segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Truz! Truz!

Hoje os teus olhos azuis fizeram Truz! Truz! à minha porta...

Hoje a lembrança dos teus olhos azuis raramente tristes
trouxeram à tona a saudade gigante que em mim existe

E senti-me por momentos igual à tristeza dos teus olhos
nos meus olhos castanhos que raramente estão tristes


Num momento apenas nosso, onde olho para dentro de mim e aguardo que me digas:

"Vês? É disto que não quero que te lembres e se por um algum acaso te lembrares, que seja para perceberes que esses pequenos momentos tristes que tive, foi por sentir sem o saber, que a terra já não era o meu o lugar. Agora, deste lugar, já não preciso de esperar pelo fim do dia para te encontrar. Vejo-te durante o dia, aconchego-te a roupa à noite, apareço para te afuguentar os sonhos menos bons e, sem o saberes, para te aconselhar. Eu sou o teu coração e os meus olhos apenas estão tristes, raramente tristes como dizes, nunca por desilusão, mas por ver que por algum motivo o teu coração, onde habito, fica apertado. Não deixes o coração apertar por mim, porque eu estou aqui...
Não te esqueças...
Ninguém merece as tuas lágrimas...
De ti o mundo quer sorrisos, que ilumines salas, enchas espaços frios e vazios.
Eu apenas quero ser um dos grandes motivos para a existência constante desse teu lindo sorriso. Já te disse que tens um sorriso bonito?"

Foste tu ou eu que escrevi?

domingo, 28 de setembro de 2008

Tchim Tchim!

São 01:40 e não me fui deitar (enganei-te!)
Nem vontade tenho de tomar o excêntrico pequeno-almoço da uma da manhã.
Marca-me uma leve queimadura no peito e um telefonema subitamente interrompido.
E da mesma forma que as nossas conversas correm a mil, sem nunca se esgotarem em conteúdo e sensações, encadeando-se subtilmente em assuntos mundanos ou transcendentais, a minha cabeça encontra-se numa montanha-russa de pensamentos distantes e o meu coração numa paz constante.
Dirás - "É natural..."
Respondo-te - "Aliás, nenhuma outra sensação faria sentido"
Dirias... Desculpa! não dirias nada, rias-te!
E eu no meio do sono que me carrega as pálpebras, ria-me contigo.

Existem horas preciosas, que nos trazem o fascínio da adolescência, a pureza da infância e o encontro do conhecimento com a velhice.

Eu, brindo a isso! A muitas horas de vida transversal cheias de sorrisos!


(vês... a vontade de escrever aparece, quando existem motivos para isso... dos mil e 1 drafts este tenho a enorme honra de carregar em "Publicar". À tua!"

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Fórmula Viva

Tira de todo um dia
a coisa mais positiva

Não quantifiques, não faças contas
nem de somar, nem de subtrair

releva apenas o pior
e anota, anota sempre

tira do mau o bom, exponencia o melhor
e o teu saldo ficará, sempre positivo

Porque o lucro existe em diversas formas,
e em alguma vertente, para ti, ele existe sempre...

tudo depende da forma como olhas, ouves e sentes
tudo depende do que queres ver, ouvir e sentir
tudo depende como assumes o teu caminho e vives a tua vida

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Espiral

Alguém fala por mim
quando não sei o que dizer

Alguém aparece antes de adormecer
para não me deixar cair em tentação
dos sonhos que me sinto incapaz de
de um dia tornar capaz de viver

Alguém sente as minhas lágrimas
aquelas que de dentro não saiem
e me grita "Ei! Tu consegues!"
minimizando os momentos fracos

Alguém me põe a mão na cabeça
abre-me os olhos, e faz-me olhar
para dentro, escutando o coração

Alguém me olha de longe
e sente-me longe tão longe...
Inalcansável...
Quando estou...
perto, tão perto...
dentro, tão dentro...
entrelaçada, fundida, unida
sempre, para sempre
em espirais multi-colores
num espaço infinito
de purpurinas coloridas

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

I can still recall...

