sábado, 30 de maio de 2009

Se...

Se me desse ao luxo de ser eu pura, o que faria?

Dançar na rua porque me apetece
Passear sempre de mão dada
Ir para a praia e nadar nua
Galgar as ameias de um castelo

Namorar no topo de um monte
Adormecer ao relento sob o olhar da lua
Acordar de manhã iluminada por raios de sol

Vestir-me de branco e passear de barco
Balançar sobre águas limpas divertida
Cair no lago toda vestida
Erguendo-me rindo às gargalhadas

Atirar bolas de neve, rebolar no branco
Tomar um banho quente, enrolar-me na toalha
Aquecer-me junto à lareira, em conversas doces
De se eu fosse uma personalidade quem seria

Andar pela cidade à chuva
Beijar no meio da rua
Com cabelos em madeixas a pingar

Apanhar um comboio porque me apetece
Ir para ali porque é o caminho
Descobrir novas caras, novos mundos
Sem qualquer pressa de chegar

Andar em cavalo em pelo
Parar numa clareira e descansar
Montar o cavalo mais doce e voar
Até aquela casinha lá longe chegar

Estender-me na praia ao final do dia
Sentir a areia quente debaixo do corpo
Adormecendo quase voando
Enquanto o sol me beija os ombros

(aparentemente não parece muito dificil... mas...)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Thanks!

Quem me vê num almoço ou jantar
Quem me vê num café em qualquer lugar
Leva de mim risos e palhaçadas
Trocas malandrecas de olhares e palavras
Numa mistura explosiva de humor subtil
Saídas Naïf, Humor Inglês e Partidas
Trocadilhos a roçar o Burlesco
Risos exponenciados sem palavras
com expressões silenciosas disparatadas

Acima de tudo
Quem comigo está e partilha disparates
Comigo ri a bandeiras despregradas
E relembra-me no final de tudo
Que mesmo que existam lagrimas
Que mesmo que por vezes me ausente

Nasci, vivo e morrerei palhaça

Thank God!


Poucos me conhecem do outro lado
O das lágrimas, tristeza e saudade
Da transparência, romantismo e sonhador
Da doçura, da entrega e da serenidade

Mas também para quê serem muitos a partilhar esse lado?

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O > Bem

Existe um mundo paralelo onde a moeda de troca se chama amor, onde só é pobre quem não se dá e entrega, onde a taxa de câmbio não é apresentada em salas de mercados, onde nada se compra, nada se vende, nem se troca... partilha-se quando se sente.

O mercado existe, já dizia o CdaPluma, e também tem as suas flutuações, e acima de tudo nunca fecha, nunca!
Contém nos seus jardins um tesouro a céu aberto, sem cadeados, sem portas de chumbo, grades ou feixes.

O jardim?
O local onde todos passeamos...

O maior tesouro?
O maior bem da humanidade...
O mais brilhante
O mais cintilante e perfeito

A nossa existência, a nossa capacidade de sentir e amar, tudo, todos, sempre.... Inesgotável!


Inevitável:
A existência de mercado negro :S

domingo, 17 de maio de 2009

Custa…

O tendão parte mas dói enquanto rasga
O tronco abre-se a meio rompendo a árvore

Não há palavras…
Mau pressentimento que sinto…
Para mim, apenas em mim…

Bons pressentimentos para alguém...
hoje algures um rebento de árvore nasce

Deixai-me ser egoísta e ficar assim…
por momentos triste…

Tudo passa…
Faz sentido…
Tudo morre, tudo nasce…

sábado, 16 de maio de 2009

As respostas

Todas as palavras que hoje me apetece escrever quase que são obrigadas a passar pelo passador.
Tira as natas, passa o leite... Então, para quê escrever? Se são as natas que me fazem debitar neste blogue com todo o fulgor.

Com o coração e a cabeça em gigante conflito, os dedos continuam a dedilhar o teclado sempre com a interrogação: Publico?

Gostava de entender como me sinto. Se calhar nem é o como me sinto que me deixa desconsertada. Se calhar é o que fazer e não fazer, o ficar mais ou menos aliviada.

