fim-de-semana de triste, de distância, de incapacidade, de desilusão e de resistência mostrando-me que não sou eu que o carrego, sou sim um dos seus muitos pesos.

Olho para o meu corpo em pé, e percorro-o até aos meus pés. O que falta?
Olho por cima do ombro, e espreito os últimos doze meses. O que fiz?
O que mudou? O que criei? O que não fiz?
O que falta, não sei…
O que fiz, tanta coisa…
O que mudou, o mundo em mim…
O que criei, já me esqueci…
O que não fiz? Ainda vou a tempo de fazer?
E será que vou conseguir?

No ano passado, uns três meses após a tua partida sentia que não havia nada que não conseguisse… Sentia-me capaz de amansar leões, conquistar o mundo unicamente com a minha maneira de ser… Forte cheia de brilho…

Hoje questiono-me. Será que tenho de continuar a lutar ou apenas deixar-me levar?

Sei que estás aí… aliás, aqui… há muito que deixei de questionar…

Ficas desiludido se te disser que hoje me sinto fraca? Não triste, fraca…
Pusessem-me hoje um desafio, desistiria mesmo antes de começar…
Parece que ando acompanhada com uma bomba de ar…

Queria que estivesses aqui fisicamente.
Queria encostar a minha cabeça no teu colo, que me mexesses no cabelo e em silêncio me deixasses assim ficar.
Queria que me dissesses que está tudo bem, que quando me faltassem forças para lutar bastava no teu colo descansar.
Queria que me relembrasses tudo o que me ensinaste neste último ano. Não me esqueci, mas nos últimos meses parece que voltei apenas às aulas teoria, esquecendo-me das aulas práticas.

Queria que me dissesses que o meu coração não está enganado… para ir à luta e não ficar sentada.

Porque neste momento é só isso que me apetece. Ficar sentada a ver o mundo passar.
Porque neste momento algo me diz que tenho de por o meu melhor sorriso e lutar.
Porque estou fraca e com o mundo de pernas para o ar, baralhada, sem saber o que procurar...

Se procuro sentada, ou a andar...

sábado, 9 de maio de 2009

... daqui

Aproximação lenta
Reconhecimento da íris
Permissão de entrada para um abraço

Encontro de olhos
Encosto de testas
Ninho de braços
Almofada de ombros
Mimo de cheiros
Num terno e único abraço

Sentar lado a lado
Encosto de testa no regaço
Um beijo de esguelha na testa
Que se fica, prolonga
de olhos fechados
Enchendo de beijos, de abraços
todos os pensamentos
Afastando por momentos
todas as guerras
Apaziguando no silêncio
todos os combates

Com mimo
Sem necessidade de permissão
Um aninhar no colo
Brincando em silêncio
Em carícia
fios de cabelo
Contornando em reconhecimento
de olhos fechados
maçãs do rosto
Sobrancelhas, recorte de lábios
Velando por um sono
Em paz, aninhado, protegido, descansado…

Abraço-TE...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Céu estrelado

A duas mulheres cheias de garra
Que resolveram partir no mesmo dia
Que mostraram ao mundo o que é coragem
Que a vida se faz de sorrisos e de alegria

Mesmo quando a vida se torna madrasta
Relembrando-nos nos nossos maus momentos a sua energia

Brindo às duas…

Por nos relembrarem o que é lutar
Por nos mostrarem o que é importante
Por serem bonitas e gigantes

A vossa estrela brilhará para sempre no coração de quem vos ama

quinta-feira, 7 de maio de 2009

(continuação) ou não?

… é porque se calhar não era para escrever…
Certo?
O que vi e senti, foi para mim e não para os outros.
E até mesmo isso, de certo não quererias que tivesse visto ou sentido.
Então porquê partilhá-lo?
Certo?

