quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Amor à camisola

Estava a colocar as minhas novas plantinhas no vaso (vamos ver se é desta que aguentam) quando comecei a ouvir do cantinho da televisão a algazarra. Porrada (o meu pai sempre odiou esta palavra) em futebol é sempre aquela sensação inexplicável. Fiquei de joelhos à frente da televisão a ver pasmada a cena que se passava. Indescritível, inimaginável, tudo aquilo que não esperava. Sou fã de futebol e do Sporting. O Sporting Clube de Portugal corre nas veias da minha família (da parte do pai) desde sempre. A família morava perto do antigo campo do Sporting e um dos meus primos foi um dos últimos treinadores que levou o clube a vencer o campeonato antes da grande seca. Por ser sportinguista desde cedo aprendi a sofrer e a relevar as perdas de campeonato. Assisti a pelo menos 18 anos de seca o que fez com que em 1999 tivesse chorado de felicidade com a vitória.

Não sei se pela a educação, se pela minha maneira de ser, nunca criei raivinhas futebolísticas. O meu segundo clube é o Benfica e o terceiro o Belenenses.
Quanto ao futebol clube do Porto... depois de ver a claque a gritar "Queremos ver Lisboa a arder!", a simpatia que nutria pelo clube pura e simplesmente desvaneceu-se.

No entanto hoje sigo a primeira liga e a taça à distância. Vejo e por vezes vibro com o grande derby Sporting-Benfica (e vice-versa), vou apanhando os nomes dos novos jogadores e caso me cativem fixo-os, mas já não vejo o futebol com a mesma cadência e entusiasmo de há uns tempos atrás. A não ser com a nossa selecção, hoje já sem o Luis Figo, o Rui Costa e o Pauleta, um trio de ouro pela inteligência e elegância.

Gosto de futebol mas tudo o que gira à volta dele dá-me consecutivas voltas ao estômago. É isso que me afasta. É o julgamento precipitado das pessoas, é a parcialidade, é a rápida passagem do amor para o ódio. E é tudo aquilo que se passa e que não vemos. São as discussões longuérrimas sempre a girar sobre o mesmo tema, as quais não nos levam a lado algum por motivos de parcialidade, de sangue verde, vermelho ou azul. Lá está... o tempo vai passando e vou-me colando cada vez mais aos pensamentos do meu pai. Enquanto que a minha mãe há uns seis anos atrás não percebia nada de futebol (não sabia sequer o que era um fora de jogo) e agora trauteia os nomes dos jogadores de momento do SCP ou do SLB, eu afasto-me. Enquanto a minha mãe comenta os lances mais importantes do jogo eu fico a leste. O meu pai é da geração das bolas pesadas, dos cinco violinos, dos magriços. Mas ainda estava saudável quando começou a desligar-se do futebol. Comigo começou mais tarde... Quero apenas espicaçar o meu coração quando acredito. Como no jogo Portugal x Inglaterra no mundial de 2006. No futebol ultimamente pouco acredito. É impressionante como se odeia o Ricardo e de repente começa-se a amá-lo. É impressionante como o Scolari foi criticado na preparação para o Euro2004 e como saiu em braços no final do campeonato. Mais uma vez, ontem, voltou para o fundo do poço. Sem desculpas, nem acusações ao senhor, já que não vi todas as imagens nem ouvi o Dragutinovic, não o julgo, mesmo tendo ficado triste.
As pessoas parece que se esquecem...

Quase que aposto que se formos qualificados para o Euro e se conseguirmos uma boa classificação no campeonato (os quatro primeiros), o país vai-se encher novamente de bandeirinhas nos prédios, nos carros e gritar "O Scolari é o MAIOR".


Futebol é emoção, é amor à camisola. Eu visto a minha, a de Portugal.


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