Assolam-me questões como prioridades, necessidades da vida. Procura de significados em padrões inquestionáveis que me perseguem. Sinais, tantos, que não entendo...

Tantas perguntas...Sempre com a resposta na ponta da lingua. Mas... as respostas assustam-me pela falta de tomada de decisão e firo-me.


As Respostas:

"Sim. Escreve... e sem passador! Este espaço é teu e não de ti para os outros."

"Sim. Olha para e por ti e segue a tua vida, dá-te espaço e mima-te."

"Sim. Não podes obrigar ninguém a ver o mundo como vês. Todos têm o seu caminho. E se por algum motivo estiveres no meio desse caminho, até o teu silêncio poderá ser importante."

"Sim. O teu coração é gigante, mas não deixes que falte espaço para ti."

"Sim. Não deixes que te façam sentir pequenina. Não o és... de todo"

"Sim. Liberta-te do que te fere. Está apenas e só nas tuas mãos. És prova viva de que o consegues... Sobrevives com brilho à minha ausência fisica e não imaginas o quanto me orgulho disso. Todos os dias demonstras o quanto me amas com o teu sorriso e com o teu amor pela vida. Força meu Amor..."

"Pois se calhar não. Mas não chores... És tão bonita... E se não for nesta, há-de ser numa outra vida."


"E sim, minha filha... Leio-te todos os dias, mesmo quando não escreves... E quando pensas que não estou contigo, toco piano nos teus dedos para te dizer que estou aqui, para te dizer -Não desistas-, para te dizer que te amo, que és a minha vida. Nunca te permitas deixar de acreditar. Porque também eu preciso de ti, para manter-me vivo na tua vida, para continuar a fazer parte do teu caminho, para manter o nosso amor vivo e saudável nos nossos corações, em comunhão e perfeita sintonia como sempre o fizemos."

terça-feira, 12 de maio de 2009

Quando...

Todos seremos culpados de tudo
Se formos culpados por existirmos
Se a nossa existência é culpa
Então porque existimos?

Se calhar para descobrir
Que Ninguém tem a culpa
Que a culpa somos nós que fabricamos
Para explicar o que não conseguimos

Tem sempre de existir um bode expiatório
Porque assim o exigimos
Porque não nos damos ao trabalho
De procurar a sua origem

Quando te derem um presente, não devolvas, agradece.
Quando te deres, não receies um não, se te deres de coração.
Quando obtiveres respostas não refutes, acredita.
Quando te doer, permite a transfusão de litros de amor
(afinal é o único curativo sem contra-indicações, desde que não contaminado na origem)

O soro da minha verdade
A transfusão de amor contínua
É o elixir da minha vida

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Pino

Faz hoje um ano que partiste

Guardei estes dias para ti, para me sentir mais perto de ti, para te homenagear em todos os meus pensamentos mas o mundo quis que a minha mente se entristecesse com tudo menos contigo. O mundo não me deu tréguas, cobrou-me um fim-de-semana de triste, de distância, de incapacidade, de desilusão e de resistência mostrando-me que não sou eu que o carrego, sou sim um dos seus muitos pesos.

Olho para o meu corpo em pé, e percorro-o até aos meus pés. O que falta?
Olho por cima do ombro, e espreito os últimos doze meses. O que fiz?
O que mudou? O que criei? O que não fiz?
O que falta, não sei…
O que fiz, tanta coisa…
O que mudou, o mundo em mim…
O que criei, já me esqueci…
O que não fiz? Ainda vou a tempo de fazer?
E será que vou conseguir?

No ano passado, uns três meses após a tua partida sentia que não havia nada que não conseguisse… Sentia-me capaz de amansar leões, conquistar o mundo unicamente com a minha maneira de ser… Forte cheia de brilho…

Hoje questiono-me. Será que tenho de continuar a lutar ou apenas deixar-me levar?