A ausência de vontade de escrever, foste tu…
Para que não me pudesse arrepender por corromper a tua imagem…
Aquela imagem que por amor abraço mesmo com dor.
Aquela imagem que mais ninguém compreenderia e se prenderia esquecendo o resto da tua vida, todo o teu fulgor.

Sim pai…
Estás certo, mais uma vez...

Mas acredita… Por muito que me sinta forte e que sinta este último ano brilhante, incandescente de luz e descobertas, olhando-o com um brilho gigante no olhar, cheirando-o intensamente, saboreando-o com mais prazer, tocando tudo como se fosse a primeira vez, como se todos os meus sentidos duplicassem, absorvendo tudo ao par. Por muito que me defenda do estigma do um ano, estes dias moem em countdown até ao dia onze deste mês. Como se estivesse em trabalho de parto… sempre na esperança de que com a passagem destes dias me ultrapasse, renasça outra vez…

terça-feira, 5 de maio de 2009

Amanhã

Vou fazer como habitualmente faço. Começo com uma série de questões, deambulo em palavras, deixo de me questionar das primeiras questões, que entretanto deixam de ter importância com o aparecimento de novas questões do seu resultado. É nesse momento em que começo a falar contigo, é esse o momento em que perguntando automaticamente recebo a resposta. É nesse momento que me apercebo que as coisas são verdadeiramente simples e que mil perguntas não se resumem a mil respostas, mas sim a uma única resposta. É nesse momento que satisfeita com o resultado me pergunto sempre: Será que fui eu que escrevi? Será que escrevi sozinha?

No outro dia escrevi sobre o limbo, carros funerários e ambulâncias, como se a exorcizar os meus sentimentos, em busca de sossego. Se resultou? Hoje quando uma ambulância passou por mim, achei que sim.

É por isso que hoje escrevo, numa nova tentativa de expor o que me fere, e que me fere faz amanhã um ano. Os únicos momentos do meu pai que me fazem sentir verdadeiramente triste. O primeiro dia dos seus últimos dias antes de partir. Mórbido ou não, é necessário. Relembrá-los com a esperança de me deixarem triste apenas e só mais uma vez. Imprescindível para cumprir a sua sempre vontade: Relembrá-lo bem e feliz.

Entretanto com as mãos apoiadas na base do computador estico os dedos sobre o teclado, olho para o brilho que sai do monitor como se a arranjar coragem para escrever…

Tenho o dedo golpeado por vidros partidos

A Joana, como estará a Joana…

E a tia Maria Helena, como estará…

Vou dar uma volta e já venho…


Volto… não me leio

Escrevo… Já alguma vez mencionei que é no meio de uma divisão supostamente fria, que escrevo? Tenho escritório, espaço na sala, mas é na cozinha que escrevo, trabalho nos meus exceis, organizo as minhas fotos e me envolvo nos meus projectos. Manias…

Vou comer…

Escrevo amanhã...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Quando a chuva passar

"Pra que falar?
Se você não quer me ouvir
Fugir agora não resolve nada...

Mas não vou chorar
Se você quiser partir
Às vezes a distância ajuda
E essa tempestade
Um dia vai acabar...

Só quero te lembrar
De quando a gente
Andava nas estrelas
Nas horas lindas
Que passamos juntos...

(...)

Quando a chuva passar
Quando o tempo abrir
Abra a janela
E veja: Eu sou o Sol...
Eu sou céu e mar
Eu sou seu e fim
E o meu amor é imensidão..."

