domingo, 29 de abril de 2007

Tabu

É... normalmente a piada com duplo sentido está sempre na ponta da minha lingua. Piadinhas fáceis, que me fazem rir, divertindo-me ou não sózinha. Não existem muitos tabus para mim. Tenho vindo a diminuí-los à medida que vou passando por esta vidinha. Mas... quando mete a minha filha já fico... pensativa. Há dois anos atrás, uma amiga de família ofereceu pelo Natal à pequena lua uma boneca vestida de verde que, ao tirar-se a chucha cantava músicas eléctricas em chinês. Até aqui tudo bem... o problema era a boca... a boneca sem chucha tem a cara igualzinha à de uma boneca insuflável. Nunca consegui mandar embora a boneca... quem a deu conhece-me desde pequena, tenho uma enorme ternura por ela e ofereceu a boneca com todo o amor. A boneca está ali, dentro do armário... escondida.

Pois bem! Acontece a todos... No caminho para Lisboa passei por uma lojinha que tinha uns Aquapets amorosos! Uma mistura de Tamagochis com Furby's, interactivos e mais giro ainda dentro de água. Comprei! Achei uma delicia... Dentro da caixa eram fantásticos. A pequena lua também adorou. Fala com ela e a peixa/boneca/coisa responde-lhe à sua maneira... canta, dança... enfim... gira! Até ontem achei giro... até que ontem no café andava a pequena lua a passear-se com a coisa gira e, reparei como os restantes fregueses olhavam interessados para as duas... não liguei... provavelmente acharam gira a coisa gira. Raios! A pequena meteu-a na boca e percebi o meu novo tabu! É... Sei que sou eu e os mais crescidos que vê-mos o duplo sentido das coisas... os miúdos não pensam assim tão... amíude... mas caramba... quem faz os brinquedos são os crescidos! Será que não pensaram? Será que pensaram apenas depois, tal como eu depois de ter visto a miuda a cirandar pelo café? A miúda gosta do brinquedo... desta vez não o vou enfiar num armário... pode brincar com ele à vontade... mas não a deixo levar para a rua.

sábado, 28 de abril de 2007

Paraíso II


Paraíso na terra

... e uma pulguinha linda...

Dor

Estúpida dor...
Estúpida ansiedade...
Estúpidos nervos isolados...
Conto até dez e não chega...
Conto até cem e talvez relaxe...

Estúpido medo...
Medo de quê?
Do negro, do fim, do sofrimento...
Será que o que sinto é verdade?
Ou será que é o medo de o sentir que me deixa de rastos?

Esta dor,
Esta estúpida ansiedade...
Estes nervos isolados...
Já os senti uma, duas, três...
afinal quantas vezes?
Já devia ter aprendido...
O deixa fluir,
O também isto há-de passar...
Ontem e hoje não está a funcionar...

Raios!
Mudar de escrita e pensamentos talvez ajude?

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Stones

Papel, tesoura e pedra...

Pedra esmigalha a tesoura,
tesoura corta o papel
o papel embrulha a pedra.

Mas a pedra também rasga o papel...

O papel perde com muitos...
A tesoura com alguns...
A pedra vence todos...

Já alguém com visão dizia:
"Pedras no caminho? Guardo-as todas! Um dia ainda vou construir um castelo!"

Li Ter a TU Ras

Como num livro, a minha vida...
A principio a dúvida, o entusiasmo do que poderá vir... Será que me vou surpreender? Será que vou gostar? Teimosa! Se não me entusiasmo no principio, esforço-me para gostar... Descrições minuciosas de sensações e momentos, fazem-me voltar atrás... Ler o final do livro? Ao contrário dos jornais, nunca espreito a última página... Devoro página a página e não durmo se estiver vidrada... O final... feliz ou triste, previsivel ou inesperado... deixa-me sempre um vazio...
um espaço desocupado... um momento perdido... uma vida não minha... um tempo terminado.


Pic: fede86

Zonas da memória


Ainda antes de me lembrar do vicio da feira do livro, dos primeiros beijos apaixonados num jardim, de descidas vertiginosas de bicicleta sem travões parque abaixo, do Papa João Paulo II, de corridas labirinticas por entre as sebes, das aulas de ginástica infantil em plena primavera, de patos, patinhos e cisnes a comerem as minhas bolachas, lembro-me dos primeiros animaizinhos dos quais não tive medo... os bichinhos de conta!


domingo, 22 de abril de 2007

Esta Lisboa que eu amo!