Sei que estás aí… aliás, aqui… há muito que deixei de questionar…

Ficas desiludido se te disser que hoje me sinto fraca? Não triste, fraca…
Pusessem-me hoje um desafio, desistiria mesmo antes de começar…
Parece que ando acompanhada com uma bomba de ar…

Queria que estivesses aqui fisicamente.
Queria encostar a minha cabeça no teu colo, que me mexesses no cabelo e em silêncio me deixasses assim ficar.
Queria que me dissesses que está tudo bem, que quando me faltassem forças para lutar bastava no teu colo descansar.
Queria que me relembrasses tudo o que me ensinaste neste último ano. Não me esqueci, mas nos últimos meses parece que voltei apenas às aulas teoria, esquecendo-me das aulas práticas.

Queria que me dissesses que o meu coração não está enganado… para ir à luta e não ficar sentada.

Porque neste momento é só isso que me apetece. Ficar sentada a ver o mundo passar.
Porque neste momento algo me diz que tenho de por o meu melhor sorriso e lutar.
Porque estou fraca e com o mundo de pernas para o ar, baralhada, sem saber o que procurar...

Se procuro sentada, ou a andar...

sábado, 9 de maio de 2009

... daqui

Aproximação lenta
Reconhecimento da íris
Permissão de entrada para um abraço

Encontro de olhos
Encosto de testas
Ninho de braços
Almofada de ombros
Mimo de cheiros
Num terno e único abraço

Sentar lado a lado
Encosto de testa no regaço
Um beijo de esguelha na testa
Que se fica, prolonga
de olhos fechados
Enchendo de beijos, de abraços
todos os pensamentos
Afastando por momentos
todas as guerras
Apaziguando no silêncio
todos os combates

Com mimo
Sem necessidade de permissão
Um aninhar no colo
Brincando em silêncio
Em carícia
fios de cabelo
Contornando em reconhecimento
de olhos fechados
maçãs do rosto
Sobrancelhas, recorte de lábios
Velando por um sono
Em paz, aninhado, protegido, descansado…

Abraço-TE...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Céu estrelado

A duas mulheres cheias de garra
Que resolveram partir no mesmo dia
Que mostraram ao mundo o que é coragem
Que a vida se faz de sorrisos e de alegria

Mesmo quando a vida se torna madrasta
Relembrando-nos nos nossos maus momentos a sua energia

Brindo às duas…

Por nos relembrarem o que é lutar
Por nos mostrarem o que é importante
Por serem bonitas e gigantes

A vossa estrela brilhará para sempre no coração de quem vos ama

quinta-feira, 7 de maio de 2009

(continuação) ou não?

… é porque se calhar não era para escrever…
Certo?
O que vi e senti, foi para mim e não para os outros.
E até mesmo isso, de certo não quererias que tivesse visto ou sentido.
Então porquê partilhá-lo?
Certo?

A ausência de vontade de escrever, foste tu…
Para que não me pudesse arrepender por corromper a tua imagem…
Aquela imagem que por amor abraço mesmo com dor.
Aquela imagem que mais ninguém compreenderia e se prenderia esquecendo o resto da tua vida, todo o teu fulgor.

Sim pai…
Estás certo, mais uma vez...

Mas acredita… Por muito que me sinta forte e que sinta este último ano brilhante, incandescente de luz e descobertas, olhando-o com um brilho gigante no olhar, cheirando-o intensamente, saboreando-o com mais prazer, tocando tudo como se fosse a primeira vez, como se todos os meus sentidos duplicassem, absorvendo tudo ao par. Por muito que me defenda do estigma do um ano, estes dias moem em countdown até ao dia onze deste mês. Como se estivesse em trabalho de parto… sempre na esperança de que com a passagem destes dias me ultrapasse, renasça outra vez…

terça-feira, 5 de maio de 2009

Amanhã

Vou fazer como habitualmente faço. Começo com uma série de questões, deambulo em palavras, deixo de me questionar das primeiras questões, que entretanto deixam de ter importância com o aparecimento de novas questões do seu resultado. É nesse momento em que começo a falar contigo, é esse o momento em que perguntando automaticamente recebo a resposta. É nesse momento que me apercebo que as coisas são verdadeiramente simples e que mil perguntas não se resumem a mil respostas, mas sim a uma única resposta. É nesse momento que satisfeita com o resultado me pergunto sempre: Será que fui eu que escrevi? Será que escrevi sozinha?

