domingo, 28 de outubro de 2007

My Moleskine in Transit (PT)


Existe sempre uma profunda atracção por tudo aquilo que é pequeno. A própria fisionomia dos recém nascidos assim o comprova. Os pequenes seres têm de ser redondinhos, com olhos grandes, narizes e orelhas pequeninas. Têm de aparentar fragilidade, pureza, perfeição, doçura, carinho para que os seus progenitores, jovens, adultos ou velhos desenvolvam uma tal atracção por eles que lhes provoque uma enorme necessidade de protecção. No entanto a natureza, sempre previdente, protege-os para a sua possível desprotecção dando-lhes unhas frágeis mas grandes e afiadas para a eventual necessidade emergente de defesa.

Atrai-me o pequeno em tudo. Crianças, crias, casinhas, aldeias, pequenas cidades, estradas empedradas, de terra batida, trilhos ainda por desbravar, pequenos aeroportos. Assusta-me o grande, o descontrolo, o salve-se quem puder e a desprotecção.

Quando olho para o nosso grande Mundo e o vejo como um conjunto de milhões de coisas pequeninas consigo ver a sua beleza, consigo admirá-lo e sentir que sou uma parte importante de todo o seu engenho.

Quando olho o mundo como um assustador e descontrolado gigante, sinto que ele nos move como peças de xadrez, alheando-se do nosso individual ser, ao seu belo prazer. Nesse momento, sinto-me como uma formiguinha adulta desamparada e desprotegida sem ter sequer o privilégio de ter umas unhas frágeis, mas grandes e afiadas para me defender.



Pic: myuh

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