Não consigo passear por Lisboa, sem me lembrar de gentes, pessoas, espaços e momentos.
O saudosismo inunda-me, as recordações bombardeiam-me!
Há sitios que me entristecem, outros que me aconchegam...
Mas ultimamente, Lisboa ao fim-de-semana, a que frequento,
deixa-me muda, silenciosa, apreensiva e serena...
Lembro-me do casarão que caíu, vejo o prédio que se ergueu...
Um atrás do outro, uma cidade em movimento...
Há locais em que penso - Que pena...
Há outros em que sinto orgulho em ser lisboeta...
Sinto Lisboa como a minha terra...
Sinto-a no meu tempo,
Sinto-a pelos momentos descritos pelo meu pai na sua época...
Consigo vê-la há 86 anos atrás e desde trinta e picos para cá...
E agora que me distanciei por uns tempos...
Quando a vejo, absorvo-a e sinto-a...
O cheiro é o mesmo...
A luz? Também...
As gentes de bairro mantêm-se...
As pessoas e os momentos? Já foram...
mas ainda AQUI estão

Amo-TE Lisboa!

Pic: peitxon

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Conversas mudas


Sim, estou em paz. Só quero o melhor para ti. Já viveste tanto... Uma vida cheia! De tristezas, alegrias, glamour, amores muitos amores... Sim, estou em paz contigo... Com o resto nem por isso... mas contigo estou! E sempre que faço estas nossas conversas interiores sorrio... Com o que te digo, com o que sinto que me dizes... desmonstras-me sempre tanto carinho, apontas-me o caminho... Fecho os olhos e abano a cabeça quando pondero os teus momentos tristes. Sim... fico triste por ver que um dia de sentiste triste... em criança. Sinto-te só nesse tempo... pobre criança... sofreste... mas brincaste muito, não foi? E cresceste... cresceste tanto... em tudo. Imagino-te a dançar delicadamente ao som de Glenn Miller, Frank Sinatra... de smoking, à beira de uma piscina no Polana, com taças de champagne, frutas e muito marisco... Vejo-te rodeado de gente bonita, muito bonita... Que charme! Que charme... Lembras-te? Era eu pequena e tu ensinaste-me a dançar valsa no meio da sala... Já reparaste como somos parecidos? Não na felicidade de infância pois nisso e graças a ti e à mãe, bato-te aos pontos, mas nos gostos... Música, dança, pintura... Sim, estou bem... Sim, prometo que lhe dou todo o meu amor... Sim, cuido de mim... Sim, hei-de ser forte... Sim, já gosto de mim... e sim... Adoro-te muito... mas entretanto... dás-me a honra desta dança?

Pic: shatterday

quinta-feira, 19 de abril de 2007

aCiD

Ontem e hoje
Uma pastilha efervescente entrou no meu corpo...
Ontem caiu e hoje ainda não se desfez...
bebida salgada esta em que me torno!
que me molha e irrita os olhos...
Desfaz rápido e evapora-te...
FSSSSSS!

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Imans

Mundos diferentes
Distantes no tempo

Há mundos que me prendem
cativam e me encantam...

Há pessoas que não conheço
distantes no tempo e no espaço
que me cativam e me fazem vibrar

Várias vidas?

Não sei, respondo sempre que não sei
Nunca digo que não acredito...
Oculto a ideia de acreditar...

Mas épocas como a representada
em Sensibilidade e bom senso, e
a vida e trágico fim dos Romanov
movimentam em mim borbulhas
de emoção, e sinto que vivo...
Romanceadas ou não... vivo...
consigo ver-me lá...

A Sensibilidade e bom senso...
é muito eu...
sou muito eu...
consigo sentir-me assim...
na alegria, na doçura, na mais profunda tristeza...
na esperança, na paz, na maior incerteza...

Os Romanov...
não consigo explicar...
não sei o que me atrai...
se a possibilidade da Anastacia
ter conseguido resistir...
e nisso acreditar...
Que todo o mal nunca seja tão mau...
que a esperança nunca possa acabar...
Não sei... nunca vi nenhum filme...
mas desde que me lembro sempre me interessou...
e leio todos os livros da época em questão...
sejam eles romanceados ou não...

Estranhos imans estes que tenho...
para o quais não encontro explicação...

terça-feira, 17 de abril de 2007

Pssst!


Ajudas-me nos momentos mais dificeis
Acompanhas-me em todos os momentos
Estás aqui mesmo quando aqui não estás
Fazes-me pssst! quando o dia teima em passar...
e provocas em mim sorrisos quando me sinto a rebentar...