No outro dia escrevi sobre o limbo, carros funerários e ambulâncias, como se a exorcizar os meus sentimentos, em busca de sossego. Se resultou? Hoje quando uma ambulância passou por mim, achei que sim.

É por isso que hoje escrevo, numa nova tentativa de expor o que me fere, e que me fere faz amanhã um ano. Os únicos momentos do meu pai que me fazem sentir verdadeiramente triste. O primeiro dia dos seus últimos dias antes de partir. Mórbido ou não, é necessário. Relembrá-los com a esperança de me deixarem triste apenas e só mais uma vez. Imprescindível para cumprir a sua sempre vontade: Relembrá-lo bem e feliz.

Entretanto com as mãos apoiadas na base do computador estico os dedos sobre o teclado, olho para o brilho que sai do monitor como se a arranjar coragem para escrever…

Tenho o dedo golpeado por vidros partidos

A Joana, como estará a Joana…

E a tia Maria Helena, como estará…

Vou dar uma volta e já venho…


Volto… não me leio

Escrevo… Já alguma vez mencionei que é no meio de uma divisão supostamente fria, que escrevo? Tenho escritório, espaço na sala, mas é na cozinha que escrevo, trabalho nos meus exceis, organizo as minhas fotos e me envolvo nos meus projectos. Manias…

Vou comer…

Escrevo amanhã...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Quando a chuva passar

"Pra que falar?
Se você não quer me ouvir
Fugir agora não resolve nada...

Mas não vou chorar
Se você quiser partir
Às vezes a distância ajuda
E essa tempestade
Um dia vai acabar...

Só quero te lembrar
De quando a gente
Andava nas estrelas
Nas horas lindas
Que passamos juntos...

(...)

Quando a chuva passar
Quando o tempo abrir
Abra a janela
E veja: Eu sou o Sol...
Eu sou céu e mar
Eu sou seu e fim
E o meu amor é imensidão..."

Ivete Sangalo

domingo, 3 de maio de 2009

Ser mãe


Amor de Mãe

O teu parto não foi simples.
Entre anestesia e cesariana não soube qual seria a sensação de nasceres de dentro de mim. Soube que te tiraram dentro de mim, ouvi o teu choro mais ao longe, apareceste em segundos já embrulhada e com um gorro na cabeça, e mostraram-te sem te porem no meu colo, dizendo-me: “Aqui está a sua filha. É uma bela menina, quase parece ter um mês”. Depois lembro-me de pouco… No recobro, ouvia um choro e disse à enfermeira que era a minha filha. Garantiu-me que não era e teimei que eras tu, e não outra criança como ela afirmava. Saiu da sala e voltou contigo como se carregasse uma toalha de praia enrolada debaixo do braço. Eras tu, cheia de fome… Afastou-me a bata, colocou-te no meu peito e disse-me para te dar de mamar. Perguntei:
- Como?? Não sei como fazer…

E de um momento para o outro já te saciavas, sem eu nada fazer, enquanto te olhava e me perguntava quem eras tu…

Quem eras tu que me fazias ser de uma maneira diferente
Quem eras tu que de repente mudavas a minha vida
Quem eras tu que saíras das minhas entranhas e que me fazias olhar-te, cuidar-te e proteger-te como se não houvesse mais nenhum dia pela frente.

E passaram-se horas, dias, semanas, meses e anos e o olhar com que te olho hoje é mais intenso e mais apaixonado que ontem, que há uma semana, há um mês e há já cinco anos.

A sensação de ser mãe é assim, amar em crescente, mas em constante lua cheia, num brilho intenso de sol que nunca é demais, que nunca queima.

Ser mãe é compreender o amor da nossa mãe, que nos permitiu por nos dar vida, saber e sentir como é grande o seu amor por nós.

Olhei para ti, mãe e perguntei-me se o teu amor por mim era assim, maior…
Olhei para a nossa menina e comentei-me “Que pergunta tão sem sentido”.
Amor de mãe não se explica, não se quantifica, é infinito, maior que qualquer coisa que se explica, maior que o universo.

Para ti mãe, que és a mãe mais bonita, mais dedicada, mais querida e mais forte do universo:

Um FELIZ DIA DA MÃE !!!