Ivete Sangalo

domingo, 3 de maio de 2009

Ser mãe


Amor de Mãe

O teu parto não foi simples.
Entre anestesia e cesariana não soube qual seria a sensação de nasceres de dentro de mim. Soube que te tiraram dentro de mim, ouvi o teu choro mais ao longe, apareceste em segundos já embrulhada e com um gorro na cabeça, e mostraram-te sem te porem no meu colo, dizendo-me: “Aqui está a sua filha. É uma bela menina, quase parece ter um mês”. Depois lembro-me de pouco… No recobro, ouvia um choro e disse à enfermeira que era a minha filha. Garantiu-me que não era e teimei que eras tu, e não outra criança como ela afirmava. Saiu da sala e voltou contigo como se carregasse uma toalha de praia enrolada debaixo do braço. Eras tu, cheia de fome… Afastou-me a bata, colocou-te no meu peito e disse-me para te dar de mamar. Perguntei:
- Como?? Não sei como fazer…

E de um momento para o outro já te saciavas, sem eu nada fazer, enquanto te olhava e me perguntava quem eras tu…

Quem eras tu que me fazias ser de uma maneira diferente
Quem eras tu que de repente mudavas a minha vida
Quem eras tu que saíras das minhas entranhas e que me fazias olhar-te, cuidar-te e proteger-te como se não houvesse mais nenhum dia pela frente.

E passaram-se horas, dias, semanas, meses e anos e o olhar com que te olho hoje é mais intenso e mais apaixonado que ontem, que há uma semana, há um mês e há já cinco anos.

A sensação de ser mãe é assim, amar em crescente, mas em constante lua cheia, num brilho intenso de sol que nunca é demais, que nunca queima.

Ser mãe é compreender o amor da nossa mãe, que nos permitiu por nos dar vida, saber e sentir como é grande o seu amor por nós.

Olhei para ti, mãe e perguntei-me se o teu amor por mim era assim, maior…
Olhei para a nossa menina e comentei-me “Que pergunta tão sem sentido”.
Amor de mãe não se explica, não se quantifica, é infinito, maior que qualquer coisa que se explica, maior que o universo.

Para ti mãe, que és a mãe mais bonita, mais dedicada, mais querida e mais forte do universo:

Um FELIZ DIA DA MÃE !!!

quinta-feira, 30 de abril de 2009

I Wished...

Queria poder escrever sem expor tanto de mim…
Mas também queria utilizar todas as palavras que se atropelam na garganta
sem subtis mensagens, as entrelinhas que ainda protegem a minha essência

Queria mandar abaixo este blogue para mais ninguém saber de mim, assim…
Queria ter a capacidade de o guardar vivo e intacto na minha lembrança
Ter a coragem de fazer “delete blogue” com a simples mensagem:
“Fui!!! Obrigado a todos aqueles que me fizeram sentir que faço diferença”

Queria…
Mas mesmo sem a capacidade de nos últimos tempos escrever como me sinto
Não consigo…

Este canto faz parte de mim…

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Que dia!

Um verdadeiro teste...
Check-Up gratuito integral
à minha sanidade mental

Relatório:
Com algum desgaste emocional apresenta leves sinais de infantopia, não preocupantes, em conjunto com alguma dislexia no coração, o qual apertado, potencia o aumento da massa encefálica à proporção do quadrado, provocando uma leve contusão no óculo esquerdo que lhe obstroi em grande parte a visão.
É de notar que a causa provável do desgaste emocional se deve à inércia, contrária aos movimentos do seu coração, esta por sua vez contrária aos circuitos electrizantes da razão.

Recomendações:
Descanso do coração e da razão.

(a loucura invade-me)

domingo, 26 de abril de 2009

JAI HO !

"Kab Se Han Kab Se Jo Lab Pe Ruki Hai Keh De
Keh De Ha Keh De Ab Aankh Jhuki Hai.. Keh De
Aisi Aisi, Roshan Aankhe, Roshan Dono heeray, Hai Kya
Aaja Aaja Jind Shamiyane Ke Tale
Aaja Jariwale Nile Aasman Ke Tale
Jai Ho.. Jai Ho!"

A.R. Rahman


Porque todas as palavras têm significado, mesmo que pareçam uma outra lingua ao inicio.
Todos falamos e procuramos o mesmo.
Todos falamos a mesma linguagem.