Daz paz, És paz... já dizia alguém..
e com a paz e tranquilidade que me dás
encontro-me e vou mais além...

Ensinas-me a ser melhor sem nada dizeres...
Olhas-me, entendes e lês-me...
e ao invés de me sentir invadida
sinto-me cheia e compreendida...

Sabes?
Aquilo que me fazes sentir,
só um pequeno ser consegue igualar...
A minha pequena lua...

És paz, dás-me paz...



Pic: Blue Angel por twosilverstars

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Senhor Papillon

Há uma pessoa que, mal amada por muitos, ainda hoje me desperta carinho e admiração. Já morreu, já aqui não está, mas frequentemente dou por mim a pensar nele. Figura elegante, de careca sempre a brilhar, com um papillon sempre diferente e exuberante desencaixado num fato de corte fino e low-profile. Figura sempre sorridente, mesmo que esse sorriso por vezes fosse um sorriso pepsodent. O cheiro? Como o sorriso, a dentrifico. Quem um dia na vida se cruzou com ele decerto que já o reconheceu... o Sr. Esteves. Amigo do meu pai dos tempos de Moçambique, proporcionou-me a mim e a muitos a experiência de um primeiro emprego pago. Fui para vendedora... que mal me dei eu... Mas não desistiu! Colocou-me nos projectos especiais e comecei a desflorar. O meu empenho e dedicação ao meu primeiro grande "bébé" mostraram-me que era capaz, ganhei confiança e pela primeira vez a palavra "iniciativa" tomou conta de mim. Projectos... Tantas ideias que começaram a surgir, projectos auspiciosos... Não me esqueço de um dia estar no gabinete dele, a falar-lhe das mil ideias que tinha e depois de me ouvir sempre com um sorriso disse-me "Sabes, sempre fui um sonhador como tu e nunca deitei ideias para o lixo. Guardo-as todas na gaveta, para um dia, quando precisar, as poder utilizar".
Mas um dia, num dos primeiros dias mais dificeis da minha vida, tive de entrar no gabinete dele para lhe dizer que me tinha de ir embora. Compreendeu, sabia que eu queria fazer um estágio em vez de apresentar uma tese, para terminar o curso. Saí, mas fiquei com a porta aberta para quando o estágio terminasse.
O estágio terminou e mudou a minha vida. Meses sem trabalho, um ou outro curriculum enviado e nada...
Um dia recebi duas propostas... Uma da empresa onde ainda hoje trabalho e outra do sr. Esteves para dirigir uma empresa dele. Senti que as duas hipóteses se resumiam ao que conhecia e ao que desconhecia e ao potencial de crescimento dentro da empresa... Optei pelo desconhecido, pela aventura e pelo potencial de crescimento. Dura decisão... noite terrível essa que antecedeu à conversa com o sr. Esteves, senti que lhe estava a falhar... mas era a minha vida, o meu futuro. Falei com ele, ficou desiludido mas aceitou redimido. Custou-me horrores e até há bem pouco tempo era um dos piores momentos da minha vida (que sorte, ahn?).
O tempo passou-se e lá continuei eu na minha nova e mini aventura desconhecida.
No dia do meu casamento o sr. Esteves e a mulher foram convidados e num abraço gigante ao meu pai disse - E imaginar que foi graças a uma amizade de 40 anos que juntámos estes dois -, deu-me um beijo de parabéns e sussurrou-me ao ouvido - Ainda estás satisfeita no teu trabalho? Espero que não te venhas a arrepender... -. Estranho... sempre me disse isso desde que preteri a oferta dele.
Passaram-se dois anos e fui com a pequena lua visitar o pai ao escritório. Paragem obrigatória... o gabinete do sr. Esteves. Não me esqueço desta imagem... O ar carinhoso e imbevecido a olhar para a bébé lua e depois o modo desajeitado e carinhoso a pegar nela. Não me esqueço... E sem palavras fizemos as pazes.
Num dia de Agosto, a empresa fechada para férias, todos os empregados espalhados pelo país, eu e a minha família no Algarve, com mais um amigo que ele tão bem conhecia, recebemos um telefonema. O sr. Esteves morreu. Fiquei atónita... Todo saudável, todo certinho... morreu... Não concebi e durante muito tempo me fez confusão. Fez-me falta.
Como hoje, tenho muitos dias em que me lembro dele. Já não de tristeza, mas agradecida por tudo o que me ensinou directa ou indirectamente. Penso muito nele e sempre com carinho. Sou sua incondicional defensora, quando ainda hoje se fala nos seus defeitos. Muitos é certo... Mas era um sonhador e um grande empreendedor. Deu a mão a muitos que depois lhe cuspiram de alto. Sim, a mim nunca me fez mal, sempre me mostrou muito carinho e acreditou sempre em mim.

