segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Colégio

Não consigo descrever aquilo que senti assim que me sentei no carro.
Os olhos inundaram-se de lágrimas e a voz começou a sair tremida de tanta emoção.
Desde a alegria em chegar ao novo colégio da pequena lua, ao saudosismo de pensar que já foi o meu. Desde a chegada ao parque dos mais pequeninos, com música ensaiada onde, no outro lado, do lado do campo de futebol, os mais crescidos chegavam felizes uns atrás dos outros e a sentavam-se de "perninhas à chinês" e começavam a fazer coreografias com as mãos e com os braços. Pareciam anjinhos com aquelas mãos de criança a abanar e aquele jeito meio doce de trapalhão a balançar. Nos meninos mais crescidos não vi uma única lágrima, mas sim uma enorme alegria por voltar ao Colégio para mais um ano, mais crescidos e para rever os amigos. Tal e qual como eu me lembro. A pequena princesa largou logo a minha mão e foi de imediato balouçar-se freneticamente nos cavalos de baloiço. Completamente alucinada! A reunião dos pequeninos por parte das auxiliares e educadora começou a organizar-se e a minha pequenina ao aperceber-se tocou-me na perna e disse "Mãe... fica só mais cinco minutos...". Não pude evitar o sorriso. Não é que ela saiba o que são cinco minutos, mas sabe o tempo que demoram os meus "mais cinco minutos" para me levantar todas as manhãs. Lá seguiram os meninos para a sala, todos de mãos dadas com a educadora e auxiliares e a minha pequena comigo e com o pai de cada lado. "Não quero ficar aqui sem ti" dizia ela, "quero brincar contigo e com o pai....". Respondi-lhe que a íamos buscar e disse-lhe para ir ver o peixinho no aquário que se encontrava dentro da sala. Não se moveu e continuou a choramingar baixinho. Quando lhe disse "Olha vai ali para a sala para a mãe te tirar uma fotografia com os meninos" lá seguiu e não mais olhou para trás. Tirei a fotografia que me descansou... Num canto a grande maioria dos meninos já alinhados com a ajuda das auxiliares, num outro canto outro menino a olhar para a janela à procura dos pais e em grande plano um abraço ternurento da educadora à minha pequena lua. A ternura e carinho da educadora e a entrega em busca de mimo, abraçada e de pernas entortadas da minha linda princesa. Saí descansada, mas de tal forma emocionada que quando cheguei ao carro, o botão de descompressão activou-se e fiquei lavada em lágrimas.
Perguntei-me várias vezes ao longo do dia como seria que ela estava. E a sensatez descansava-me. Só me faltou contar os minutos para a ir buscar.
E fomos buscá-la e lá estava ela entertida a brincar com legos e a chamar à atenção da educadora para ver a sua obra de arte "Olha.... vês?". Portou-se bem, dormiu a sesta e comeu. Ao lanche lá conseguiu explicar o que era pão bom e lá lhe deram um pão seco, sem qualquer unguento ou acessório. "Bebeu três copos de leite" disse ela! Fez um relato delicioso e detalhado de alguns acontecimentos. Disse que brincou com os bébés. Perguntei-lhe "com quem?" e ela respondeu com a "nova amiga do colégio novo!". Falou da educadora e disse que é amiga dela. Falou dos três escorregas e por fim ao olhar para o canto do olho dela e ao ver que tinha uma nódoa negra perguntei-lhe o que tinha acontecido. Ela que passa a vida a queixar-se dos seus doidois respondeu "ahhh... foi um bébé mais piquinino que bateu em mim...". "Foi sem querer?", perguntei-lhe eu, "foi... ele é pequinino... eu sou grandi...". Sim, de facto ela é a mais alta de todos os pequeninos, mas ainda é o meu bébé...
Estou feliz, por ver que ela está bem.
Espero que seja tão ou mais feliz que eu no nosso colégio.

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