domingo, 31 de agosto de 2008

Suspiro...

Ouvi o teu suspiro, pelo canto do meu ouvido
relembraste-me num repente que estás vivo
A mãe perguntou-me se estavas aqui comigo
respondi-lhe que não, que o suspiro que tinha ouvido
tinha sido como tantos outros que lhe tinha ouvido
sempre que a conversa telefónica se prolongava
respondeu logo depois - Estará aqui comigo?
racionalizou e disse - foi provavelmente a televisão...

suspiro teu ou não, senti que a mãe não estava sózinha
senti como tantas vezes a tua presença paciente
interrompida tantas vezes com suspiros impacientes

lembrei-me do teu assobio inigualável de chamamento
que tal cãozinho ouve o dono, me fazia olhar em volta
procurando em todas as gentes os teus traços
porque só tu assim me chamavas...
e encontrava-te!

nunca mais o ouvi, nem sei imitá-lo, nem o consigo lembrá-lo em sons na minha cabeça
mas sei que se um dia o ouvir, de uma outra boca, me irei voltar para trás e procurar
incessantemente a boca doce que imite tão querido e doce chamamento

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