Se um dia me vou arrepender? Não sei e nunca o saberei... O que na altura era desconhecido hoje conheço bem, a aventura deixou de o ser desde que a comecei a conhecer, o potencial de crescimento? Bem... nesta ponho a cabeça na areia e tento não pensar nisso... há coisas muito mais importantes...
A aventura de amanhã? É amanhã, é desconhecida... e o sr. Esteves é a maior prova disso.


Para um homem que admiro por tudo pelo que lutou e teve e por tudo o que quis e não obteve...

domingo, 15 de abril de 2007

Uma cama cheia...

Todos os dias dorme com seis
Todos os dias escolhe mais um...
Olha em volta...
Escolhe mais um amigo...
- Vem dormir comigo...

Tem dias em que muda de ideias...
depois de dar alegria a um feliz contemplado
torce o nariz, olha à sua volta...
e abandonando o primeiro seleccionado...
apanha outro para a acompanhar...

O escolhido?
tem sempre a honra
de ficar a seu lado...
junto com os seis
aconchega a pequena lua
num sono profundo...

O preterido?
sorri...
mais cedo ou mais tarde
sabe que lá irá dormir


No meio de um grande urso branco, do bebé quase sem perna, do noddy velho, do orelhas, do sol, da estrelinha, do noddy novo, do bebé encardido, da ritinha, da ovelha, da macaca mãe e seu filhote, do carli, do urso castanho, do ruca, da gangurua e seu filhote, da delfina, da rosita, do golfinho, do carro, da boneca triângulo, da anita... no meio de uma pequena e duas grandes almofadas, de um ó-ó e por debaixo de um edredon é por vezes dificil de a encontrar, à pequena grande lua, de tantos amigos que quer agarrar quando se deita para sonhar...

Nem tudo...



Nem tudo o que é mau é péssimo
Nem tudo o que é bom é melhor...

Não tenho tudo o que desejo...
Não dou tudo o quanto posso...

Poucas vezes oiço como quero...
Poucas vezes digo o que devo...

Aquilo que é mau supero...
sempre na esperança que algo de bom aconteça
ou que o mau afinal não seja assim tão mau
e assim consigo que a sanidade prevaleça

Aquilo que é bom não esqueço...
Aquilo que é mau arrumo numa gaveta...

Acredito que cada um nós nasceu com uma função na vida...
Começo a acreditar que já encontrei a minha...
Proporcionar calma e alegria...
Mesmo que por dentro me sinta partida...

E hoje sinto-me assim...
partida...

Já chorei...
Chorar... Já não me lembro há quantos dias...
Chorei de desespero e impotência...
Mas depois das lágrimas caídas
fui buscar o sorriso para proporcionar calma e alegria...

Comecei a cantar...
Canções ingénuas e infantis...
E na companhia da minha filha...
desci pelo passeio a cantarolar...
com ela sempre às cavalitas...

Cantámos o Balão, a Mosca e a Aranha,
Cantámos o Manel, o Rei e a Mariana...
Corri com ela às cavalitas...
Subimos o elevador sempre a cantar...
Chegámos a casa alegres e felizes...

Já passou...
As lágrimas já estão longe...

Nem tudo o que é mau é péssimo
Nem tudo o que é bom é melhor...



sábado, 14 de abril de 2007

Pequena lua palradora

- Mãe!!! Os mez pés estão a fugir... - diz a pequenina Lua sempre que o cobertor não lhe tapa os pés...

- Mãeii... Já penteei a turra...

Depois de um pequeno acidente no escorrega do jardim, que resultou numa maçã do rosto esmurrada... Depois de lágrimas e mimos... ao colo a caminho de casa para tratar do doidoi... no meio do silêncio enquanto andávamos... a pequenina lua diz num tom gemido... "... que chatice..."

- Sabes quem vem cá hoje? A tia Inez e o tio João...
- Sim?
Esboça um sorriso feliz e continua
- Eu gosta deles!

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Respira

Enche o peito de ar...
Afasta os braços para trás...
Equilibra-te nas pontas dos pés
Deixa o peito ser puxado para a frente
Inclina a cabeça para trás...
Olha para o céu e sente!