JAI HO

sábado, 25 de abril de 2009

Se fosse uma árvore

No princípio alimentei-me das duas grandes raízes
Uma sólida e ramificada em tantas sólidas sub-raizes
Outra forte per si mas com a existência de fracas sub-raízes

Cresci, equilibrada na fonte das minhas raízes
Alimentada em amor sem nada sentir falta
Floresci saudável e cheia de cor

De mim nasceram galhos que abraçaram mundo
Alegrias e tristezas, que com cumplicidade se transformaram em troncos
Uns continuam a florescer, avivados por saudáveis galhos
Outros, ficaram corroídos e desvitalizados pelos galhos, descuidados

Quando uma das raízes deixou de viver de água
Mostrou-me que as suas raízes afinal não eram fracas
E com sede de amor, este tronco foi à fonte beber água
Perfurando o solo, cada vez mais fundo
Em perfeitas e sólidas auto-estradas

Deste meu tronco nasceram novos troncos, e não secos galhos
Esta árvore cresceu e floresceu em espelho das suas raízes

Descobri que desta raiz, nunca faltará água
Mas existirá sempre sede...
A sede desta linhagem
A busca incessante de sonhos
O cultivo da arte
A hiper-produção da hormona amor
A procura interior
A descoberta da transparência
Numa linhagem cheia de segredos
Mas fiel condutora do seu principal alimento
Água cheia de bolhinhas…

Bolhinhas cheias de carinho e amor

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Click

Quem sabe mil anos se passaram, desde a última vez que nos vimos?
E ainda assim, o toque que deixas quando por aqui passas, mantém-te vivo
Em mim, em nós…

Não te conheço, reconheço-te

Nesta passagem por aqui, por mim, deixas o teu toque, um pouco mais refinado
que mesmo no esquecimento, nos permitirá o click e o reconhecimento daqui a uns mil anos…

Quem sabe?

quinta-feira, 23 de abril de 2009

NOrte

Aos poucos desencontro-te
E no meio de palavras vagas
Sinto que perco…
Já me perdi em tantas máscaras, cortinas e nevoeiro
Que já quase não te vejo…

Dantes bastava um leve afastar de cortinas brancas
A luz por detrás de ti deixava antever em contornos a tua existência
E no meio da claridade…
confundia a minha com a tua sombra
numa luz que era apenas nossa…

Não aguentaste a luz…
e foste fechando cortinas uma após a outra…
tornando a tua divisão cada vez mais invisível, distante

Por amor acreditei que nesse espaço existiria sempre luz
um núcleo de amor fechado, para sempre preservado
Por amor senti que teria de afastar cortinas espessas
uma após a outra, mesmo que pelo meio ficasse sem luz
mesmo que andasse às cegas…
Sabia o caminho e isso bastava

“Norte, vai para norte, onde o sol pouco brilha, mas está sempre mais próximo”

Segui, encontrei a última cortina, branca…
Mas a luz desse lado estava fraca…
Quis afastá-la…
Mas terias que ser tu a desejá-lo
Da jornada a minha luz ficou fraca…
Não me viste, pouco te vi
Apenas a minha sombra de pés a fundir-se com os teus

Refiz o caminho que percorrera
Passei por todas as cortinas que passara
Cheguei ao meu lado e encandeei-me com o brilho do meu corpo
que há muito parecia não saber o que era o ar

Pondero voltar…
Este brilho não é tão intenso como aquele que não consigo deixar de lembrar
Pondero porque pergunto-me…
- Será que voltará a não aguentar?

terça-feira, 21 de abril de 2009

Ao Escocês

Não escrevo como tu…

Nos detalhes, na exaustão das palavras, na combinação perfeita de metáforas cheias de entre-linhas e múltiplos conceitos. Cada frase, dentro ou fora do contexto, leva-me a buscar-te, encontrando-te sempre de uma forma diferente, um pouco como a idade do teu José, sem idade, ingénuo, puro e ancião. Cada linha impele-me a pensar, filosofando com as mais diversas interpretações.