E é nestas alturas que encho a boca para dizer que ADORO o filme Mamma Mia. Alguns acham-no ridiculo, eu acho-o precioso, pela alegria que traz à minha vida. Porque ri, chorei de emoção com a interpretação de uma das minhas músicas favoritas "Dancing Queen", embalei-me de momentos doces que guardo a sete chaves ao som de "Our Last Summer", arrepiei-me com a interpretação da Merryl em "The winners take it all" e ri-me a valer com os 'meninos' no final.

No carro passa sem parar o "Dancing Queen" e o "Our Last Summer" e sinto-me viva a valer. Se os outros condutores me acham doida, paciência, porque me divirto e enceno a coisa o melhor possível, tendo em conta as limitações da condução.

Entrada directa para a prateleira dos filmes preferidos da minha vida, junto com "La vita è Bella", "Em nome do Pai", "Meet Joe Black", "Braveheart", "O clube dos Poetas Mortos", "Os intocáveis" "Moulin Rouge", "The GreenMile", "Possession", "Jerry Maguire", "Dirty Dancing", "Goonies", "Annie", e como não podia deixar de ser o "ET".

Honey, Honey!

sábado, 13 de setembro de 2008

Onde está o estojo?

À falta da longinqua sensação de mais crescidinhos juntarmos duas cadeiras para dormir aninhados e repararmos que já não há espaço, cresci... caio daqui.

À falta do estojo vermelho cheio de compartimentos, que num dia de Natal tive a felicidade de receber, e que hoje queria dar à minha filha como uma passagem de testemunho, e revirando a casa do avesso fico irritada comigo e com os meus vaipes esporádicos de extrema organização, que me fazem desesperar à procura daquilo que um dia tive a infelicidade de guardar tão bem. Que raiva... não o encontro...

À falta disso, decidi meter numa caixinha tudo aquilo que um dia quero passar para a minha filha. O estojo? Compro-lhe um do género assim que o bolso me permitir, não envalidando o dia feliz em que o descobrir. De certo ficará feliz, felicidade essa que nunca chegará aos calcanhares da minha.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

É aqui!

A descer uma estreita estrada, curva após curva e no meio do nada, avisto umas casas pequenas ao fundo de um vale e do meu lado esquerdo pelo meio da vegetação começa a surgir o primeiro jazigo antigo que vi em toda esta viagem de regresso às terras dos meus antepassados. Um cemitério onde algo em mim me fez parar de imediato o carro, mesmo antes de visitar Navalho. Não sei em quanto tempo me pus à sua frente, mas para mim foi num ápice. Em segundos estava de frente para o jazigo e olhei para a única campa antiga que estava ao seu lado. Sorri de felicidade. A minha mãe ainda a entrar no cemitério perguntou-me se tinha encontrado alguma coisa. Respondi-lhe provavelmente com o sorriso mais feliz do mundo “Está aqui!”. Conhecemos a Tia Maria com quem logo fizemos amizade. Não era natural do Navalho. Contou-nos que depois de vir de Angola foi viver com o marido para ali e mesmo depois da sua morte, no ano passado, por lá continuava. Senhora doce, sozinha e pronta a ajudar qualquer um que lá passe. Disse-nos que nos ía apresentar à senhora mais velha da aldeia, de 94 anos, que nos poderia dar algumas informações para encontrar as casas de família dos meus avós. A minha mãe e tia levaram-na de carro até à aldeia e eu fui sozinha a pé.


Não sei explicar todo esse caminho até chegar à entrada da aldeia. Desci sorrindo, imaginei os meus avós ainda muito jovens, sem saberem o que o futuro lhes reservava a encontrarem-se naquele caminho e a percorrerem-no. Não vi as suas faces, as suas vestes, mas achei-os elegantes e sobretudo sei, tenho a certeza, que sorriam. Pela primeira vez e depois de ter visitado tantas aldeias, senti-me a chegar a casa, absorvida por tudo o que me rodeava.