Fecha os olhos...
Desce os calcanhares e sente o chão...
Baixa os braços levemente e expira...
Inclina a cabeça para a frente
Abre os olhos e vê...
Move uma perna...
Depois a outra...
Anda...
Anda... segue em frente...

Se Paras?
Sim... quando quiseres...
Sempre que a força começar a faltar...
Sempre que as lágrimas cairem...
Sempre que o desânimo te inundar...
Enche o peito de ar...
Afasta os braços para trás...
Olha para cima!
Fecha os olhos e sente o ar...
Expira, ganha forças...
Abre os olhos e deixa-te levar...



Pic: Myque

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Igual a mim?

Hoje, quando te despedias de mim ao telefone, disseste-me em tom de pedido "Ensina a tua filha a ser igual a ti". Disse-te que sim só para não nos alongarmos em conversa e por perceber que é uma frase que, dita de pai para filha, não deve ter resposta diferente de um "Sim".
Já se passou um par de horas desde que o disseste e a tua frase ainda não deixou de tilintar na minha cabeça... Sabes? Faço o contrário... Re-aprendo com ela...

Re

Gressão!
Regrido e gosto...
Gosto de voltar a brincar, pintar, moldar e fazer partidas...
Gosto da desprocupação irracional e da paz que sinto...
Gosto do dia de hoje e não penso em amanhã...
Gosto da introspecção e de contar até cinco...
Gosto de me rir, de mim e das palhaçadas que crio...
Gosto de me ver e de me reconhecer...
Regredi muitos anos na minha vida e sinto-me...
Hoje reconheço-me...
Hoje encontro-me...
Futuro? O que é isso?
Hoje em paz e calma sorrio...
Hoje olho para trás e revejo-me...
Gosto, não gosto...
Sou eu, não sou eu...
Ontem? Quando foi isso?

