domingo, 23 de maio de 2010

Viragem

Estou em falta, sim...
Mas não tenho conseguido escrever...
Cada vez que me sento ao computador, os dedos parece que travam com pedal e travão de mão. E tenho aceitado mas também tenho tentado. Meia-hora antes de me sentar para escrever lembro-me que o tenho de fazer. Começo a pensar "Por onde começar? Tanta coisa mudou... Se calhar contar nada é a solução...". E penso naquilo que gostava de escrever, sento-me... e bloqueio... Porque, é tanta coisa, é tudo novo, e não assimilei nem metade.
O resumo da minha vida actual é extraordinariamente simples, mas todos os sentimentos que o contornam são tão únicos, são tantos que qualquer tentativa de expressão é insuficiente.
Estou solteira, a minha filha tem sido um amor, o meu ex-marido continua a ser uma pessoa extraordinária, os amigos-amigos continuam aqui, sinto-me mais forte, mas também me sinto a estagnar quando vejo o nosso mundo, o nosso país, a avançar de uma forma assustadora. E depois reflicto e foco-me naquilo que me prontifiquei em abraçar. Parar agora é exactamente aquilo que preciso e que tenho a obrigação de me dar.
Durante anos escrevi metaforicamente todos aqueles sentimentos que tinha que camuflar, para protecção minha, por protecção dos meus, e agora... já limpa, parcialmente resolvida, parece que não sei escrever de outra forma... sem máscaras... e parece que tenho de reaprender novamente a escrever.
Este post é o principio, o recomeço da retirada das camadas.
Ontem, numa esplanada ao sol, de frente para um lago no jardim zoológico, sem computador e com uma caneta e bloco acabada de comprarr na loja de recordações do zoo, fecho um livro e começo outro, apenas porque o outro ficou sem páginas para escrevinhar.
E desta vez... ao contrário de todos os caderninhos que iniciei na escola, vou começa-lo limpinho, organizado, sem saltar páginas e cuidá-lo. Mas espero nunca deixar de desenhar bonequinhos e corações...
E a este novo livro espero que aconteça magia... Por cada página noce que escrever, uma nova página em branco ser-lhe-à adicionada ao fim, limpinha.

1 comentário:

  1. obrigado por estar aqui.
    vou acompanhar cada página dessa mágica que toma começo agora. espero que páginas brancas sejam acrescentadas na medida dos dias, à espera do escrito e que o tempo seja longo e brando.
    a filha crescerá junto e os dias farão um elo entre a realidade e o pensar. deixa que o sonho também esteja presente. você e nós vamos gostar disso...

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