sábado, 11 de abril de 2009

Sporting

Digo que a escolha de um clube é feita pelo coração.

Não há razão, explicação lógica, apenas o coração, uma simpatia, um sentir que é ali que pertenço, talvez por historial de família, ou afinidade.

O meu coração é de Leão.

Com uma mãe do Juventude de Évora e um pai Sportinguista, não haveria decerto discussão.
Sempre me dei mais com a família da minha mãe, por serem mais chegados, por terem incutido o espírito de família. A família da minha mãe é maioritariamente Benfiquista. Os meus primos, companheiros de brincadeira em todas as imensas reuniões de família, também. Não me lembro de sequer questionar a minha escolha, mesmo quando era a única no meio de vários netos ferrenhos do Benfica a pertencer a um clube diferente.

Da família do meu pai, sempre fui mais distante. Não por questões de coração, porque sempre senti uma grande ligação e carinho, mas por não existir aquilo que me unia à família da minha mãe, o espírito de família, a necessidade de reunião. Esta família, que viveu no início do século XX na Avenida da República, era maioritariamente Sportinguista. E se houvesse alguma dúvida da escolha, o meu primo direito Fernando Vaz, eliminou qualquer indecisão no momento em que ingressou no Sporting, o seu clube de coração. Começou como treinador-adjunto de Cândido Oliveira no Sporting, passou pelo Belenses, Setúbal, Guimarães, Braga, FC Porto, Sporting novamente, Setúbal, voltando ao Sporting novamente para o ajudar a conquistar o titulo de Campeão Nacional numa das mais brilhantes e campanhas da história do Sporting, conquistando na época seguinte a sua terceira Taça de Portugal. Não tenho qualquer dúvida que mesmo que o seu percurso tivesse sido outro, a minha escolha seria a mesma.

Recordo o filme “O Leão da Estrela” como a imagem do futebol saudável, onde todos os jogadores jogavam por prazer e amor à camisola, onde todos tinham uma profissão para além do futebol, onde cada vitória sabia melhor e cada derrota era mais amarga e dolorida porque para além da derrota do clube, os adeptos sofriam pela tristeza dos seus jogadores. Hoje é mais os prémios de jogo, os objectivos de um clube, e os vencimentos que os jogadores têm que os fazem lutar. O amor pelo clube parece não interessar. Por esse motivo tenho uma grande estima por jogadores deste tempo como o Pedro Barbosa (SCP) e o Nuno Gomes (SLB). Pelo amor à camisola…

Sempre fui ferrenha do Sporting e “inteligentemente” simpatizante do Benfica. Tudo o que diga respeito à cidade de Lisboa é bom para mim e obviamente por ter passado quase metade da minha vida rodeada por benfiquistas.

Penso que comecei a desinteressar-me pelo futebol com a abertura do espaço Chenguen, a seguir à primeira vaga (o brilho) das avultadas e galácticas contratações.

No entanto, hoje, sem qualquer explicação, com olhos de águia e sempre coração de Leão, quase nem preciso que me digam de que clube são, a não ser que haja alguma indecisão. Há qualquer coisa que nos distingue, não sei como nem porquê, mas existe.


A minha princesa escolheu ser do Benfica e quando passa pela sua Catedral grita a plenos pulmões o nome do seu clube. Fico feliz por ter feito a sua escolha, mesmo que não seja o meu clube. Não interfiro. É dela. Mas fico mais feliz por ver que quando passa pelo estádio do Sporting também grita (menos entusiásticamente) o nome do meu clube, alheando-se a qualquer trica ou inflamação do grande Derby Lisboeta. Gritando apenas por ser o clube da mãe.

Coração puro Lisboeta.

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