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Carta ao Mundo

Não, não é por desanimo, descrédito ou desalento...
É com esperança que escrevo...
Cansam-me as pequenas grandes coisas que me envolvem, cansa-me a minha inoperância, cansa-me a falta de acção, cansa-me a podridão... Alheio-me do mal por egoísmo, por amor próprio e por proteccionismo. O belo admiro, o feio escondo-o e fica no vazio. Mas sinto-o... Admiro os que lutam por um mundo melhor, mesmo que seja começando pelo vizinho. Eu? Não faço nada por isso... Não faço caridade, não rezo, não me dedico a uma causa com unhas e dentes... não faço nada... mas acredito... acredito em luz... acredito no amor.
Acredito num mundo sem julgamentos de caractér, fé e personalidade... acredito num mundo assim por amor... se não sofrermos um pouco que seja não conseguimos ver o bonito que temos... se tudo fosse fácil a nada daríamos valor...
Amo e encanto-me todos os dias acreditando num mundo melhor... mas penso que se não existissem guerras, não saberíamos o que é a paz... sem a distância não saberíamos o que é a saudade, sem o ódio não daríamos tanta importância ao amor, sem dor não saberíamos o que é a felicidade, sem medo não saberíamos o que é a coragem, sem as dificuldades não saberíamos o que é a simplicidade, sem o antigo não existiria a novidade, sem tristeza não saberíamos o que é a alegria... sei disso... mas as crianças não... elas são paz, sentem saudade, amam, são corajosas, tudo lhes parece simples, tudo é novidade. Elas são alegria e muito mais puras que nós... não precisam dos opostos para dar valor ao que têm... para elas basta um sorriso e esse sorriso alimenta-as... Enquanto escrevo vêm-me à memória reportagens horrendas sobre maltratos a crianças, notícias alarmantes sobre fome, excesso de comida, doenças e abandono... Será que sorriem? Que dor... Não, se pensarem como adultos não sorriem de certeza... eu não consigo... mas acredito que a mais pequena coisa as faça sorrir se puderem... um sorriso, um carinho, dar a mão... Que egoísta que sou... E ainda por cima acho-me boazinha! Não... não pode ser... e sei que ao terminar de escrever nada vou fazer... Quem sou eu para falar de bondade, se nada faço para mudar aquilo que vejo, não gosto e afasto para não me deitar abaixo... sim, sinto tudo, mas nada faço, apenas acredito... Sim, sei que acreditar já é um passo gigante... e todos os dias o transmito à minha filha em forma de amor... mas não basta! Sinto-me em falta para com o mundo... não quero deixar para a minha filha, os meus netos o peso e a responsabilidade de o ajudarem... quando já pouco existir por fazer...
Beco sem saída... tenho de agir... tenho de pensar e agir como uma criança... é o mais puro... não implica opostos de valorização... temos de ser crianças...
As árvores servem apenas para trepar, apanhar frutos e dar sombra...
O mar é para nadar e mergulhar...
Os rios são para tomarmos grandes banhocas e matarmos a nossa sede...
O céu é para nos proteger... para nos admirarmos com a sua beleza...
O sol ajuda-nos a ver as coisas bonitas durante o dia...
A lua é o nosso candeeiro durante a noite... e as estrelas? que bonitas...
O fogo? Não tocar... é apenas para nos aquecermos e prepararmos a nossa comidinha...
A terra serve apenas para brincar e plantar...
Meio de transporte? Triciclos, patins e bicicletas... andar de burrinho também deve ser divertido...
Não posso continuar mais... olho para aquilo que à minha filha dá prazer... desenhar... e vejo que as árvores não são só para trepar, colher e proteger... não a vou por a desenhar na areia, ou a pintar pedras como nos outros tempos... uma árvore abaixo...
No estilo de vida dos baixinhos o mar ainda se encontra protegido... mas e os peixinhos? Tornar-se vegetariana? Só se eu der o exemplo...
O céu? Por eles, e só por eles, protegido até tirarem a carta de condução, usarem desodorizantes, fumarem, e irem viver sozinhos com os seus electrodomésticos e mania de cheirinhos...
O sol... sem protector não dá... e a lua ainda lá está, intocável...
O fogo... não mexe...
Meio de transporte? Um dia carro... espero que hibrido (deviam ser gratuitos...)
Mas mesmo assim ainda acredito... vicios, hábitos e rotinas à parte ainda me sinto uma criança...
por isso acredito...
Sejam crianças e acreditem, mesmo que pelo meio se sintam egoístas e inoperantes como eu me sinto, acreditem... dêem paz e transmitam amor... sorriam... para quem conhecem e não conhecem... se sorrirmos com um sorriso sincero de um estranho o dia ilumina-se e com o nosso sorriso iluminamos outro dia de alguém... com amor damos sorrisos, com sorrisos damos amor...e em amor acreditamos... acreditamos que todos podemos fazer a diferença e tornar o mundo onde vivemos num mundo melhor...
É o mais importante, não é? Amor... e as crianças sabem-no tão bem... por isso sorriem... sabem que nos conquistam apenas com um sorriso...
Vamor re-aprender com elas? Vamos assumir os nossos erros e mostrarmos-lhes o que fizemos de mal, para que um dia mais velhos não errem nos mesmos erros que nós?

domingo, 8 de abril de 2007

Conversas dominicanas entre pai e filha

- Sabes hoje já dei por mim a pensar várias vezes sobre onde estou... Estou baralhado... Onde estamos?
- Em casa...
- Na caparica?
- Achas? Pensa bem... na caparica não tinhas um mapple tão confortável e... já vendemos a casa... lembras-te?
- Ah pois é...
- E ainda bem que a vendemos a tempo... já viste como aquilo está? É menos um problema...
- Pois é... Sabes? O que está a acontecer já eu previa há muito tempo... é uma tristeza... a caparica dos meus vinte anos era tão diferente... A tua filha, onde está?
- Está lá dentro na sala a ver o Noddy...
- Ela costuma ficar bem sozinha assim tanto tempo?
- Deixa-a lá estar... lá dentro tem brinquedos e aqui no quarto não tem com que brincar... assim que tiver saudades aparece... Mas vou lá vê-la... Já venho...
...

- Está bem. Está a brincar...
- Sabes, não percebo a urgência da tua mãe em ir à missa... Acima de tudo está a família...
- É Domingo de Páscoa e sabes que a missa para a mãe é um conforto, um momento dela... e acima da família está ela, porque se ela não estiver bem, não se pode dedicar à família como tão bem o faz...
- Dizes bem... ela precisa...
Entretanto a pequenina chega e senta-se ao meu colo, sem sapatos e a abanar as pernas...
- Tá milhori avô?
O meu pai sorri... No meio do balanço das suas perninhas manda um pontapé na canela do avô... faz-lhe uma festa na perna...
- Xacupa avô...
Chega a avó, chegam os tios e o balanço das pequenas pernas continua... O pai chega e os olhos arregalam-se num enorme sorriso...
Prepara-se o almoço e começo a ajudar o meu pai a comer.
- Onde estou?
- Não estás na caparica...
- Não?
- Não... não ouves os passarinhos? Estás em Lisboa, na tua casa em Lisboa...
Sorriu... Não com um sorriso de felicidade, mas com um sorriso trocista... "Estás a brincar comigo..." pensei eu.
- Para onde vou?
- Vais para a cozinha fazer o almoço!
Sorriu de gozo...
Entretanto o tio sentou-se ao nosso lado a bebericar um Gin Tónico. O meu pai olhou para ele com um ar deliciado e disse:
- Sabes? A minha vida acabou quando deixei de beber gin...