Bebo cada palavra tua, como se acabasse de sair de um deserto…

E hoje sinto-me arrebatada com o presente que me deste.

Obrigada por me fazeres sentir-te e em ti, sentir um pouco de mim.

domingo, 19 de abril de 2009

Aprender a andar de patins ou uma lição de vida?



Põe-te em pé, firme e amparada. Não te mexas, apenas equilibra-te nos teus “novos sapatos”

Não te pendures em nada. Tens de compreender o teu peso, o teu corpo, assimilar o peso dos teus “novos sapatos” tornando-os um prolongamento de ti. Pendurada não aprendes. Apenas apoia-te em algo firme que te dê a segurança para dares os teus primeiros passos.

Afasta ligeiramente os pés, paralelos um ao outro e deixa-te deslizar um bocadinho. Se não experimentares o deslize, não saberás qual o objectivo que pretendes alcançar.

Pára sempre que precisares. Para te reequilibrares, para começar de novo. Demora o tempo que precisares.

Tenta deslizar com os pés na mesma posição, dando um ligeiro impulso no apoio onde tens a tua mão.

Se conseguires liberta a mão, afasta os braços para te equilibrares e precaveres a provável e eminente queda no chão.

Caíste? Levanta-te… Nunca com o teu peso nas costas. Põe-te de gatas, trava um dos pés, flecte uma perna e ergue-te de braços abertos concentrada nos teus pés. Fixa-te nas tuas raízes, lembra-te como são profundas e fortes e endireita-te.

De novo em pé, afasta ligeiramente as pernas, flecte os joelhos um pouco, lembra-te das raízes, inclina o teu tronco ligeiramente para a frente e desliza de novo.

Pensa… começaste a tua vida deitada, sentaste-te, gatinhaste e só depois, e de alguma quedas valentes é que andaste. Tudo leva o seu tempo… Não desistas…

Agora imagina que tens os mesmos sapatos de sempre. Não arrastas os pés pois não? Caminha, levantando um pé após o outro, como se marchasses. Enquanto tiveres um pé no chão, as raízes prendem-te.

Caíste? Levanta-te de novo… Volta atrás as lições que precisares para ganhares a confiança que perdeste.

Já caminhas? E pouco cais? Faz dos teus pés ponteiros de relógio. Acerta as horas para as dez para as duas. É sinal de vitória, sabias?

Anda como aprendeste. Mas em cada passo que dás, direito ou esquerdo, desliza. Imagina que por debaixo do chão há alguém com um íman, que te quer mostrar como é bom patinar e que cada vez que sentes mais confiança, mais rápido avança, mas nunca mais do que aquilo que desejas.

Quando deres por ti a pensar que já não pensas nos teus pés, que não te forças a posições, e deslizas, já estás a patinar. Se desligares do mundo e deslizares, vais ver que parece que estás a voar.

Quando achares que patinas bem, prepara-te para as mais violentas quedas. O excesso de confiança, o esquecer das regras, obriga-te a voltar ao chão e repensar todas estas lições.
Raízes, aprendizagem, humildade, perseverança, sonhos, flexibilidade, dignidade e sobretudo Amor.

Arrebata-te, arrebata os outros, sente, vive para ti e para os outros…

Faz de cada barreira ultrapassada, cada vitória, não uma nova arma, mas uma nova janela, a amostra da grande luz enclausurada que concentrada apenas em ti queima, mas aos poucos libertada aquece todos aqueles que te rodeiam e lhes dá luz.

… e se deslizares acompanhada com quem mais te enternece… parece que voas… e se caíres ele desce ao teu chão, abraça-te e conforta-te, não se importando por descer, porque desce por amor… e por amor, por ti, mantém-se à tona. Não se levanta sem ti... espera o tempo que precisar até ganhares coragem e força para contigo se erguer e juntos deslizarem de novo.



Pic: effluo

sábado, 18 de abril de 2009

Abraço-te...

Ontem fui ao velório de uma tia, meia-irmã do meu pai, que nunca conheci.

