terça-feira, 13 de maio de 2008

Papi

E agora?
Onde está a mão fria, mas sempre quente, que me acariciava a face em gestos ternurentos e de admiração, com olhos azuis brilhantes, cheios, e palavras doces de "És bonita"?
Sentada ali, à frente de um corpo que não reconheço já como teu, a minha cabeça encheu-se de dúvidas, como em criança, quando voltávamos de festas em casas de amigos e te perguntava a ti e à mãe se me tinha portado bem. Portei? É que sabes... houve momentos ontem onde me senti feliz... E se calhar não devia... Não estava feliz por teres partido, mas feliz por tantos se reunirem em homenagem a ti, reencontrando-se ao fim de trinta e muitos anos ou conhecendo-se pela primeira vez. E que bom é ouvir que tu és uma pessoa excepcional... É que é isso que sinto... Bonito. E foi isso que te disse meu principe, na última vez que soube que me ouviste. Nenhuma palavra ou conjugação de palavras é suficiente para descrever aquilo que és. Sei que sabes que tens imperfeições que para mim sempre foram nulas, inócuas, sem valor... para mim sempre foste o culminar do perfeito... e a única palavra que poderia alguma vez te definir seria AMOR. Sinto-me cheia, preenchida com tudo o que me deste, sinto-me forte mas cada vez mais com mais questões... E hoje mais uma vez perguntei-te se me ouviste, se sentes o que sinto, se estás orgulhoso de mim... É que estou tão baralhada, vazia, feliz, triste e com o "E agora?" a martelar-me o coração de confusão ... sempre me enchi de certezas de amor infinito, sei que o teu amor se prolonga com o meu, mas questões maiores elevam-se e não estás aqui para me responder... e eu sinto-me tão vazia... e esforço-me em pensar que de algum lado me velas, mas não sinto o teu abraço, já não posso ir a correr para ti e encostar a cabeça no teu leito para receber festinhas... sinto-me forte mas tão triste... sinto saudades do teu cheiro, da tua voz, do teu sorriso encantador, dos teus olhos brilhantes cheios de vida...
sinto-te em mim mas tão longe daqui...
sinto tanto a tua falta...

Amo-te Pai

3 comentários:

  1. Um beijo na alma, minha querida...

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  2. Ao meu perdi-o em Janeiro. Como te compreendo. Um beijo partilhado.

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  3. momentos difíceis.
    não há dor maior, bem sei eu que por tudo isto já passei.
    primeiro é a dor e o desencanto com a realidade que lhe fere a alma.
    depois é o vazio para sempre.vontade de retorno constante a nos acompanhar os dias.
    mas é preciso sobreviver, seguir o rio da vida...

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