sábado, 7 de abril de 2007

Alegria

Hoje percorri filmagens minhas em pequenina...
Sabes o que vi?
Uma criança feliz, sempre a correr, a cantar, a jogar e a sorrir...
Uma criança tímida e extrovertida...
Uma criança com os olhos grandes e cheios de alegria...
Eu...
E mesmo sem som, senti-me em pequenina...
Lembro-me de tudo, sabias?
E lembro-me pelos sorrisos e pela alegria...

Olho para mim em pequenina e olho para ti...
Somos diferentes, tão diferentes...
Os meus olhos não têm a doçura dos teus...
O meu sorriso é grande... mas o teu... contagiante...
Não te resisto...
És doce, tão doce...
Só quero encher-te de beijinhos...
És meiga, tão meiga...
Quero os teus abracinhos...
És linda, linda, linda...
És a maior alegria da minha vida

Bloguistas em carne e osso

É estranho isto dos blogs, ou melhor, isto da nossa escrita lida por alguém, e a escrita dos outros lida por nós...
Não, não é cusquice, é mais uma forma de neste nosso tempo sentirmos os estados de alma de alguém que nos é próximo a nós. Leio assiduamente vários blogs de seis que me são próximos e cada post que leio interiorizo, porque os reconheço, porque os sinto próximo... sejam tristes, alegres ou felizes, recebem de mim sempre um sorriso, triste, alegre ou feliz. Não tenho hábito de visitar outros blogs pessoais, a não ser por distracção... e esses, são normalmente comuns e habitualmente criticos ou "jornais diários". Como disse, é uma distracção... e servem usualmente para voltar a assentar os pés na terra... mas num instante farto-me!
Mas o estranho é a sensação que tenho quando me encontro fisicamente com os meus "Pirilampos bloguistas"... sejam eles amigos de há muito ou amigos que recentemente conquistaram o meu coração... Não se fala dos blogs, não se comenta os posts... Parece existir uma cumplicidade presente como se de um segredo se tratasse. Confesso que me agrada... não por ser segredo algum, mas por serem os nossos estados de alma, que vêm e vão...
Na quinta-feira que passou tive a felicidade de estar com metade dos meus "Pirilampos bloguistas", e houve duas situações onde, na brincadeira, se tocou na palavra blog. Em ambas tive a mesma sensação... não dissertar sobre o assunto. É bom... Sabe-me bem esse respeito pelo espaço que é nosso nem que seja por um momento...

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Cruzadas nocturnas

(procura de estacionamento no BA)
Nã gosta desta música... a Rita também não... qué ouvir o benfica! Nã há lugari? qué ir jantari fora... Achas que cabe? Assim as pessoas não conseguem entrar em casa...Mãeiii! O pai? foi-si imbora... É a sorte dos carros pequeninos... o meu não dava... (carro estacionado a dez metros do restaurante)

(conversas e comeretes)
Sabes, acho que o click já tinha dado há muito tempo... Ainda não tinha era surgido a oportunidade... É teu... Pero, pero, pero... Foi uma ponta de cigarro... Ficava noites sem dormir... Isto antes era um restaurante italiano... Não entres na cozinha... Happy Birthday to you... Qual gostaste mais? Passas-me a salada? É teu... Dá paz... É paz... Saiu-me a sorte grande... É a luinha que anda a beber do copo da mãe... Estou impressionado como ela se está a aguentar... É teu... Alfândega de Madrid... Quero um chupa... Toma, este é para amanhã... Deixa-te estar, que eu consigo passar... Bem, parecia uma tia... Quem fez? Fui eu... Deves-me cinco... Deves-me dois e meio... É teu... E tu, como estás? Não conhecia... Leio tudo... Queres ajuda? Gostas do restaurante? Dá um grande beijo ao teu pai... Tenho um carinho tão grande por ele... A luinha devia aguentar-se bem na disco... Bem melhor que nós... É libanês? Aquela música gira, canta lá um bocadinho... É teu... Não queria despir a camisola... Foi depois daquela entrevista aquando do Rock in Rio... O lápis verde? São ovos mexidos com farinheira... É teu... Quando é picante é mesmo picante... Com uma chapada caíamos para o lado... Não sabes quem eu sou? Ah! daí aquele post! Adorei o fim...

