domingo, 29 de março de 2009

Feeling Blue

Gosto de ficar assim às vezes…
Melancólica, aparentemente triste
Ouvindo pelos headphones músicas imponentes e tristes

Digo Triste, sem tristeza
sem qualquer mágoa
sem qualquer rancor
A palavra triste deixou de ter há já algum tempo
Para mim…
Uma conotação triste

Tristeza…
Os artistas de Jazz chamam-lhe de blues


Azul é calma
Reencontro com sentimentos escondidos
A descoberta da alma…

Azul é planar…
Numa doce e elegante viagem
Atravessando vários estratos de céu
vários estádios de emoções
Olhando de tão alto…
Vendo com olhos de falcões…

O mundo lá em baixo
Somos nós…
E o falcão apenas foca as presas
Os lugares escondidos dos nossos corações

Gosto de ficar por momentos assim…
Blue

Porque no meu blue sorrio para dentro…
Encontro a minha caixinha de emoções…
Acarinho os momentos doces
Reencontro recortes quase perfeitos
Do meu álbum de imagens e memórias
Impossíveis de encontrar no exterior

Feeling Blue é aconchegante
E mais aconchegante o é por sentir que em mim
na minha, intitulada por outros tristeza,
me encontro, me acalmo
e abro os olhos
com umas novas lentes



(há um ano quando começava a aperceber-me que a partida do meu pai estava para breve, ouvia enquanto escrevia os meus posts algumas músicas continuamente – Darcy’s Letter, Liz on top of the world, Stars and ButterFlies, That next place, Freedom The Execution BannockBurn. No sábado em que senti ser a última vez que veria o meu pai sentei-me à frente do computador coloquei em modo repeat a música ‘Freedom The Excecution BannockBurn e fiquei quase duas horas a olhar para o computador e apenas consegui escrever uma frase (Amo-te muito meu Pai). No dia seguinte soube que falecera e por alguns dias não ouvi música, não escrevi. Passada uma semana comprei o cd dos portugueses “Classificados” e durante um mês e caso raro, esse cd tocou ininterruptamente no meu carro. Eram as únicas músicas que conseguia ouvir. Não tinha tempo, nem me permitiam estar triste. Dei-me esse tempo até estar preparada para me sentir. Quando voltei a ouvir as músicas que me acompanharam durante os meus momentos tristes e de interrogação, ao invés de me deitarem deste pedestal abaixo, aconchegaram-me o coração, fizeram-me olhar para dentro, encontrar-me e aos meus. Hoje escrevo ao som de Darcy’s Letter e voo… São as nossas músicas… O nosso encontro longe dos olhos dos outros… Um lugar que ninguém invade… que é puro… que é meu e teu… e acalmo, sorrio, vejo o brilho e encaro o amanhã não como mais um dia, mas como um presente nosso para viver um amanhã pleno de bagagem interior, de recordações, aprendizagens e emoções. Um presente dos céus)

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