quinta-feira, 17 de julho de 2008

O hábito faz o monge, a quebra de rotina abre a vista

Existem pessoas que marcam pela diferença, quem sabe infeliz... mas que marcam, pela tristeza que ao longe nos enviam.

Ainda ontem ao passar de carro pelo El Corte Inglés, a senhora de carrapito triste a fazer concorrência descarada à Winehouse, cruzou-se à minha frente. A mesma senhora que me prendeu a atenção há umas semanas atrás ao pé do escritório e que posteriormente aparecia sempre à mesma hora no mesmo sitio. Lamentavelmente, pelo aspecto, considero logo uma sem-abrigo, perdida, mas uma coisa é certa, tirando o encontro menos provável no ECI, todos os outros parecem que têm sempre algum destino.

Ao olhar para ela lembrei-me de uma situação semelhante que me aconteceu frequentemente há uns dois anos quando trabalhava na perto da estrada da Marginal. Todos os dias, fizesse chuva ou sol, fosse verão ou inverno, sempre que chegava ao alto da boa viagem e até ao troço para entrar na A5, cruzava-me com um senhor dos seus 30 e alguns anos, de cabelo à Rasta, a competir à descarada com o Marley. Lamentavelmente, pelo aspecto, considerava logo um toxidependente, desesperado, mas uma coisa é certa, todos os dias percorria o mesmo caminho com a mesma perseverança de sempre. Um dia reparei que já não o vi-a há muito tempo e pensei, "Deve ter morrido...". Não o conhecendo, não me fazendo sequer companhia fiquei estranhamente fiquei triste. Bastante tempo depois, numa passagem pelo mesmo local e a horas diferentes, vi-o e disse "Olá" para dentro e fiquei contente... Mudou apenas a rotina.

Sem comentários:

Enviar um comentário