Como a minha mãe ainda estava em viagem, fui sozinha, representando a primeira família do meu avô. Quando lá cheguei estavam os meus tios e primos, da segunda família do meu avô, que apenas conheci no velório do meu pai, há já quase um ano.

Não me senti um único momento só…

Não me senti um único momento como a mais…

Senti-me sempre como se fizesse parte…

Senti que a minha presença, a minha paz, o meu sorriso foi importante…

Senti que a minha presença mudou algo…

Senti-me sugada do amor que transportava… que voltava a mim em carinho e mensagens…

Senti-me elo… força… união…

Senti-me encantada por confirmar, mais uma vez, que somos tão iguais, que partilhamos algo tão maior que se torna indiferente se nos conhecemos há uma vida ou apenas um ano… Carinho e ternura é o bem mais valioso que jorra desta família ao ritmo do bombar de corações…

Hoje na missa de corpo presente o padre começou a falar e pensei para mim “onde é que foram buscar este padre…”, por ser surreal, estranho… Lia as orações sem aquele ritmo a que estamos habituados. Falava de uma forma estranha e estava a achá-lo um pouco chato. Mas no momento em que pos o livro de lado e começou a falar para os presentes, a divagar, a filosofar, chamou-me a atenção… Catolicismo à parte começou a falar da partida, da morte, da saudade, de que as pessoas só morrem quando para nós não têm qualquer valor, só morrem quando nos deixamos de lembrar delas. O corpo é a personificação do palpável compreendido pelos humanos. Não é pelo corpo que nos afeiçoamos…

Independemente destas palavras, as quais ouvi e anui, por ter compreendido há quase um ano, o acto de benzer o caixão com água benta, continua a mexer comigo… como aconteceu com o meu pai. Fechar o caixão e a cremação não me incomoda. A benção mexe…

A missa acabou, os agentes da funerária começaram a tratar do caixão e um primo virou-se para o irmão e disse “Somos nós que vamos levar a tia” e transportaram o caixão até ao carro funerário sobre o olhar calmo e silencioso de todos os presentes. Começou a chover…

Fiquei ali na escadaria, sozinha, em silêncio a absorver toda aquela paz…

Os carros partiram e fiquei lá mais um pouco, junto com tios e primos que não seguiram para o cemitério. Ainda conheci mais um tio, que apareceu dizendo: “Disseram-me que és filha do Manuel”.

No meio da chuva, sem chapéu, comecei a despedir-me…

Ultimamente tenho-me mantido rígida sempre que alguém que mal conheço me abraça, não devolvendo os abraços em sintonia.

Hoje deixei-me abraçar e abracei, arrebatada, desprotegida, por quem supostamente conheço há pouco tempo e com quem apenas estive três vezes em toda a minha vida. No meio de abraços sem lágrimas e com sorrisos das nossas bocas saíram as palavras mais doces e sentidas. Percorreram corpo, bateram no coração, brilharam nos olhos e saíram pela boca em direcção ao meu coração.

O amor sem barreiras é a primeira e grande maravilha do mundo, da vida!

A morte até é bonita… Traz ao de cima todos os mais verdadeiros sentimentos… As máscaras, as falsas defesas desaparecem por de repente parecerem não ter qualquer sentido em algo tão arrebatador como o fim, o início…

Levo para sempre comigo os sentidos abraços, os doces olhares, as mãos cheias de experiência e vida e as palavras sinceras sussurradas ao meu ouvido… de ontem, de hoje, de sempre.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Intenso

Dias intensos!
Apre!
Demasiada emoção, demasiada informação
2 Much...

Argh!
Apetece-me meter num comboio 100 destino e não dar cavaco a ninguém!
Voltar quando sentir saudades, mesmo que as saudades batam já amanhã...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

...

Eu não desisto assim
E não vou deixar que o que me doi feche o meu coração
Eu não desisto de mim
Eu não desisto assim