Nem a visita a Murça, local onde o meu pai nasceu por acaso e onde por lá esteve apenas um mês de toda a sua vida, me fez sentir assim. Em Navalho nasceu a grande maioria dos meus avós, bizavós, trizavós, tetravós e sabe lá quem mais…

Sabia pelos assentos de nascimento que o meu avô tinha nascido na Rua da Igreja e a minha avó naquilo que interpretei como Rua da Farinha. A Rua da Igreja era a rua principal e de Rua da Farinha não havia qualquer sinal. Não poderia saber quais seriam as casas. A Tia Maria, senhora de 78 anos, levou-nos a percorrer toda a aldeia que ao caminhar era bem mais extensa que aquilo que se previa do cimo do vale. Mostrou-nos a aldeia, contou-nos algumas histórias e no final da rua desemboquei numa linda e arrebatadora vista do vale.



De volta para trás a caminho de casa da Dona Carlota, a senhora mais velha da aldeia, passámos por uma rua chamada da Terrincha e prendi-me ali. Só poderia ser ali. Mas qual casa? Mais tarde em conversa com a Dona Carlota perguntei-lhe pelos apelidos dos meus avós e ela explicou à Dona Maria quais eram as casas, que há muito não eram da família, mas que se lembrava de ouvir falar que lá viveram durante muitos anos. Fomos vê-las… [não consigo deixar de sorrir enquanto escrevo isto] A casa da minha avó, como a Dona Carlota dizia era na Rua da Terrincha, no cruzamento com a Rua da Igreja, e a casa do meu avô, na Rua da Igreja mesmo em frente do cruzamento com a Rua da Terrincha, virada para a casa da minha avó. Ambas estão abandonadas, uma delas (a do meu avô) em obras de restauro, mas são as casas dos meus avós.

Casa da minha avó

Casa do meu avô

Casa da minha avó virada para o portão da casa do meu avô



A Dona Maria convidou-nos para sua casa, para comer do seu presunto e queijo de ovelha. Sozinha, senti-a feliz, com os olhos brilhantes de lágrimas, por estar acompanhada, por ter com quem falar. Contou-nos da sua vida e fez tudo, no meio da sua casa pobre, para nos agradar. Pedi-lhe a morada e prometi-lhe que lhe escrevia e lhe enviava fotografias da nossa visita. Metemo-nos à estrada não sem antes nos despedirmos imensas vezes da Dona Maria. Ainda não tinha saído dali e já estava com saudades. Já a subir o vale, depois de passarmos pelo cemitério quis parar para fotografar a imagem do caminho que me havia preenchido. Voltei debaixo de um sol intenso que queimava, toquei na terra e agarrei na pedra mais brilhante que encontrei.
Sem o dizer sei que pensei que um dia ainda ali voltarei. Até lá, guardo a pequena pedrinha em troca do pedaço de coração que lá deixei ficar.


Curiosidades: Chegada ao hotel agarrei no portátil e fui ler de novo o assento de nascimento da minha avó. É Rua da Terrincha, sem tirar nem por. Eu e a minha mãe agarrámos felizes no braço uma da outra como se acabássemos de tirar a última teima daquilo que já havíamos sentido.
Nota: Nunca conheci os meus avós paternos. Se hoje fossem vivos teriam 133 e 131 anos. Esta caminhada foi por mim, para o meu lindo pai e para eles.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Venham...