(a caminho de casa)
Olhaaa Mãeiii! A Lua! Tá cima dos pédios! Mãeiii... gosto desta música... (pum! adormeceu...)


Psst!
Parabéns Maria e obrigada pelo jantar tão agradável e rodeado de pessoas lindas, lindas, lindas...
Ritinha... Obrigada do fundo do meu coração...

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Acredito!

Medo? Não...
Preocupação? Não...
Mas ultimamente vejo tudo tão intensamente...
E vejo tããoooo longe...
Se me assusta?
Ainda não...
Acredito na geração da minha filha
Acredito na evolução e elevação deles...
Acredito que vão a tempo de mudar o tempo...
Acredito que crescem em amor...
Acredito que são superiores a nós...
Acredito quando olho para ela...
Acredito quando olho para os outros...
Acredito e mostro-lhe que acredito...
que confio no amor de todos...
Destroíem-me as notícias...
Os grandes que têm filhos
e que apenas pensam no seu tempo...
Mas acredito que os seus filhos...
vão ajudar a mudar as coisas a tempo...
Acreditar...
Acredito pelo brilho dos olhos nos pequeninos...
"Ainda vou mudar o mundo? Sabes como? Uma pessoa de cada vez" - Diz um dos meninos grandes mais doce que conheço...
Sabes, Menino grande, tens razão...
E é acreditanto que a mudança acontece...
Acredito e deixo-me flutuar...
flutuo com sorrisos e em paz...
Sabes porquê?
Porque cada vez mais...
encontro o brilho dos olhos dos pequeninos em muitos olhos de gente grande

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Pequeno longo murinho

Vês?
Sou eu...
Vá... não olhes para mim assim...
como que a analisar...
É um murinho temporário
levantado até recuperar...
Se é necessário?
É, pois...
Há-de ficar assim
até eu estabilizar...
Não te preocupes...
Sabes a muralha da China?
É mais ou menos assim...
Sinuoso e fluido...
mas baixinho para poder olhar...
As setinhas que vierem baixinho
não me vão incomodar...
e só com as que vierem de cima
é que me tenho de preocupar...
Se as vir e pressentir...
talvez tenha tempo de me baixar...
as outras?
não as posso controlar...
Até pode ser sinuoso...
mas deixo-me levar...
e enquanto o percorro
tento não me incomodar...

Sinto-me bem com o murinho...
até nele me posso encostar...
E vendo este lado, espreito o outro...
e a qualquer altura posso saltar...

Sinto-me protegida...
Sinto-me com forças...
Sinto-me longe e perto...
Sinto-me cheia...
Sinto-me mais...
Rio a valer....
Brinco...
e Sorrio mais...

domingo, 1 de abril de 2007

Ai!!!!

Descobri porque é que hoje não me sai nada de jeito!
É dia da mentiras e não me quero meter em sarilhos....
Só às 23horas deste dia é que me apercebi do dia em que estamos... Raios!!! Não aproveitei bem o dia! Sim... porque só neste dia é que podemos dizer mentiras... nos 364 dias que restam do ano não podemos pisar a linha... Ai! Isto hoje está bera...
Vou-me deitar!

???

Porque é que de repente me dá para escrever coisas tolas, quando a minha cabeça anda a Mach3 e o meu coração bate calmo e compassado?
Fase parva ou desinteressada? Uhm...
Em "Cartas a Deus", Maria João Seixas conta uma "Anedota" que diz o seguinte:
"O Presidente Clinton conseguiu ter uma audiência com Deus. Regressado do raro encontro, os mais importantes dirigentes do mundo dirigiram-se-lhe de imediato e perguntaram -"How is God?", era tudo o que queriam saber. A resposta que ouviram foi -"She is black".

??

Porque é que quando está frio chocamos mais uns com os outros?
Porque temos a tendência de andarmos encostados aos prédios para nos protegermos e quando dobramos uma esquina chocamos com quem vem de frente...

?

Porque é que as ideias luminosas tendem sempre a surgir quando conduzo ou quando estou no Winston Churchill?