sábado, 21 de agosto de 2010

Vamos falar?

Então Pai,

Vamos a isto.

Ausentei-me de mim, de tudo, disse que não tenho saudades tuas, e não tenho. Mas por vezes, raras as vezes, tenho. Não sei se penso ou se falo, mas sei que sinto que o verbalizo e digo “Tenho Saudades Tuas, Pai”. Mas só o digo, ou penso, quando nos milésimos de segundo antes da saudade, me lembro, vejo, a tua cara, a tua expressão como se não tivesses saído daqui, como se o teu corpo nunca me tivesse abandonado.

A mãe diz-me que é blasfémia quando me refiro a ti como o meu Deus, o meu Guia, o ser mais perfeito. Não é, pois não? Com a tua vida aqui, com a tua partida para aí, com a tua ascensão, com o amor perfeito que és para mim, com a luz que de ti me ilumina, com tudo aquilo negativo que não me fazes sentir, com tudo o que é bonito e me ajudas a ver, é impossível não o seres.
Sei que para o seres assim o teu Deus de agora será muito maior…
Como se fosse possível…

Mas sei que caminhando para ti, mantendo-me unida a ti, partilharemos o mesmo Deus, partilharemos o mesmo chão. Saudades? Claro que não. Estás presente, mesmo quando a minha cabeça se mete numa confusão.

Estou assim agora. Confusa. Preocupada. A tentar encontrar o caminho.

Estás aqui sempre. E começo a tomar as minhas decisões.
Em um, dois, três dias, tomei duas grandes decisões. Uma que já havia tomado várias vezes e deixei escalonar. Sim, trabalho… Sim, eu sei. Não tenho que me preocupar. Sou o que sou. Sou boa em muitas coisas e um dia as coisas irão mudar. Amanhã é outro dia. Sim eu sei, que apenas preciso de chegar à conclusão e aceitar que sou boa porque o sou e não pelo que os outros dizem.

A outra decisão, foi a mais difícil. Mas acho que finalmente cheguei lá. E tens razão, sempre tiveste razão. Ninguém merece as minhas lágrimas, ninguém merece a minha tristeza, a minha dor. Todos merecem o meu sorriso, o meu amor. É isso. Pelo amor não se luta. O amor acontece. O amor existe em nós. E eu fiz a minha escolha. Aceitar isso mesmo. Amar-me, descobrir-me, mimar-me, acarinhar-me. Se por acaso cruzar-me com aquela alma que nos faz tornar-nos maiores, boa! Nos entre tantos vou amar-me, descobrir-me ainda mais, mimar-me e acarinhar-me. Não estou carente, não sou carente, nunca o fui. Mas enquanto não me apercebi disso achei que o fui. Aceito tudo. Aceito o que sou. Admiro-me. Vou para onde estou. E… prometo-me que tudo farei para que na redescoberta do meu Eu, evitarei estragar os Eu’s que não são Meus.
Adoro-te. Adoro-me por ter-Te. Adoro-me por ver-Te. Adoro-me por sentir-Te. Adoro-me por permitir-me a isso. Adoro-me por não me considerar louca, apenas… mais perto de ti.