Existem paraísos na terra, onde gentes hospitaleiras me presenteiam com simpatia, humildade e simplicidade. Sítios que parece terem parado no tempo e que pedem para que os vejam, como se a dizer:
Venham! - tragam as vossas crianças, mostrem-lhes o bom de mim. Ponho-me bonita, para que o mais puro me reconheça, para que o mais puro a mim volte e me faça sentir ainda mais verdejante e também eu criança.
Assinado: Uma montanha


Entre a aldeia dos Vales e a aldeia de Franco (Valpaços)



Pic: Skywalker

domingo, 7 de setembro de 2008

Inesquecível 2

E outros onde a ternura aquece

Romeu
Restaurante "Maria Rita"


Pic: Skywalker

Inesquecível

Há lugares inesquecíveis e este é um deles



Castelo de Bragança à noite


Pic: Skywalker

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

UM DIA

Um dia vou seguir um impulso forte e levar gente comigo
Um dia vou percorrer um outro mas meu caminho
Um dia vou deixar ser puxada pelo que me puxa
Um dia vou deixar de contar os dias porque o dia chegou
Um dia vou de encontro às minhas raízes

HOJE É O DIA !

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Frases que ficam

tens dois "pelos" - eu, sobre a palavra repetida "pelo" num texto;
a aceitação é necessária naquilo que não controlamos - LRS depois de um almoço;
também foste ao meu algarve? - pequena lua a meter conversa num jantar de 'crescidos';
estava por aí... - Russo
o Mamma Mia estreia hoje - tanta gente
o Natal este ano é em Évora, na quinta - Tias (que bom...)
Tens mesmo a quem sair - Maria

Sabes, tenho de te dizer isto, ainda hoje o disse às tuas tias. Tenho muita sorte, e vou-te dizer porquê, por ordem de chegada. Tive os melhores pais, tão bons comigo. Tenho os melhores irmãos que poderia ter na vida. Tenho muitos, bons e sempre presentes amigos. Tive o melhor dos maridos, que me dedicou a sua vida e foi o meu melhor amigo. Tenho uma filha amorosa por quem tenho uma enorme admiração. E tenho... uma neta linda, linda, linda. - Mãe

E eu mãe, depois das tuas palavras digo-te, que bom é estares aqui comigo. Que bom é ouvir-te a sentir isso. O pai, acredito, está neste momento a sorrir. E eu, sorrindo, penso e relembro-me da sorte que tenho, por passar 33 anos da minha vida rodeada pelo amor que dizes.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

momentos

Tudo tem o seu momento, o seu auge, o seu sentido num momento único no meio de tantos momentos na vida. Ainda há pouco, questão de umas horas, fazia todo o sentido falar sobre o Nesquik em pó, Ucal de chocolate, Nestum com mel e fabulosas e abusadas torradas de pão alentejano a transbordar de manteiga, num dia de inverno, e todas as recordações e aconchego que isso traz. Mas o que aqui escrevo ainda com deleite não tem o mesmo impacto, detalhe e sentido das palavras, linhas, segundos sentidos e histórias que ainda há poucas horas senti tanta vontade e necessidade de escrever. A minha amiga almofada que anda sempre às avessas com a minha impulsividade, também ela minha amiga, quando consegue apanhar os meus desalinhos é a minha melhor aliada na resolução dos meus nocturnos castigos. Descobri que a almofada é o tempo, e o tempo que me oferece para me encontrar em mim. Tanto me ajuda a minimizar as origens da minha impulsividade, reduzindo o fogo, a paixão, a direcção que sinto, como me tira o brilho e o fulgor dos momentos impulsivos que me preenchem a vida. Gosto dela, mas apenas para me organizar e quem sabe, partilhar aqueles sonhos que só ela sabe. É conselheira, é amiga confidente e silenciosa dos meus desejos e vontades mais escondidas. É por isso que não gosto de deixar nada por dizer e resolver durante o dia. Os momentos, sempre únicos, são para ser vividos acordados, conscientes, com impulsividade e amor em quantidades mega industriais, para de noite, limpa, adormecer em sorrisos sem necessitar de organização ou conselhos, prolongando a intensidade dos doces e impulsivos momentos do dia, partilhando-os secretamente com uma amiga.